Ibovespa futuro busca recuperação e sobe após “tombo” pós-Fomc, mas segue de olho no exterior

A sessão é de ganhos para os índices futuros, mas mercado segue de olho no noticiário internacional

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após uma sessão de forte queda com o mercado reagindo mal ao Fomc, o Ibovespa futuro busca uma recuperação na sessão desta quinta-feira (20), mas segue pressionado pelo desempenho fraco dos principais mercados mundiais.

Às 9h25 (horário de Brasília), o contrato com vencimento em fevereiro tinha alta de 1%, a 86.965 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial fica próximo à estabilidade, a R$ 3,872 na venda, descolando-se do movimento dos contratos futuros da divisa, que registram queda mais expressiva após fecharem próximos à estabilidade na véspera. 

O índice futuro brasileiro acelerou os ganhos nos primeiros minutos da sessão, ajudados em parte pelo desempenho em Wall Street, em que houve diminuição das perdas também nos futuros americanos. Já na Europa e na Ásia, as quedas são ainda mais expressivas, uma vez que os mercados acionários estavam fechados quando saiu a decisão. 

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Ontem, o Fed elevou seu juro básico em 0,25 ponto porcentual pela quarta vez este ano, para a faixa de 2,25% a 2,50%, como era amplamente esperado. A autoridade monetária americana também reduziu sua projeção de novos aumentos de juros em 2019, de três para dois, mas os mercados vinham precificando a hipótese de o banco central americano não elevar juros no próximo ano,  à medida em que a volatilidade dá sinais de afetar crescimento mundial.

As falas do chairman do Fed, Jerome Powell, também não agradaram, ao apontar que a autoridade monetária estava satisfeita com seu programa para reduzir o balanço e não tem planos de mudá-lo. Os investidores vêem isso como um caminho de aperto monetário, uma vez que o Fed está reduzindo o balanço fazendo menos compras como títulos do Tesouro e hipotecas.

Também em destaque, o Banco do Japão (BoJ) decidiu manter sua política monetária nesta quinta, mas apontou riscos para a perspectiva econômica, em especial a postura de protecionismo comercial de Washington e Pequim.

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No mercado de commodities, o petróleo volta a cair forte com receio sobre economia global após reaver parte das quedas recentes na véspera. 

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RTI e CMN

A quinta-feira começou com a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação pelo Banco Central, que repetiu as sinalizações da ata do Copom de “cautela, serenidade e perseverança” para a política monetária.

O BC manteve sua projeção de inflação para 2018 no cenário de mercado., indicando  um IPCA de 3,7% para este ano. O porcentual é o mesmo verificado na ata do último Comitê de Política Monetária (Copom), que saiu na terça-feira (18). 

Para 2019, o cenário de mercado indica que o IPCA ficará em 3,9%, porcentual também igual ao visto na ata. No RTI de setembro, a projeção era de 4,0%. Já a projeção para o IPCA de 2020, pelo cenário de mercado, está em 3,6% – mesmo patamar previsto em setembro. No caso de 2021, o BC prevê inflação de 3,7%, ante 3,8% no RTI anterior. De olho no documento, a sessão é de queda nas taxas dos principais contratos futuros. A taxa de juros com vencimento em janeiro de 2021 cai 4 pontos-base, a 7,43%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 tem baixa de 7 pontos-base, a 8,69%. 

 

Já na reunião da véspera, o CMN (Conselho Monetário Nacional) autorizou o uso de LIG, LF em operações compromissadas. O objetivo é aumentar a liquidez e aprimorar o processo de formação de preços desses títulos, segundo nota do BC. A CMN também acabou com a trava bancária, mecanismo em que o recebível fica travado para a instituição financeira que concedeu crédito ao lojista.

Nos EUA , a agenda traz indicadores que não costumam ter tanto impacto nos mercados, como pedidos de seguro-desemprego às 11h30 e índice de indicadores antecedentes às 13h.

 

Toffoli derruba decisão de Marco Aurélio

Na noite de ontem, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, suspendeu a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, que permitia a soltura de todos os presos condenados em segunda instância da Justiça, atendendo a um pedido feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Com a decisão, a liminar (decisão provisória) de Toffoli terá validade até o dia 10 de abril de 2019, quando o plenário do STF deve julgar novamente a questão da validade da prisão após o fim dos recursos na segunda instância.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, elogiou a decisão de Toffoli pelo Twitter. A decisão do ministro Marco Aurélio Mello poderia beneficiar milhares de presos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril em Curitiba.

Por outro lado, outra decisão de Marco Aurélio, de que haja voto aberto na escolha do presidente do Senado, foi mantida, reduzindo o favoritismo de Renan Calheiros, enquanto na Câmara medida favoreceria reeleição de Rodrigo Maia, ressalta o Valor. Embora a decisão seja para o Senado, aliados de Maia entendem que ela se estende a todo o Legislativo.

Ainda no campo jurídico, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou na noite de ontem o presidente Michel Temer e mais cinco investigados ao Supremo pelos crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. 

Além de Temer, foram denunciados os empresários Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, sócios da Rodrimar; Carlos Alberto Costa e João Batista Filho, além do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures.

Orçamento de 2019 aprovado

O Congresso Nacional aprovou ontem o projeto de Lei Orçamentária Anual para 2019 com a previsão de receitas e despesas totais de R$ 3,381 trilhões para o ano que vem. O texto segue agora para sanção presidencial. Este será o primeiro Orçamento de Bolsonaro.

Aprovado em sessão conjunta de senadores e deputados, o projeto determina que R$ 758,7 bilhões serão direcionados para o refinanciamento da dívida pública. Do dinheiro restante, R$ 2,5 trilhões devem ser direcionados aos orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, e R$ 119,6 bilhões para investimentos.

A previsão da meta fiscal, deficitária em R$ 139 bilhões, e o valor do salário mínimo, reajustado para R$ 1.006, foram mantidos pelo relator conforme o texto enviado pela equipe econômica do governo.

Noticiário corporativo

O “combo” de decisões de Marco Aurélio Mello na véspera também afetou a Petrobras, dificultando a venda de seus ativos. O ministro disse que cabe ao Congresso, e não ao Executivo, legislar sobre licitações e contratações da Petrobras. A decisão precisa ser confirmada em plenário, em data ainda não marcada, na “abertura do primeiro semestre do Judiciário em 2019” e menciona possível venda de campos de petróleo sem licitação e potencial venda de refinarias da estatal. O Executivo estava atuando para vender ativos “da sociedade a preços vis e ao largo da legislação”, disse a decisão.

Já o Valor Econômico informa que, com a Boeing, a Embraer pode pagar dividendo de até US$ 1,7 bilhão. Na Gerdau, foi aprovado adiantamento para aumento de capital de R$ 1,1 bilhão. Na Ambev, uma subsidiária no Canadá assinou parceria para bebidas canabis e a Cielo firmou a parceria com Banco Original para oferta digital.

Por fim, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) promove hoje na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, o leilão de transmissão Nº 4/2018 para a construção, operação e manutenção de 7.152 quilômetros (km) de linhas de transmissão e subestações, com capacidade de transformação de 14.819 mega-volt-amperes (MVA).

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(Com Bloomberg e Agência Brasil) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.