Ibovespa firma queda após abertura das bolsas americanas com Fed no radar; dólar sobe

Investidores fogem do risco antes de encontro que pode selar o fim do apoio do maior partido da base aliada

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa firma queda nesta terça-feira (29) após a abertura das bolsas dos Estados Unidos, que começaram o pregão em queda. No radar desta terça, os investidores ficam cautelosos antes da reunião que pode selar o rompimento do PMDB com o governo hoje à tarde, o que aumenta a chance de que outros partidos menores também desembarquem, deixando o governo à mercê do processo de impeachment. Lá fora, o mercado aguarda fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen no começo da tarde, após diversos membros do Fed acenarem com um discurso mais agressivo no sentido de aumentar juros.

Às 11h27 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha queda de 0,48%, a 50.592 pontos. Já o dólar comercial sobe 1,19% a R$ 3,6687 na venda, enquanto o dólar futuro para abril tem alta de 1,10% a R$ 3,672. Com relação ao câmbio, hoje o Banco Central retoma o leilão de swap reverso, mas não o de rolagem, de modo que o dólar tende a subir. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 avança 3 pontos-base a 13,75%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra perdas de 5 pontos-base a 13,63%. 

Na avaliação de Daniel Ximenes Almeida, trader da Daycoval Investimentos, o mercado hoje corrige as altas recentes, com investidores realizando os lucros do rali do impeachment com medo do que vai acontecer a partir de agora. Para ele, a reunião do PMDB não vai fazer preço se o partido decidir realmente abandonar o barco porque é algo que todos esperam. “O que ninguém sabe agora é quais serão as políticas que o PMDB vai implementar se assumir o governo e quanto tempo o impeachment vai demorar para acontecer”, afirma.

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Encontro do PMDB
Com relação ao encontro do PMDB, qualquer que seja o desfecho da reunião da cúpula do partido, é preciso cautela na análise. Na avaliação de alguns especialistas, a permanência do partido na base do governo pode não ser uma boa notícia para Dilma Rousseff, assim como a ruptura não necessariamente fortalece o impeachment por si só. O fator de maior relevância no evento vem da observação do comportamento dos principais grupos internos da sigla. Se os peemedebistas optarem pelo abandono do barco governista sem o aval de uma maioria confortável, há riscos de rachas mais profundos e evidentes, que podem ser explorados pelo atual articulador político Lula. Esse cenário deixaria mais truncado o desfecho para o impasse político, mas dificilmente reduziria as chances de o impeachment se confirmar. Hoje, é para esse quadro que o mercado olha.

A reunião do diretório nacional do partido será presidida pelo senador Romero Jucá (RR), que é o vice-presidente da sigla. O encontro começará às 15h. Ontem, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (RJ), entregou o cargo, e de acordo com notícia da Bloomberg, deve ser seguido por outros quatro ministros do PMDB. Segundo informações do jornal O Globo, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ) não irá à reunião.

Temer avisou Lula de que PMDB já está fora do governo, diz Estado
Antes mesmo da reunião de cúpula do PMDB, o vice-presidente Michel Temer disse ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que o partido não tem qualquer possibilidade de permanecer no governo Dilma Rousseff. Segundo interlocutores de Lula ouvidos pelo Estado de S. Paulo, Temer teria dito que o rompimento está muito adiantado dentro da base do partido e é praticamente certa a saída hoje.

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Com o maior partido da base aliada saindo, a estratégia que será adotada por Lula a partir de agora é atrair setores do partido à revelia da diretoria, assim como foi feito em 2003, quando peemedebistas começaram a ser chamados para ocupar ministérios no governo do PT mesmo que o PMDB não fosse parte da base aliada. Ontem à tarde, o ex-presidente viajou a Brasília para conversar com parlamentares sobre um possível acordo.

Ações em destaque
Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes viram para queda. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,40, -1,13%), Bradesco (BBDC3, R$ 30,36, -0,39%; BBDC4, R$ 27,11, -1,56%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,90, -1,00%) operam em baixa. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CSNA3 SID NACIONALON 7,46 -4,36
 VALE3 VALE ON 14,67 -3,30
 VALE5 VALE PNA 11,10 -2,55
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 13,44 -2,04
 PETR3 PETROBRAS ON 10,45 -1,69

Já as ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,45, -1,69%; PETR4, R$ 8,38, -0,71%), seguem em queda, refletindo os preços do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) cai 3,15% a US$ 38,15, ao mesmo tempo em que o barril do Brent tinha perdas de 2,86% a US$ 39,70. Ainda no radar da empresa, segundo a Folha de S. Paulo, desde o início da Operação Lava Jato, a companhia já demitiu 169,7 mil pessoas. O corte já representa o equivalente a 61% da equipe atual, que estava em 276,6 mil em fevereiro de 2016. Os cortes começaram ainda em 2014, na gestão Graça Foster, quando 74,3 mil perderam o emprego, e se intensificaram sob comando de Aldemir Bendine, que cortou 95,4 mil até fevereiro deste ano, destaca a publicação.

Já a Vale (VALE3, R$ 14,67, -3,30%; VALE5, R$ 11,09, -2,63%) opera em baixa repercutindo a queda do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao recuou 1,17% a US$ 55,11.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 RUMO3 RUMO LOG ON 3,45 +2,99
 ESTC3 ESTACIO PARTON 11,43 +1,69
 EMBR3 EMBRAER ON EJ 23,82 +1,32
 VIVT4 TELEF BRASILPN 45,73 +1,31
 TBLE3 TRACTEBEL ON 37,53 +1,27

Depois da derrocada da véspera, os papéis do setor de educação têm dia misto hoje. Kroton (KROT3, R$ 11,21, +0,18%) e Estácio (ESTC3, R$ 11,43, +1,69%) operam em leves ganhos. A queda ontem deve-se à expectativa de transição política de um governo Dilma Rousseff para Michel Temer. Isso porque, em reportagem ontem de O Estado de S. Paulo, falava-se em ampliação do programa do PMDB “Uma ponte para o Futuro”, que incluiria cortes em gastos públicos com programas sociais. Entre os ajustes, estariam restrições ao Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). 

Resultado primário do Governo Central
O resultado primário do Governo Central mostra a soma dos resultados do Banco Central, da Previdência e do Tesouro Nacional. O resultado do mês de janeiro foi um superávit de R$ 14,8 bilhões; economistas esperam que o número para fevereiro mostre um déficit de R$ 14 bilhões. O dado será divulgado às 17h.

Agenda do governo
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, participa de audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos para discutir diretrizes e perspectivas da política econômica brasileira, em Brasília, às 10h. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini participa da reunião do FSB Standing Committee on Assessment of Vulnerabilities, em Tóquio, Japão. Já Dilma reúne-se com Roberto Azevêdo, diretor geral da OMC, 9h30, e com Jaques Wagner, ministro chefe do gabinete pessoal da presidência, 11h00.

Teori autoriza fatiamento da delação de Delcídio
O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou o fatiamento da delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). Após pedido da Procuradoria-Geral da República, foram geradas na Corte 19 novas petições, autuadas na última segunda-feira (28).

Cenário externo
Os principais índices acionários chineses caíram mais de 1% nesta terça-feira, a seus menores níveis em quase duas semanas, com os ganhos de mais de 10% das mínimas de fevereiro se dissipando sem nenhum sinal de estímulos à frente. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 1,08%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 1,26%.

As ações também caíram na maior parte do restante da região, com o índice Nikkei do Japão recuando 0,2%, com o ano fiscal japonês se encerrando na quinta-feira.

Na volta do feriado de Páscoa, as bolsas europeias registram leves ganhos, com o DAX em queda de 0,22%, FTSE tem leves perdas de 0,23%, CAC 40 tem alta de 0,42%. Os investidores aguardavam o discurso da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, às 12h30, em busca de novos sinais sobre a perspectiva de aumentos dos juros dos Estados Unidos, após comentários “hawkish” de outras autoridades do banco central norte-americano.

Para Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset Wealth Management, o que se espera é que Yellen banque o discurso mais “dovish” (moderado), mas ela sempre pode surpreender após vários integrantes do Fed terem defendido nos últimos dias um aperto monetário já em abril. 

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