Ibovespa engata alta com melhora na economia; real se desvaloriza seguindo o peso chileno

Confira os destaques do mercado na sessão desta quinta-feira, que aponta para uma recuperação das quedas recentes

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa engata uma alta relevante nesta quinta-feira (14) com as boas notícias vindas da economia brasileira e o desmentido americano sobre a guerra comercial. Na contramão, preocupam os dados ruins da produção industrial chinesa e o conflito político no Chile.

Às 11h59 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha alta de 0,5% a 106.583 pontos.

Já o dólar comercial fica estável, com leve variação negativa de 0,04% a R$ 4,1841 na compra e a R$ 4,1853 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro registra ganhos de 0,37% a R$ 4,19.

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No câmbio, fica claro o impacto da desvalorização do peso chileno, que cai mais de 1% e lidera perdas entre as moedas emergentes e latino-americanas, apesar de o banco central do país ter anunciado intervenção no câmbio na véspera.

O desempenho do peso é consequência das tensões políticas no país. Apesar do governo do presidente Sebastián Piñera já ter anunciado que fará uma Assembleia Constituinte para redigir uma nova carta magna (ainda vigora a Constituição dos tempos da ditadura de Augusto Pinochet), os manifestantes não se mostraram satisfeitos. Foram convocadas por sindicatos e movimentos sociais uma greve geral nos dias 23 e 24 de novembro.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 sobe um ponto-base a 4,63% e o DI para janeiro de 2023 fica estável a 5,72%.

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Sobre a guerra comercial, o assessor de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro, negou a notícia da Dow Jones que saiu ontem à tarde de que os chineses não estariam dispostos a aceitar um número fixo de importações de produtos agrícolas americanos. Navarro disse que “alguém deve ter ganhado muito dinheiro no mercado” com o que qualificou como boato.

Por outro lado, as bolsas internacionais registram leves quedas após a produção industrial da China crescer 4,7% em outubro, bem abaixo do consenso de mercado, que apontava para expansão de 5,2%. As vendas do varejo também decepcionaram, ao revelarem avanço de 7,2% ante projeções de que haveria um aumento de 7,8%.

Por aqui, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) cresceu 0,44% em setembro, acima das expectativas, que eram de alta de 0,3%. O indicador funciona como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) e se soma aos dados de serviços e do varejo divulgados essa semana para mostrar uma melhora na economia brasileira.

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Ainda no Brasil, destaque sobre as conversas com a China para estabelecer uma área de livre comércio que, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, estão em fase inicial.

Vale destacar que hoje é véspera de feriado e geralmente isso causa zeragem de posições de alguns investidores, já que as bolsas americanas estarão abertas nesta sexta e se houver algum grande evento nos mercados pode ter impacto lá e afetar as ações brasileiras só na segunda-feira, com atraso.

Noticiário corporativo

Na reta final da temporada de balanços, diversas companhias divulgam balanços entre a noite de ontem e esta manhã.

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O prejuízo contábil da Via Varejo (VVAR3) mais que quadruplicou, para R$ 383 milhões. No mesmo período do ano passado, o prejuízo havia sido de R$ 83 milhões. A margem bruta subiu 0,5 ponto, para 30,7%. Já o lucro bruto operacional de R$ 1,7 bilhão no trimestre, com margem bruta de 30,7%, cerca de 0,5% acima do 3T18 e 2,7% maior que o trimestre anterior.

O Ebitda ajustado atingiu R$ 242 milhões, uma queda de 42,5%, com margem de 4,3% (-2,3 p.p.). A receita líquida recuou 10,7%, para R$ 5,688 bilhões, enquanto as vendas mesmas lojas tiveram retração de 2,2% no faturamento.

O Itaú BBA destaca que o resultado veio fraco, como o esperado, mas questiona se o pior não está ainda por vir. Segundo o documento, a varejista reportou resultados ainda fracos, como nas operações online.

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Também em destaque, a JBS (JBSS3)  saiu de prejuízo para lucro líquido neste terceiro trimestre. A companhia de proteínas encerrou o período de julho a setembro de 2019 com lucro líquido de R$ 356,7 milhões, ante prejuízo de R$ 133,5 milhões no mesmo intervalo de 2018.

Já a Natura (NATU3) lucrou R$ 68,6 milhões no terceiro trimestre deste ano, número 48,4% menor do que o reportado um ano antes. Já a Qualicorp (QUAL3) lucrou R$ 119,1 milhões no terceiro trimestre deste ano – a cifra é 9% maior do que o valor registrado um ano antes (R$ 109,8 milhões).

A Hapvida (HAPV3), por sua vez, lucrou R$ 215,9 milhões no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 13,5% sobre o mesmo período de 2018.

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Além da temporada de balanços, o Conselho de Administração da CVC (CVCB3) aprovou Mauricio Montilha para a diretoria de finanças.

Bolsas Internacionais

“Todos devem parar de ouvir os rumores”, afirmou Navarro, ontem à noite, durante entrevista à rede Fox Business sobre reportagem da agência Dow Jones Newswires sobre as dificuldades nas negociações comercias com a China.

Perguntado sobre a possibilidade de a China comprar US$ 50 bilhões em produtos agropecuários americanos como parte do acordo, Navarro disse que as duas partes negociam a portas fechadas, não pela imprensa.

“Estamos a caminho de uma fase 1 no acordo comercial, vamos ver” se ela se concretiza, afirmou a autoridade, em linha similar a declarações de mais cedo do presidente americano, Donald Trump.

Na terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que um acordo comercial com a China estava “fechado”, mas não deu detalhes e alertou que ele aumentaria as tarifas “substancialmente” sobre produtos chineses sem esse acordo.

Ainda nos Estados Unidos, o foco está no inquérito de impeachment contra Trump, com a primeira audiência televisionada ligando o líder dos EUA diretamente aos esforços para pressionar a Ucrânia a anunciar uma investigação sobre seu rival político interno.

Após afirmar ontem que é improvável que o caminho das taxas de juros do Fed mude enquanto a economia americana continuar crescendo, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltará a falar, desta vez, no Comitê de Orçamento da Câmara sobre as perspectivas econômicas.

Na Europa, o PIB da zona do euro, ajustado sazonalmente, cresceu 0,2% durante o terceiro trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores, enquanto em relação ao mesmo período do ano passado aumentou 1,2%. Já o número de pessoas ocupadas avançou 0,1% na comparação trimestral, com ajuste, e subiu 1% em um ano.

Já na Alemanha o país evitou uma recessão técnica, após o seu PIB subir 0,1% no terceiro trimestre, desempenho melhor do que o esperado pelo mercado, que era de queda de 0,1%. Na comparação anual, a alta foi de 0,5%. O ministro da Economia alemão Peter Altmaier disse, porém, o desenvolvimento econômico da região ainda é frágil.

No Reino Unido, as vendas no varejo recuaram 0,1% em outubro ante setembro, frustrando as expectativas de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,2% nas vendas. Na comparação anual, as vendas avançaram 3,1% em outubro, também abaixo do previsto, de alta de 3,7%.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.