Ibovespa fecha sessão em forte queda com inflação nos EUA e tem baixa de 5% na semana; dólar se aproxima dos R$ 5

Risco fiscal, lockdown na China e medo de inflação nos Estados Unidos derrubaram ativos brasileiro na semana

Vitor Azevedo

(Gearstd/Getty Images)

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O Ibovespa fechou em queda de 1,51%, aos 105.481 pontos nesta sexta-feira (10), na sua sexta sessão seguida de perdas e acumulando baixa de 5,06% na semana – a pior desde outubro de 2021.

O dia de hoje foi marcado, mais uma vez, pela aversão ao risco, após a inflação ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) de maio vir acima do consenso. O CPI avançou 1% ante abril, uma forte aceleração em relação à alta de 0,3% registada no quarto mês do ano e superando a previsão de analistas consultados pela Refinitiv, que estimavam avanço de 0,7%.

“O CPI foi a gota d’água para o pessimismo do mercado. Veio muito forte, acima do esperado, indicando que, talvez, o aumento de juros tenha que ser um pouco maior do que o esperado na maior economia do mundo”, comenta Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. “Na próxima semana, além disso, nós temos a Super Quarta, com decisões monetárias no Brasil e nos Estados Unidos”, lembra.

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A perspectiva do mercado, com a inflação mais alta nos Estados Unidos, é que o Federal Reserve pode acelerar o seu processo de alta dos juros – o título do tesouro americano com vencimento em dois anos fechou negociado a taxa de 3,065%, com alta de 24 pontos-base e no maior patamar desde junho de 2008.

Leia também: Inflação nos EUA atinge maior nível em quase 41 anos, intensifica apostas de Fed agressivo e eleva aversão ao risco no mercado

Grandes bancos americanos como o Goldman Sachs, o Bank of America e o Morgan Stanley declararam, em relatórios, que esperam agora um tom mais hawkish do Federal Reserve no futuro.

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O Goldman vê que a instituição monetária americana pode elevar a taxa básica de juros do país em 0,5 ponto porcentual nas próximas três reuniões (ante perspectiva antiga de duas altas de 0,5 e uma de 0,25). Já o BofA vê uma chance maior de alta de 0,5 ponto em setembro. O Morgan Stanley, por sua vez, enxerga que os comentários do presidente do Fed Jerome Powell devem ser mais duros na próxima quarta-feira.

Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 2,73%, 2,91% e 3,52%.

Inflação mais duradoura aumenta aversão ao risco

A percepção de que a inflação pode ser mais duradoura do que o esperado aumentou a aversão ao risco e puxou o dólar para cima – a moeda americana voltou a se fortalecer contra o real, fechando o dia em alta de 1,49% sobre a moeda brasileira, a R$ 4,988 na compra e a R$ 4,989 na venda, e acumulando avanço de 4,3% na semana.

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“O que aconteceu foi que o mercado reprecificou as altas dos juros americanos e todas as moedas estão se enfraquecendo frente ao dólar. A grande mudança se deve a esse movimento do mercado, que vê altas mais fortes do juros nos Estados Unidos”, explica Luciano Costa, economista chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

O DXY, índice que mede a força do dólar frente a uma cesdta de outras moedas, fechou em alta de 0,93%, aos 104,18 pontos.

No Brasil, ainda nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, em abril, as vendas do varejo avançaram 0,9%, acima do consenso de 0,40%, o que ajudou a empurrar a curva de juros para cima.

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No aftermarket, por volta das 17h30, o contrato DI com vencimento em janeiro de 2023 tem seu rendimento avançando dois pontos-base, bem como o para 2025, a 13,38%,e 12,51%, respectivamente. Na ponta longa, os DIs para 2027 e 2029 têm suas taxas subindo um ponto, para 12,48% e 12,61%.

A alta do dólar e da curva de juros explicam, majoritariamente, parte das maiores quedas do Ibovespa de hoje.

Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e CVC (CVCB3) – com quedas de, respectivamente, 6,98%, 5,76% e 5,09% – são companhias diretamente impactadas pela alta da moeda americana, que encarece o preço do combustível no mercado nacional e diminui o poder de compra do brasileiro.

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Positivo (POSI3) e Locaweb (LWSA3), que caíram 6,25% e 5,26%, são companhias de tecnologia diretamente impactadas pela perspectiva de juros mais altos.

Fiscal e China pesaram sobre Ibovespa no restante da semana

O principal índice da Bolsa brasileira acumulou uma série de baixas durante esta semana, estando em sua sexta queda consecutiva.

“Primeiro, houve a surpresa de um novo lockdown na China, que desanimou um pouco os investidores. Isso teve impacto direto sobre empresas de commodities brasileiras, que registraram quedas expressivas, principalmente nos últimos três pregões”, comenta Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset. “No começo da semana, a perspectiva era que as restrições tinham acabado”.

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Nesta sexta-feira, Shanghai, segunda maior cidade chinesa, impôs um novo lockdown em quase todo o seu perímetro por conta do aumento de novos casos da Covid-19.

No Brasil, ao longo da semana, o Ibovespa sofreu ainda por conta das ameaças fiscais, após o Governo Federal anunciar que pretende zerar o ICMS sobre combustíveis, sem explicar exatamente como compensará os gastos desta medida.

“Quando olhamos setorialmente, os setores mais impactados negativamente são os de consumo cíclico, tecnologia e imobiliário. Isso pode ter a ver com a abertura da curva de juros no Brasil, que se deu após o anúncio de contenção dos preços de combustíveis, que tende a piorar a situação fiscal”, termina Martinez.

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