Ibovespa fecha em queda de 1,5% pressionado por política e blue chips de commodities; dólar sobe a R$ 5,82

Mercado mostra perdas em mais um dia de preocupações com o coronavírus

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (11), dia de forte volatilidade, pressionado pelas blue chips de commodities. Petrobras e Vale caíram forte, e os bancos, que durante boa parte da sessão mantiveram o índice em terreno positivo, perderam força no final. Itaú subiu 0,27%, Bradesco caiu 1,5% e Banco do Brasil teve ganhos de 0,63%. Para mais destaques de ações clique aqui.

No caso da petroleira, a manhã chegou a ser de alta com notícia de que a Arábia Saudita irá promover cortes adicionais na produção de petróleo para impedir uma desvalorização maior nos preços, mas à tarde essa tendência foi revertida. O barril do Brent teve queda 2,62% a US$ 30,15 e o barril do WTI ficou praticamente estável, com leve variação positiva de 0,12% a US$ 24,77.

Lá fora, ações do setor de tecnologia ajudaram o índice S&P 500 a reverter as perdas do início da sessão e a fechar estável, ao mesmo tempo em que o Nasdaq registrou sua sexta alta seguida, avançando 0,78%. Já é a maior sequência de ganhos do benchmark de empresas tecnológicas dos Estados Unidos em todo o ano de 2020.

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Por aqui, o Ibovespa fechou em queda de 1,49% a 79.064 pontos com volume financeiro negociado de R$ 21,384 bilhões. Já o dólar futuro para junho registra ganhos de 1,31% a R$ 5,825. O dólar comercial subiu 1,47%, a R$ 5,8217 na compra e R$ 5,8242 na venda.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base a 3,26%, o DI para janeiro de 2023 avançou três pontos-base a 4,44% e o DI para janeiro de 2025 teve alta de quatro pontos-base a 6,44%.

As bolsas internacionais registraram desempenhos mistos em meio a preocupações de que o coronavírus ressurja em países como a Coreia do Sul, algo que prejudica os planos de reabertura econômica mesmo dos países que já passaram pelo pico da pandemia. Na Alemanha, a disseminação da Covid-19 voltou a se acelerar e ontem foram registrados 667 novos casos.

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Não obstante, na Grã-Bretanha, funcionários que não podem trabalhar em home office foram instruídos a voltar hoje às empresas, mas evitando, se possível, o transporte público. As viagens de carro passaram a ser permitidas entre cidades. As escolas só reabrirão em 1º de junho. Na França, as medidas de reabertura são mais ousadas, com a maioria do comércio e dos serviços, como as barbearias, reabrindo hoje, informa a CNBC.

Já no Brasil, o mercado aguarda a confirmação do veto presidencial à ampliação das categorias de servidores públicos que continuarão a receber reajustes de salários apesar da crise. A medida foi aprovada no Congresso como contrapartida à ajuda do governo aos estados. Tudo isso em uma semana crucial para a investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) da suposta intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Entre os indicadores, o Relatório Focus do Banco Central mostrou que os economistas do mercado financeiro agora esperam uma contração de 4,11% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Na semana passada, a projeção era de uma queda de 3,76%. Já para 2021, as expectativas foram mantidas em crescimento de 3,2%.

A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por sua vez, foi reduzida de 1,97% para 1,76% em 2020 e cortada também de 3,3% para 3,25% em 2021.

Também destaca-se no Focus a manutenção das estimativas para o dólar em R$ 5,00 para 2020 e elevação de R$ 4,75 para R$ 4,83 para 2021. Por fim, a expectativa para a taxa básica de juros, Selic, caiu de 2,75% para 2,50% ao ano em 2020 e de 3,75% para 3,50% ao ano em 2021.

Ainda no radar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que se houver uma depressão econômica, o governo irá “chuveirar dinheiro na economia inteira. “Segundo o ministro, o Banco Central “está em transição, fazendo experimento, saindo do cercadinho convencional daqui até o fim do ano” e, por isso, governo pediu, na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do orçamento de guerra, para aumentar as possibilidade de atuação do BC.

“Se a recessão virar depressão pelo menos já estamos no meio do caminho”, afirmou Guedes, que disse não vislumbrar aumento de impostos após matéria do Globo citar que há estudo para volta da CPMF.

Política

A semana será decisiva para que a Procuradoria Geral da República defina se denunciará ou não o presidente Jair Bolsonaro por corrupção passiva privilegiada, obstrução da Justiça e advocacia administrativa, informa o jornal Folha de S. Paulo. O presidente é investigado por tentativa de interferência na autonomia da Polícia Federal.

O inquérito que investiga as acusações do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, tomará depoimentos de Alexandre Ramagem, que Bolsonaro tentou levar para o comando da PF; três ministros de Estado; seis delegados; e uma deputada federal que trocou mensagens de aplicativo com Moro. Além disto, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) pode decidir pela divulgação de um vídeo polêmico de uma reunião ministerial, na qual o presidente teria ameaçado Moro de demissão se o então ministro não trocasse a cúpula da Polícia Federal.

Em caso de denúncia formal pela PGR, a Câmara dos Deputados deverá votar pelo prosseguimento ou não das investigações. Se votar pelo prosseguimento, o presidente deve ser afastado do cargo por até 180 dias. Questionado ontem sobre um possível, embora ainda improvável, impeachment, o presidente disse que só sairá do cargo em 1º de janeiro de 2027.

Atenção ainda para a expectativa pela possível confirmação do veto presidencial à ampliação das categorias de servidores isentos da proibição de reajustes como contrapartida à ajuda aos estados, que pode sair hoje segundo os jornais.

Pandemia 

Em São Paulo, começou nesta segunda-feira um rodízio de veículos, no qual em dias ímpares, só podem circular automóveis com placas ímpares, e nos dias pares, só carros com chapas pares. A medida do prefeito Bruno Covas (PSDB) é mais uma tentativa para aumentar o isolamento social e conter o alastramento da epidemia da Covid-19.

No Rio de Janeiro, estudo mostrou que o coronavírus já chegou a 93% dos municípios do Estado, muito acima da média de São Paulo (62%) e Minas Gerais (25%), informa o jornal O Globo. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomenda o lockdown para o Estado. Na manhã de hoje, o Brasil tinha 162.699 casos confirmados e 11.123 mortes pela Covid-19.

Noticiário corporativo 

A BRF informou que teve prejuízo de R$ 38 milhões no 1º trimestre deste ano. A empresa pagou R$ 204 milhões para encerrar uma ação judicial nos Estados Unidos e sofreu os efeitos da variação cambial no período, o que afetou a lucratividade. Mesmo com os efeitos adversos, a empresa teve expansão de 21% na receita líquida, para R$ 8,9 bilhões. Apesar da epidemia da Covid-19, a BRF aumentou as exportações de carnes de aves para a China e a Turquia. Enquanto isso, a M.Dias Branco lucrou R$ 137 milhões no primeiro trimestre de 2020.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRFS3 11.25934 20.85
BRKM5 8.34151 22.08
MRFG3 3.77358 13.75
SBSP3 1.7561 41.72
EQTL3 1.64773 17.89

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
IRBR3 -14.82301 7.7
CVCB3 -6.13961 11.16
BRDT3 -5.98425 17.91
CSNA3 -5.75793 8.02
RENT3 -5.22766 28.1

Já o Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI) comunicou que encerrou seu programa de recompra de ações, após ter comprado na B3 pouco mais de 3,3 milhões de ações ordinárias. A Centauro, por sua vez, prepara follow-on de cerca de R$ 500 milhões, segundo o Valor.

(Com Agência Brasil e Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.