Ibovespa fecha em queda de 1,2% com incertezas a respeito do rombo fiscal e de um tratamento para a Covid-19

Mercado termina com perdas após passar boa parte da sessão em alta com investidores atentos a falas de Trump

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (11) com o peso das questões fiscais preocupando os investidores depois de notícias de que o governo quer estender o estado de calamidade em 2021 para não ter que cumprir a meta de déficit primário, o teto de gastos e a regra de ouro.

Segundo Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, a perspectiva de um aprofundamento do rombo fiscal é muito ruim, pois todo o cenário doméstico está atrelado à dinâmica de juros e confiança. Ele citou ainda as incertezas envolvendo o coronavírus. “Estamos flexibilizando a quarentena, mas a evolução de casos segue igual. Não dá para voltar ao normal sem que haja um tratamento comprovadamente eficaz disponível”, avalia.

Também por aqui, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que os membros do comitê enxergam que a queda na demanda decorrente da crise da pandemia da Covid-19 provavelmente terá pressões desinflacionárias com duração maior do que o verificado em recessões anteriores.

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Lá fora, Wall Street também terminou no vermelho em meio às suspeitas a respeito da eficácia da vacina anunciada pela Rússia e com mais um dia de baixa das ações de empresas de alta tecnologia como a Apple. Depois do rali recente, esses ativos têm corrigido ganhos a cada nova informação sobre a disputa entre Estados Unidos e China por conta do aplicativo TikTok.

Com isso, o Ibovespa teve queda de 1,23% a 102.174 pontos com volume financeiro negociado de R$ 28,476 bilhões.

Já o dólar comercial caiu 0,92% a R$ 5,4139 na compra e a R$ 5,4149 na venda. Enquanto isso, o dólar futuro para setembro tem baixa de 1,52% a R$ 5,402 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 perdeu dois pontos-base a 2,68%, o DI para janeiro de 2023 encerrou a sessão estável a 3,82% e o DI para janeiro de 2025 avançou sete pontos-base a 5,57%.

Os juros inverteram foram os primeiros ativos a inverterem tendência diante do risco fiscal apontado pelos membros do BC na ata do Copom e com as informações a respeito da prorrogação do estado de calamidade.

Mais cedo, as bolsas chegaram a subir após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que considera cortar os impostos sobre ganho de capital para estimular a economia e a geração de empregos. Os investidores ainda esperam pela definição nas negociações entre republicanos e democratas para um pacote de estímulos de mais de US$ 1 trilhão nos EUA.

Hoje, o coronavírus atingiu a marca de 20 milhões de infectados no mundo todo, com 739 mil mortos.

Prorrogação da calamidade pública e nova CPMF

Segundo informações do Valor Econômico, o governo estuda a prorrogação do estado de calamidade para 2021, o que permitiria descumprir as regras fiscais também no próximo ano. Segundo fontes ouvidas pelo jornal, o Planalto estaria apenas aguardando o melhor momento para enviar ao Legislativo uma mensagem pedindo a prorrogação do estado de calamidade pública, o que não ocorreria no curto prazo.

Ainda de acordo com a reportagem, a área econômica considera que uma eventual prorrogação só será adotada se a pandemia ainda for um grave problema de saúde no próximo ano, que demande dotações orçamentárias extras para enfrentar as consequências sociais e econômicas.

No início do mês, reportagem do Estadão apontava que uma proposta nessa linha era articulada no Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou a ideia, segundo o site da casa.

Ainda em destaque, as medidas prometidas pela equipe econômica para justificar a criação de um tributo aos moldes da antiga CPMF superam o montante que da arrecadação estimada para esse novo imposto, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.

As iniciativas citadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe variam entre R$ 218 bilhões e R$ 248 bilhões ao ano. Já o novo tributo teria uma receita anual de R$ 120 bilhões, considerando uma alíquota de 0,2% por operação.

Entre as iniciativas citadas para justificar a criação de um novo imposto, estão a desoneração da folha de pagamento, que custaria entre R$ 80 bilhões e R$ 90 bilhões na faixa de até um salário; redução de 25% da contribuição previdenciária, que faria o governo abrir mão de R$ 96 bilhões; a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda, que teria um custo fiscal de R$ 22 bilhões; e a destinação de recursos para bancar a expansão do Bolsa Família, que teria uma despesa extra entre R$ 20 bilhões a R$ 40 bilhões.

Vacina Russa

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira que o país é o primeiro a registrar uma vacina contra o novo coronavírus e que ela é “eficaz”. Apesar do anúncio, sabe-se pouco sobre a eficácia dessa vacina, que vem sendo questionada por especialistas internacionais.

A OMS tem uma página internet na qual mostra em que estágio de desenvolvimento estão as pesquisas de vacinas ao redor do mundo. A última atualização dessa informação foi feita em 31 de julho. Nela, consta que a vacina do Instituto Gamelaya está na fase 1 do processo — seria necessário observar três fases completas para começar a vacinar em massa.

A Rússia não publicou nenhum estudo ou dado científico sobre os testes que realizou. Não se conhecem os detalhes sobre as fases do processo, que geralmente devem ser cumpridos antes de uma nova vacina ser aprovada e lançada no mercado. Veja mais clicando aqui. 

Radar corporativo

A Cosan registrou um prejuízo líquido de R$ 174,4 milhões no segundo trimestre, ante lucro de R$ 418,3 milhões no mesmo período de 2019. O resultado negativo é consequência dos efeitos da pandemia da Covid-19 e da valorização do câmbio.

O Ebitda foi de R$ 517,8 milhões, uma queda de 56,5% no comparativo anual. Na mesma base de comparação, a receita caiu 33,1%, para R$ 11,8 bilhões.

A alavancagem mensurada pela relação entre dívida líquida e Ebitda subiu para 2,4 vezes.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
GOLL4 8.45384 19.5
AZUL4 7.07071 23.32
CVCB3 6.5445 20.35
IRBR3 6.01307 8.11
HGTX3 4.91694 15.79

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
CSAN3 -3.42607 84
BRKM5 -3.24599 24.74
SBSP3 -3.15308 57.13
VALE3 -3.08682 60.28
EQTL3 -2.80488 23.91

Já a Itaúsa, holding do Itaú Unibanco que também tem participações em empresas industriais, registrou lucro líquido de R$ 598 milhões no segundo trimestre do ano, queda de 75,4% ante mesmo período de 2019. O recuo, segundo à empresa, é consequência de uma baixa contábil relativa à participação no Corpbanca e doações para combate à Covid-19.

Excluindo esses efeitos, o lucro recorrente seria de R$ 1,43 bilhão, uma queda de 40,7%.

O impairment (ajuste contábil) sobre o investimento na unidade Corpbanca, no Chile, foi de R$ 543 milhões de reais no trimestre. A holding doou 50 milhões próprios e contabilizou outros R$ 312 milhões feitos pelo Itaú Unibanco para o programa “Todos pela Saúde”.

E a fabricante de açúcar e etanol São Martinho apresentou lucro líquido de R$ 115,7 milhões no primeiro trimestre da safra 2020/21, avanço de 26,5% ante igual período do ano anterior. O Ebitda ficou em R$ 491 milhões, alta de 41,1%.

A Petrobras divulgou mais uma atualização sobre a venda de seus ativos. Dessa vez, a estatal comunicou que deu início ao processo para venda de 50% a 100% da participação que detém na concessão BM-S-51, localizada no polígono pré-sal da Bacia de Santos, segundo fato relevante divulgado na noite de segunda-feira.

A Petrobras opera esse ativo em que tem 80% de participação. O restante está com a Repsol Sinopec Brasil.

O primeiro passo para o desinvestimento é a divulgação de oportunidade (teaser).

A fábrica da BRF em Toledo (PR) contabilizou 1.138 casos confirmados de Covid-19, o que representou 29% dos casos da doença em frigoríficos do Paraná, segundo dados mais recentes de autoridades de saúde do estado. A unidade da BRF em Carambeí teve apenas 5.

Em resposta, a BRF, maior exportadora de carne de frango do mundo, afirmou que “não há nenhum colaborador testado positivamente para Covid-19 trabalhando atualmente em suas unidades de Toledo e Carambeí”.

E a fabricante de armas Taurus foi mais uma que anunciou acordo com os bancos para reescalonamento de dívida. Nesse caso, o compromisso, de R$ 123 milhões, havia vencido em junho.

“O montante será adequado ao fluxo de caixa futuro da companhia e diluído nos próximos 31 meses”, afirmou a Taurus em fato relevante.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.