Ibovespa fecha em queda após 4 altas seguidas, mas não apaga ganhos de 3% na semana; dólar vai a R$ 5,62

Mercado vai para o fim de semana com movimento considerável de embolso de lucros

Ricardo Bomfim

(Divulgação)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (23), interrompendo uma sequência de quatro altas, mas não apagou os ganhos de 3% na semana. A baixa de hoje pode ser vista mais como uma correção, visto que as ações de Petrobras e bancos, que puxaram as vendas, foram justamente as blue chips que subiram forte nos últimos dias.

A euforia tomou conta dos mercados esta semana diante de expectativas positivas para os resultados das empresas no terceiro trimestre ao mesmo tempo em que os Estados Unidos se aproximam de um acordo sobre estímulos após semanas de negociações.

Na quinta-feira, a presidente do Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmou que ela e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, estavam “quase lá” nas discussões sobre um novo pacote de estímulo. Apesar disso, Pelosi disse que ainda poderia “levar um tempo” antes que a lei definindo o pacote fosse escrita e assinada.

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Lá fora, as bolsas terminaram o pregão em compasso de espera pela continuidade dessas conversas entre democratas e republicanos. Quem mais puxou Wall Street para baixo, contudo, foram as ações de empresas de tecnologia, refletindo os dados fracos da Intel no terceiro trimestre.

Os americanos também acompanharam mais um debate entre o presidente Donald Trump e o candidato democrata, Joe Biden. “No todo, [Trump] teve um desempenho marginalmente melhor que Joe Biden. No entanto, considerando que ele está 8 pontos atrás nas pesquisas, isso não é suficiente”, avaliou a analista política Sol Azcune, da XP Investimentos, em live do InfoMoney.

Já na Europa, os mercados subiram devido aos fortes dados corporativos do terceiro trimestre. O banco Barclays reportou lucro líquido de US$ 797,7 milhões, mais do que o dobro das expectativas de analistas. A fabricante de automóveis Daimler aumentou sua expectativa sobre os lucros de 2020. E a alta da demanda na China contribuiu para ampliar as margens da divisão de carros da Mercedes-Benz.

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Hoje, o Ibovespa teve queda de 0,65%, aos 101.259 pontos com volume financeiro negociado de R$ 22,798 bilhões. Na semana, o índice subiu 3,00%.

Enquanto isso, o dólar comercial teve alta de 0,59% a R$ 5,626 na compra e a R$ 5,627 na venda. Na semana, a moeda dos EUA registrou uma leve desvalorização de 0,28% em relação ao real. O dólar futuro com vencimento em novembro registrava valorização de 0,55%, a R$ 5,625 no after-market.

Por aqui, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – Base 15 (IPCA-15) subiu 0,94% em outubro na comparação mensal, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A expectativa dos economistas, segundo consenso Bloomberg, era de que a inflação medida pelo IPCA-15 apontasse alta de 0,83% em setembro na comparação mensal, após avanço de 0,45% na medição anterior.

O número impactou o mercado de juros futuros. O DI para janeiro de 2022 subiu 21 pontos-base a 3,47%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de 26 pontos-base a 4,89%, o DI para janeiro de 2025 avançou 18 pontos-base a 6,61% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 12 pontos-base a 7,45%.

De acordo com a Capital Economics, o salto da inflação para 3,5% na comparação anual no meio de outubro foi impulsionado principalmente pelo aumento nos preços de alimentos, enquanto o núcleo da inflação permanece sem muita pressão.

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Para os economistas, isso permite que o Banco Central mantenha a Selic próxima dos 2% ao ano por ainda algum tempo. “Esperamos que a inflação de alimentos comece a diminuir no ano que vem”, projeta a casa de análise.

Ainda no noticiário doméstico, a diretoria do Instituto Butantan afirmou que a Anvisa estaria demorando para aprovar a compra de insumos para produção da vacina contra a Covid, o que a Anvisa nega.

Depois de desautorizar o ministro da saúde Eduardo Pazuello sobre a compra de 46 milhões de doses da vacina, Bolsonaro afirmou em live que não tem poder sobre a Anvisa a respeito da liberação de vacinas.

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Polêmica em torno da vacina

Um dia após o presidente Jair Bolsonaro desmentir fala do do ministro da Saúde Eduardo Pazuello quanto ao plano de comprar 46 milhões de doses da vacina a ser produzida em parceria entre a chinesa e o Instituto Butantan, a diretoria do mesmo instituto afirmou que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estaria atrasando a liberação de insumos para a produção da vacina.

O diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou à imprensa que o Instituto fizera em setembro a solicitação para importar matéria-prima.

Nesta quinta-feira, em meio ao rechaço do presidente Bolsonaro à compra da vacina produzida em São Paulo, teria sido informado que o pedido só seria analisado pela Anvisa em reunião prevista para 11 de novembro. Isso atrasaria o cronograma de produção da vacina.

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Em entrevista à TV Globo, afirmou que “normalmente esse tipo de pedido tramita muito rapidamente, em dez dias”. Em nota, o Instituto Butantan afirmou que o pedido tem caráter excepcional, e que a demora para liberar o insumo pode impactar as perspectivas de produção e distribuição da vacina.

Em resposta à nota, a Anvisa afirmou que a resposta ao pedido de importação sairá em até cinco dias úteis, e que a solicitação do Butantan teria entrado em uma análise especial.

Na tarde de quinta-feira, o presidente Bolsonaro realizou uma live nas redes sociais, em que afirmou que a Anvisa não correria para liberar vacinas.

“A vacina tem que ser certificada pela Anvisa. Eu não mando na Anvisa. Alguns acham que eu mando na Anvisa. A Anvisa, como as agências todas, é independente. A Anvisa não é subordinada a mim, apesar de quem indicar [o diretor-presidente] para a sabatina no Senado sou eu”, disse.

Ele e o ministro Pazuello buscaram mostrar união após o presidente ter desautorizado o ministro quanto à compra da vacina de São Paulo. “É simples assim, um manda e outro obedece. Mas a gente tem carinho, dá para desenrolar”, afirmou o ministro.

Proposta de usar fundos para gastos com o coronavírus

Em entrevista publicada nesta sexta-feira de manhã pelo jornal Valor, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, defendeu como “uma alternativa importante” o uso de valores parados em fundos federais para financiar ações de combate à pandemia. A medida está prevista no PLP (projeto de lei complementar) 137, apresentado pelo deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), e liberaria R$ 177 bilhões.

A medida ajudaria o governo a poupar recursos, que poderiam ser direcionados ao pagamento da dívida sem necessidade de novos endividamentos. “Em vez de se endividar em mais R$ 177 bilhões, o Tesouro tem os recursos para pagar as despesas”, afirmou Funchal. Com esses recursos, o governo não precisaria pagar tantos prêmios de risco para se financiar.

O objetivo do governo seria fechar 2020 com caixa suficiente para pagar o vencimento de títulos nos primeiros quatro meses de 2021, diz o secretário.

O texto do projeto de lei complementar prevê o uso do superávit de 29 fundos para pagar medidas como: auxílio emergencial, apoio a Estados e municípios, ações de saúde e ações de apoio ao emprego e à renda.

Originalmente, o dinheiro desses fundos deveria ser destinado a atividades como o combate ao tráfico, ou a expansão da infraestrutura aeroportuária. Mas parte desse valor se encontra parado há décadas.

Radar corporativo

A oferta inicial de ações da Track & Field saiu a R$ 9,25 por ação, abaixo do estimado pelos coordenadores da oferta, que era entre R$ 10,65 a R$ 14,95. A operação movimentou R$ 523 milhões.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 4.34783 25.44
EMBR3 3.95894 7.09
CSNA3 2.62906 21.47
HGTX3 2.55414 18.47
ABEV3 2.35814 13.89

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
PRIO3 -3.66242 36.3
MRFG3 -3.42782 14.65
QUAL3 -3.3913 33.33
JBSS3 -3.31366 21.3
GNDI3 -3.14617 64.34

O Bradesco BBI afirmou em relatório que vê “sinais claros” de que o pior já passou, e que há expectativa de bons ganhos para os bancos brasileiros no terceiro trimestre. O Bradesco diz acreditar que os melhores resultados serão do Santander.

Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander- somam aumento em valor de mercado de R$ 570,5 bilhões em 30 de setembro para R$ 655,3 bilhões até a tarde de quinta-feira, dia 22 de outubro, conforme destaca levantamento do Valor.

O Estadão traz reportagem informando que a Superdigital, do Santander, um aplicativo que permite pagar contas, cresceu 14% em clientes de folha de pagamento entre janeiro e setembro.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.