Ibovespa fecha em leve queda na contramão de Wall Street pressionado por Vale e bancos; dólar cai a R$ 5,35

Mercado fraquejou depois da euforia que tomou conta da Bolsa ontem por causa do encaminhamento das reformas

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (2) pressionado pelas ações da Vale e de bancos com uma leve correção depois da forte alta de 2,82% do benchmark na véspera.

Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 0,29%, Bradesco (BBDC3; BBDC4) teve queda de 0,44% e Banco do Brasil (BBAS3) terminou o dia estável. Juntos, os papéis dessas três instituições financeiras respondem por 14,9% da carteira teórica do índice. Se somarmos a Vale, a conta chega a 25,9%.

A Vale (VALE3) sofreu com os temores depois da mineradora iniciar protocolo de emergência em dois diques em Minas Gerais. A companhia começou hoje, de forma preventiva, protocolo de emergência em nível 1 dos diques Paracatu e Patrimônio. A medida não requer a evacuação da população a jusante das estruturas. Para mais destaques de ações clique aqui.

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O Ibovespa teve queda de 0,25%, aos 101.911 pontos com volume financeiro negociado de R$ 22,08 bilhões.

Lá fora, as bolsas americanas subiram em dia de divulgação do Livro Bege do Federal Reserve. O indicador mostrou que atividade econômica melhorou “na maioria dos distritos”. No entanto, “os ganhos foram modestos e atividade se manteve bem abaixo do nível anterior à pandemia de Covid-19”.

Com isso, os índices dos Estados Unidos avançaram puxados pelas ações da Coca-Cola, da Intel e da IBM, que ofuscaram as perdas de 2% da Apple. Ontem, as ações da big tech subiram mais de 4% após desdobramento e revisões otimistas em relatórios de analistas.

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Os índices Dow Jones e S&P 500 terminaram com ganhos respectivamente de 1,59% e 1,54%. Já o Nasdaq, composto por papéis do setor de tecnologia, virou para alta no fim do pregão e valorizou 0,98%.

Também fez preço hoje a decepção com o emprego no setor privado dos Estados Unidos. De acordo com o Relatório de Emprego ADP, os EUA criaram 428 mil vagas em agosto, número bem abaixo do 1 milhão esperado pelos economistas segundo o consenso Bloomberg.

Hoje, o dólar comercial caiu 0,49% a R$ 5,3556 na compra e a R$ 5,3586 na venda. O dólar futuro para outubro tem queda de 0,71%, a R$ 5,365 no after-market. O câmbio virou para baixa depois da decepção com o emprego nos EUA.

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Também ajudou o real a se apreciar contra a moeda dos EUA a continuidade do otimismo de ontem com a entrega da reforma Administrativa ao Congresso programada para quinta-feira (3).

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a senadores que a segunda parte da reforma Tributária e o Pacto Federativo também já estão prontos e serão enviados ao Legislativo quando a organização política do governo entender que é o melhor momento.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu quatro pontos-base a 2,83%, o DI para janeiro de 2023 ganhou cinco pontos-base a 4,01%, o DI para janeiro de 2025 avançou cinco pontos-base a 5,82% e o DI para janeiro de 2027 variou positivamente cinco pontos-base a 6,79%.

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O presidente Jair Bolsonaro disse que encaminhará a proposta para reestruturar as carreiras do funcionalismo público, mas destacou que as novas regras se aplicarão apenas aos futuros servidores. Mesmo assim, grupos de servidores se mobilizam em Brasília para influenciar a proposta.

Outro destaque foi a aprovação do novo marco legal do gás na Câmara, que tem como objetivo abrir a concorrência no setor e reduzir o preço do gás natural. De acordo com O Estado de S.Paulo, a mudança pode destravar investimentos de até R$ 43 bilhões e ajudar a reindustrializar o país.

Reforma administrativa

Enquanto digere o pior resultado do Produto Interno Bruto (PIB) da história, o mercado espera para amanhã o envio da proposta de reforma administrativa ao Congresso. Na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que encaminhará a proposta para reestruturar as carreiras do funcionalismo público.

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Bolsonaro não detalhou a proposta, mas disse que as novas regras se aplicarão apenas aos futuros servidores, segundo a Agência Senado. A notícia é considerada uma vitória de Guedes e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

A estratégia anterior do governo era deixar o envio da reforma administrativa para o ano que vem, mas o governo anunciou a decisão ontem, junto com a divulgação de prorrogação do auxílio emergencial, com mais quatro parcelas de R$ 300.

Diante da notícia, grupos de servidores públicos se articulam para dialogar com o governo. De acordo com a CNN, o objetivo é atenuar o texto e incluir alternativas como a fusão de carreiras e cortes de custeio, para evitar o risco de redução de jornada e de salários.

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O governo fala sobre a possibilidade de economizar R$ 500 bilhões em dez anos, mas não há clareza sobre como esta meta será atingida. Segundo a publicação, também há questionamentos sobre os critérios que vão medir o desempenho do servidor e como a proposta irá impactar apenas quem ingressar no funcionalismo no futuro.

Ontem à noite, o presidente Bolsonaro confirmou que passará por uma cirurgia para remover um cálculo renal.

Novo marco legal do gás

Outro destaque foi a aprovação do projeto do novo marco legal do gás na Câmara, com 351 votos a favor e 101 contra. O projeto segue para o Senado. O objetivo do projeto é abrir a concorrência no setor e reduzir o preço do gás natural.

De acordo com O Estado de S.Paulo, a mudança pode destravar investimentos de até R$ 43 bilhões e ajudar a reindustrializar o país, ao baratear o preço da energia. O mercado até recentemente era dominado pela Petrobras, que decidiu deixar o ramo de distribuição e vender sua malha de gasodutos e estruturas essenciais.

A expectativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, é de que o preço do gás pode cair 40%. Com o projeto, novos investimentos devem garantir maior infraestrutura para transportar, escoar e armazenar gás. Outra mudança é que será adotado um regime de autorizações de gasodutos, em substituição ao atual regime de exploração.

Radar corporativo

No noticiário corporativo, um dos destaques é o início da negociação das novas ações da Pague Menos e da Lavvi após oferta inicial de ações.

A Engie anunciou que o Itaú Unibanco vai comprar 18,56% do capital de uma controlada indireta da companhia, no valor de R$ 500 milhões. O acordo vai viabilizar a implantação de cerca de 1.800 quilômetros de linhas de transmissão nos estados do Pará e Tocantins.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
FLRY3 6.60627 28.24
TOTS3 3.4662 29.85
HYPE3 3.4204 33.26
ELET3 3.39726 37.74
BRFS3 2.8672 20.45

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
SUZB3 -4.12754 49.01
CSAN3 -3.15828 79.11
KLBN11 -2.68302 25.39
BTOW3 -2.29936 110.9
RAIL3 -2.12014 22.16

Além disso, a Neoenergia contratou financiamentos de R$ 3,4 bilhões com o BNDES para as distribuidoras do grupo, enquanto a Iguá Saneamento retomou o processo de IPO.

Também chama atenção a renúncia do diretor Administrativo e Financeiro e de Relações com Investidores da Lojas Renner, Laurence Beltrão Gomes, que vai se dedicar a outros projetos.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.