Ibovespa fecha em alta pela 6ª vez seguida e atinge os 129 mil pontos; dólar cai a R$ 5,08

Mercado se aproxima a passos céleres dos 130 mil pontos na quarta vez consecutiva em que a máxima histórica foi renovada

Ricardo Bomfim

Painel de ações e gráfico (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (2), o sexto dia de ganhos consecutivo, igualando a sequência de valorizações que ocorreu entre os dias 3 e 10 de novembro do ano passado. Ajudou no dia positivo aqui o desempenho do petróleo Brent, que chegou a US$ 71,32 por barril, algo que impulsionou as ações da Petrobras (PETR3; PETR4). Bancos e Vale ([ativo=VALE3) também subiram.

Se o rali das commodities já impulsionava o movimento positivo no mercado, ontem, o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre surpreendeu e acabou se tornando mais um ponto de otimismo. A atividade econômica se expandiu em 1,2% na comparação com o quarto trimestre e 1% ante o primeiro trimestre de 2020. O número gerou uma onda de revisões acerca das perspectivas para o desempenho da economia no ano de 2021.

Já hoje foi divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a produção industrial no mês de abril, que caiu 1,3% ante março, resultado bem abaixo do esperado pelos economistas. A expectativa média para o dado era de crescimento de 0,1%, segundo dados compilados pela Refinitiv. Na comparação anual, por sua vez, a produção industrial avançou 34,7%, também abaixo dos 37% estimados pelo mercado.

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Importante lembrar que hoje é véspera do feriado de Corpus Christi, quando a B3 estará fechada e, portanto, os investidores brasileiros não poderão zerar operações com ações e derivativos. As bolsas em Wall Street, por outro lado, estarão abertas.

Lá fora, os investidores repercutiram de maneira modesta o Livro Bege do Federal Reserve, que sinalizou vários exemplos de interrupções na cadeia de suprimentos por causa da pandemia enquanto a economia se reabre e o ritmo de vacinação é acelerado. A mensagem foi de que a atividade econômica americana se expande “em um ritmo moderado”.

O Ibovespa registrou alta de 1,03%, a 129.601 pontos com volume financeiro negociado de R$ 40,651 bilhões. Foi a quarta vez consecutiva em que o benchmark bateu seu recorde histórico, encostando nos 130 mil pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial teve queda de 1,2% a R$ 5,084 na compra e a R$ 5,084 na venda, no menor valor desde 18 de dezembro, quando a moeda dos EUA encerrou cotada a R$ 5,083. Já o dólar futuro com vencimento em julho registra perdas de 1,41% a R$ 5,089.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu um ponto-base a 5,10%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de sete pontos-base a 6,69%, o DI para janeiro de 2025 recuou 12 pontos-base a 7,78% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de 11 pontos-base a 8,33%.

Voltando ao exterior, apesar de notícias sobre suspensão temporária da produção, as ações da Toyota, no Japão, subiram 2,18%, e as da Honda, 4,55%. Foi informado que as fabricantes de automóveis suspenderam temporariamente a produção na Malásia devido ao lockdown nacional, que se iniciou na terça.

Já na Europa, o temor quanto à inflação e uma potencial mudança de política do Fed pesam sobre o mercado. Investidores dos dois lados do Atlântico aguardam a divulgação de dados de emprego dos EUA nesta semana, assim como as próximas reuniões do Fed e do Banco Central Europeu.

Entre os indicadores econômicos da região, foi divulgada a inflação medida pelo IPP (Índice de Preços ao Produtor) na Zona do Euro, que marcou 7,6% em abril na comparação anual, frente a projeção de 7,3% e ao patamar anterior, de 4,3%.

Covid no Brasil

Na terça (1º), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.870, queda de 4% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 2.346 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 61.370, queda de 5% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 77.898 casos. 46.224.872 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 21,38% da população. A segunda dose foi aplicada em 22.374.235 pessoas, ou 10,57% da população.

Em sua fala à CPI do Senado, a médica Nise Yamaguchi negou a tentativa de mudar a bula da cloroquina de forma que ela passasse a recomendar o remédio contra a Covid. O medicamento é recomendado para tratar o protozoário causador da malária, mas não tem eficácia cientificamente comprovada contra a Covid.

A fala de Nise contradiz os depoimentos do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, e do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres.

Nise também afirmou desconhecer a existência de um “gabinete paralelo” que orientava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à margem das recomendações do próprio Ministério da Saúde. Ela afirmou que opinava como cientista em reuniões técnicas do Ministério.

Em determinado momento da CPI, o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico, pressionou Nise com questões técnicas sobre o coronavírus, e a questionou sobre a diferença entre um vírus e um protozoário.

Nesta quarta, fala à CPI a infectologista Luana Araújo. Ela permaneceu 10 dias no governo, como secretária do Ministério da Saúde responsável pelo combate à Covid. Com seu depoimento, os senadores devem obter informações sobre a gestão de Marcelo Queiroga, que será ouvido pela segunda vez na semana que vem.

Além disso, o presidente Jair Bolsonaro elogiou na terça-feira o acordo de transferência de tecnologia por meio do qual a Fiocruz passará a produzir vacinas da AstraZeneca contra Covid-19. O contrato dá ao Brasil as diretrizes sobre a fórmula e o passo a passo da produção, de modo que o país deixará de precisar importar o IFA (ingrediente farmacêutico ativo) da China. A Fiocruz passará a ter o direito de produzir e entregar o insumo.

Bolsonaro aproveitou o evento para elogiar o trabalho dos ex-ministros general Eduardo Pazuello, da Saúde, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, na negociação. “Nisso que acabamos de assinar agora, ou melhor, fazer aqui uma devida ressalva, cumprimentar o trabalho do antecessor do Queiroga, o Eduardo Pazuello, e do antecessor também do Carlos França, Ernesto Araújo, que trabalharam e muito nessa questão deste acordo que acabamos de assinar”, disse ele.

Mais cedo, Pazuello havia sido nomeado para o cargo de secretário de Estudos Estratégicos da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República.

O ex-ministro, que é general da ativa, vai despachar no Palácio do Planalto, no momento em que enfrenta um processo disciplinar no Exército por ter participado de um ato político em defesa do governo, no Rio de Janeiro, há 10 dias. Esse tipo de participação é vedado aos militares da ativa.

Bolsonaro aproveitou a cerimônia de assinatura do contrato de transferência tecnológica para anunciar que os governadores do Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal concordaram em sediar jogos da Copa América.

Ao iniciar seu discurso, Bolsonaro disse que serão observados no torneio os mesmos protocolos de segurança sanitária da Copa Libertadores.

E o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de cinco dias para o presidente Jair Bolsonaro para explicar sobre aglomerações, o não uso de máscaras e outras medidas de prevenção ao Covid-19, em ação movida pelo PSDB.

O partido cobrou do STF que exija que Bolsonaro cumpra as medidas preconizadas pelo Ministério da Saúde no enfrentamento à pandemia. Fachin determinou que, no mesmo prazo, a Advocacia-Geral da União e a Procuradoria-Geral da República se pronunciem antes de decidir sobre o assunto.

Guedes, crise hídrica e Bolsonaro no Patriota

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu na terça-feira, após o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, que o crescimento da atividade econômica naturalmente colocará pressão sobre o risco hidrológico que o país vivencia.

“Isso é uma dimensão de Ministério de Minas e Energia, eles estão atentos a isso, estão tomando as providências que acham cabíveis. Agora, nós vamos crescer, e isso, naturalmente, vai botar alguma pressão”, afirmou Guedes quando questionado sobre uma eventual crise hídrica no país. De acordo com ele, a atual conjuntura mostra que o país precisa privatizar a Eletrobras.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) criou um “gabinete de situação”, equivalente a um gabinete de crise, para monitorar as condições de suprimento. Na semana passada, o governo emitiu alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro em cinco Estados, que se seguiu ainda ao registro das piores chuvas em 91 anos entre setembro e maio, informou o Ministério da Agricultura.

O presidente Bolsonaro também falou na terça sobre a perspectiva de se filiar ao Patriota, um dia após a filiação de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro. “Está quase certo, estamos negociando, é como um casamento, né? Tem que ser programado, planejado, para não dar problema”, disse Bolsonaro, em conversa no Palácio da Alvorada.

Após o fracasso na tentativa de criar um partido próprio, o Aliança pelo Brasil, Bolsonaro começou a ser assediado por partidos para se filiar com o intuito de disputar a eleição presidencial no próximo ano.

Ainda em destaque, deputados aprovaram em sessão do Congresso Nacional na terça projeto que recompõe mais de R$ 19,767 bilhões a despesas primárias obrigatórias reduzidas durante a tramitação da Lei Orçamentária Anual deste ano para o pagamento, em boa parte, de benefícios sociais. Aprovada no final de março, a lei orçamentária é alvo de críticas por não ter destinado valores o suficiente para despesas obrigatórias.

O Projeto de Lei do Congresso Nacional 4 ainda precisa ser analisado pelos senadores, em uma sessão do Congresso Nacional convocada para a tarde desta terça-feira. Segundo a Frente Parlamentar da Agropecuária, R$ 3,68 bilhões são para subvenção aos programas de financiamento agropecuário do Plano Safra, o principal programa governamental para financiamento da agricultura brasileira, especialmente de pequenos e médios produtores.

Radar corporativo

A BB Seguridade afirmou nesta terça-feira que não recebeu comunicação formal sobre nomeação de um novo presidente-executivo por parte seu controlador. O comunicado do grupo, braço de seguros e previdência do Banco do Brasil BBAS3.SA, veio após a versão online do jornal O Estado de S.Paulo ter publicado na véspera que o executivo Amauri Aguiar de Vasconcelos deve ser o novo presidente da BB Seguridade.

A empresa brasileira de meios de pagamentos StoneCo informou na véspera que teve lucro líquido de R$ 158,3 milhões no primeiro trimestre, o que representa um aumento de 15,5% em relação à mesma etapa do ano passado. A empresa informou também que teve adição líquida de 138 mil clientes únicos de janeiro a março e que espera ter de 1,4 milhão a 1,5 milhão de clientes ativos em pagamentos neste ano e que seu lucro e receita acelerem significativamente ante 2020.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
PETR3 4.95777 28.58
BRKM5 4.81724 55.92
BRFS3 4.11056 29.38
BBDC4 3.90236 28.12
VVAR3 3.68497 14.35

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
B3SA3 -3.89831 17.01
SULA11 -3.34668 33.79
LWSA3 -3.15662 23.93
USIM5 -2.77916 19.59
ENEV3 -2.46711 17.79

As aquisições também movimentam o noticiário corporativo desta quarta: o Fleury anunciou nesta terça-feira a compra de 100% do Laboratório Pretti e do Laboratório Bioclínico, marcando a entrada da companhia especializada em diagnósticos médicos no Estado do Espírito Santo. O Fleury pagou R$ 193,1 milhões pelo Laboratório Pretti, enquanto desembolsou outros R$ 122 milhões para assumir o Laboratório Bioclínico. Já a Rede D’Or São Luiz concluiu a compra do Hospital Serra Mayor, de São Paulo, por R$ 130 milhões. Já a Dasa  celebrou contrato para a compra de 100% da HBA – Assistência Médica e Hospitalar por R$ 850 milhões.

A Ambipar, por sua vez, anunciou a compra de 70% de participação na Centro Oeste Resíduos; o valor da operação não foi revelado.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.