Ibovespa fecha em alta de 1,97% e se aproxima dos 98 mil pontos com eleição nos EUA em foco; dólar cai a R$ 5,65

Mercado comemora redução das incertezas com as chances menores de uma "Onda Azul" no Senado americano

Ricardo Bomfim

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte alta nesta quarta-feira (4) com os investidores atentos à apuração das urnas nas eleições dos Estados Unidos e aos avanços de votações no Congresso brasileiro.

No Senado, foi aprovado o projeto que garante a autonomia do Banco Central, enquanto o Congresso derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha de pagamentos. Contudo, este segundo resultado acabou não tendo impacto nos preços diante da maré otimista global.

Lá fora, as ações de tecnologia puxaram as bolsas, uma vez que a disputa voto a voto nas eleições tornou bastante improvável que os democratas assumam a maioria no Senado e na Câmara ao mesmo tempo. Uma “Onda Azul” poderia levar a aumentos de impostos e divisões de empresas de tecnologia para aumentar a concorrência no setor, algo que deixava investidores preocupados.

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Faltando os resultados de Alasca, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada e Pensilvânia, o democrata Joe Biden lidera com 248 delegados a 214.

O atual presidente, Donald Trump, apesar de ter levado Flórida, Ohio e Texas, estados que costumam garantir eleições, acabou perdendo no Wisconsin e, por enquanto, está sendo derrotado também em Michigan e Nevada. Se o quadro se confirmar, Biden será eleito.

Um dos trunfos do democrata são os votos antecipados pelo correio. Essa contagem, que pode levar dias para ser concluída, tende a favorecê-lo. Trump disse que iria à Suprema Corte para pedir a interrupção da contagem dos votos.

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Com isso, o Ibovespa fechou em alta de 1,97% a 97.866 pontos com volume financeiro negociado de R$ 29,365 bilhões.

Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 1,34% a 27.847 pontos, o S&P 500 teve alta de 2,20% a 3.443 pontos
e o Nasdaq registrou ganhos de 3,85% a 11.590 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 1,89% a R$ 5,652 na compra e a R$ 5,653 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava desvalorização de 1,77%, a R$ 5,657 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu cinco pontos-base a 3,46%, o DI para janeiro de 2025 teve queda de 17 pontos-base a 6,75% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de 15 pontos-base a 7,54%.

Entre os indicadores nacionais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje a produção industrial, que avançou 2,6% em setembro frente a agosto, consolidando após cinco meses consecutivos de crescimento a eliminação da queda de 27,1% ocorrida entre março e abril com a paralisação por conta da pandemia.

Autonomia do BC

O Senado aprovou na noite de ontem por 56 votos a favor e 12 contra proposta que concede ao banco central a tão desejada autonomia formal, ao mesmo tempo que adiciona uma meta de pleno emprego à sua principal meta de inflação.

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A proposta segue agora para a Câmara, onde também conta com o apoio do presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), embora não possa ir à votação em plenário este ano. O projeto aprovado pelos senadores estabelece mandatos de quatro anos para todos os membros do conselho do BC e estabelece regras rígidas para sua destituição, além de garantir que seus mandatos não coincidam com os do presidente do país.

Já segundo a Agência Câmara, Rodrigo Maia vai colocar em votação, logo após o primeiro turno das eleições municipais, o Projeto de Lei Complementar que permite a oferta de crédito aos estados com lastro da União, condicionado a ajuste fiscal.

Caso das rachadinhas

Após mais de dois anos de investigação do Ministério Público do Rio, o senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia se dá no âmbito do Caso Queiroz, como ficou conhecido o processo das “rachadinhas” supostamente praticadas pelo filho do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.

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Além de Flávio, foram denunciados o ex-assessor Fabrício Queiroz, apontado como operador do esquema, e outros 15 ex-assessores. O MP fala ainda em apropriação indébita.

Radar corporativo

Mais uma vez, o destaque fica para a temporada de resultados. O Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,030 bilhões no terceiro trimestre de 2020, 29,7% menor em relação ao mesmo período do ano passado, quando totalizou R$ 7,156 bilhões, devido ao grande colchão contra perdas montado no contexto da pandemia. Apontando para uma retomada da economia, o resultado foi 19,6% melhor do que o trimestre imediatamente anterior. O resultado ocorre diante de menores despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa, especialmente vindo do banco de atacado do Itaú.

O IRB Brasil Re  registrou prejuízo líquido de R$ 229,8 milhões no terceiro trimestre de 2020, alta de 1.066,50% frente ao resultado negativo de R$ 19,7 milhões vistos um ano antes, mas queda de 66,46% na comparação com as perdas de R$ 685,1 milhões registradas no segundo trimestre de 2020. A resseguradora divulgou seu resultado na terça-feira (3) à noite.

Já o frigorífico Minerva teve lucro líquido de R$ 58,3 milhões no terceiro trimestre, ante prejuízo de R$ 82,7 milhões na mesma etapa de 2019.

A TIM obteve lucro líquido normalizado de R$ 390 milhões no terceiro trimestre de 2020, queda de 21% em comparação com o mesmo período de 2019. No entanto, o lucro poderia ter sido 60% maior se não fosse o descasamento na contabilidade de itens tributários, informou a operadora. PetroRio, Iochpe-Maxion, ABC Brasil também divulgaram seus números.

A oferta pública inicial de ações da Méliuz saiu a R$ 10 por ação.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.