Ibovespa fecha em alta de 0,6% com expectativa de que Câmara mantenha veto de Bolsonaro; dólar tem máxima em 3 meses

Índice reverteu a forte queda registrada pela manhã, quando chegou a perder os 100 mil pontos, enquanto dólar amenizou os ganhos com atuação do BC

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (20) depois de chegar a perder os 100 mil pontos no início da sessão. O principal driver da sessão foi a expectativa de que a Câmara dos Deputados reverta a decisão tomada pelo Senado ontem de derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste de servidores.

A oposição pediu pelo adiamento da sessão, tática comumente utilizada pelo grupo que não tem maioria. Além disso, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que preside a sessão, e o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), disseram à equipe de análise da XP Política que, pelas suas contas, o veto será votado e mantido nesta tarde.

Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu o veto de Bolsonaro ao lado de lideranças do Centrão. “Estamos trabalhando para que a gente consiga na tarde de hoje manter o veto. Não tem nada contra o servidor”, destacou Maia.

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Na véspera, a decisão do Senado de ressuscitar o reajuste a servidores gerou reações bastante adversas de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente da República disse que a derrubada geraria um prejuízo de R$ 120 bilhões e tornaria o País ingovernável, enquanto Guedes afirmou que usar dinheiro da Saúde para aumentar salário de servidor era um crime.

Segundo Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, as falas de Maia ajudaram a melhorar o humor do mercado, pois sinalizam que a decisão dos senadores pode ser derrubada na Câmara hoje.

O veto foi negociado ainda no primeiro semestre com o Congresso. O governo garantiria um pacote de R$ 120 bilhões de socorro financeiro a estados e municípios em troca do congelamento dos salários. No entanto, o então líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), aproveitou apoio do presidente Jair Bolsonaro para negociar uma brecha para garantir reajuste para algumas categorias.

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Essa brecha, no entanto, foi vetada por Bolsonaro após intervenção de Guedes, que alertou ao presidente do impacto fiscal que teria a medida.

O Ibovespa subiu hoje 0,61%, aos 101.467 pontos com volume financeiro negociado de R$ 28,35 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial reduziu alta e fechou com valorização de 0,43%, cotado a R$ 5,5526 na compra e R$ 5,554 na venda. Foi o maior patamar de fechamento do câmbio desde 22 de maio, quando encerrou a sessão em R$ 5,5739. Já o dólar futuro para setembro tem leve queda de 0,29%, a R$ 5,544 no after-market.

Foram realizados dois leilões de dólar à vista hoje. No primeiro, o Banco Central vendeu US$ 590 milhões, e no segundo foram mais US$ 550 milhões, totalizando US$ 1,14 bilhão. Foram os primeiros leilões da moeda no mercado spot em quase dois meses.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu dois pontos-base, a 2,78%, o DI para janeiro de 2023 recuou nove pontos, a 3,96% e o DI para janeiro de 2025 teve queda de 13 pontos-base a 5,79%.

No exterior, os índices dos EUA registraram alta com as ações de grandes empresas de tecnologia ofuscando o aumento nos pedidos de seguro-desemprego no país, que chegaram a 1,1 milhão na semana passada depois de ficarem em 923 mil na semana anterior.

Apesar disso, os conflitos geopolíticos são outra fonte de preocupação. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, alertou que Rússia e China não violem às sanções impostas ao Irã.

Soma-se ao cenário de maior aversão ao risco o avanço do novo coronavírus em várias partes do mundo, em particular na Coreia do Sul, e a decisão do Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) decidir manter inalteradas suas taxas de juros de referência para empréstimos de curto e longo prazos pelo quarto mês seguido, em 3,85% e 4,65%, respectivamente.

Auxílio emergencial 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou nesta quarta-feira a extensão do auxílio emergencial, mas a um valor menor do que os R$ 600 atualmente pagos. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, disse que havia uma confiança mútua entre ambos.

Segundo a agência Reuters, o governo estuda uma medida provisória (MP) que manteria o auxílio para além de agosto, mas em um valor menor. Se o atual decreto for prorrogado, o benefício não pode sofrer alteração de valor.

Na quarta-feira, Bolsonaro afirmou que estava em busca de um novo valor pelo auxílio, sinalizando que R$ 200, valor defendido pelo governo no início da pandemia do coronavírus, seriam insuficientes, mas que a manutenção em R$ 600 era inviável.

Radar corporativo

Questionada pela CVM, a Sabesp divulgou um fato relevante para explicar o plano de capitalização da empresa anunciado pelo governador de São Paulo, João Doria. A companhia alegou que não tomou conhecimento sobre o plano de reorganização societária.

Segundo o fato relevante, a companhia buscou maiores informações com o seu controlador, o estado de São Paulo, e foi informada que não há decisão sobre um processo de capitalização porque o grupo de trabalho do Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização, instituído em 24/04/2019, não concluiu suas atividades.

E o fundo de investimentos de Abu Dhabi Mubadala está propondo injetar capital na produtora de etanol Atvos, mas apenas se os credores aceitarem menores pagamentos em uma reestruturação da dívida, segundo a agência Reuters.

A Atvos tem uma dívida em torno de R$ 15 bilhões. Nessa semana, a empresa teve o seu plano de reestruturação confirmado por um juiz do Estado de São Paulo, evitando a falência da empresa.

A companhia, antes conhecida como Odebrecht Agroindustrial, comprometeu-se a reduzir pela metade o nível de endividamento. A Atvos só começará a pagar credores em 2022, conseguindo fôlego para sobreviver, de acordo com o plano.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.