Ibovespa fecha em alta com exterior apesar de adiamento do programa Pró-Brasil; dólar cai a R$ 5,59

Wall Street puxa mercados financeiros globais graças à retração do coronavírus nos EUA

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (24) puxado pelo exterior mais positivo graças a notícias de novos tratamentos para o coronavírus nos Estados Unidos e com a redução no número de novas infecções no país. Hoje, o índice S&P 500 renovou máxima histórica de fechamento subindo 1,00% a 3.431 pontos. Os índices Dow Jones e Nasdaq também registraram ganhos.

Desde o pico de 64 mil novos casos em 26 de julho, a universidade de Johns Hopkins não registrou mais de 49 mil novas infecções nenhuma vez e, no domingo, o país teve menos de 37 mil casos.

Além disso, neste fim de semana, o governo dos EUA autorizou o uso de plasma no tratamento de pacientes com Covid-19 no país. Além disso, a gestão de Donald Trump está considerando acelerar os testes de uma vacina experimental desenvolvida no Reino Unido para ser usada antes das eleições presidenciais, segundo o Financial Times.

Continua depois da publicidade

Do lado doméstico, foi negativa a decisão do governo de adiar o anúncio “Big Bang” do megapacote de medidas nas áreas social e econômica, inicialmente previsto para terça-feira (25).

O evento tinha na programação o anúncio do novo formato do programa Pró-Brasil, com a criação do Renda Brasil – que substituirá o Bolsa Família a partir da incorporação de outros programas sociais; da chamada Carteira Verde-Amarela, com medidas para geração de empregos; novos marcos legais; e ações de cortes de despesas. A ideia do governo é manter o anúncio para esta semana.

Com o noticiário internacional se sobrepondo ao interno, o Ibovespa teve alta de 0,77%, aos 102.297 pontos com volume financeiro negociado de R$ 23,093 bilhões.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, o dólar comercial terminou com leve queda de 0,23% a R$ 5,5912 na compra e a R$ 5,5942 na venda. O dólar futuro para setembro tinha queda de 0,55%, a R$ 5,597 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu quatro pontos-base a 2,74%, o DI para janeiro de 2023 recuou cinco pontos, a 3,90%, o DI para janeiro de 2025 teve variação negativa de três pontos-base a 5,73% e o DI para janeiro de 2027 desvalorizou cinco pontos-base a 6,74%.

Também trouxe otimismo hoje as menores tensões entre EUA e China. Segundo a imprensa, a equipe do presidente Donald Trump tem assegurado às empresas locais de que elas ainda podem fazer negócios com o aplicativo de mensagens WeChat na China.

Continua depois da publicidade

Entre os indicadores, os economistas do mercado financeiro preveem uma queda menor do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 esta semana, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. A mediana das projeções foi de -5,52% na semana passada para -5,46% agora. Para 2021, foi mantida a previsão de crescimento de 3,50%.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a expectativa para 2020 foi elevada de 1,67% para 1,71%. Já para 2021, a projeção continuou em avanço de 3,00%.

Para o dólar, os economistas esperam que o câmbio termine o ano de 2020 em R$ 5,20 e o ano de 2021 em R$ 5,00.

Continua depois da publicidade

Sobre a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, as projeções para 2020 mantiveram-se em 2,00% ao ano e as expectativas para 2021 subiram de 2,75% para 3,00% ao ano.

Impasses do “Big Bang”

Os principais obstáculos envolvem o valor do benefício do Renda Brasil e dúvidas sobre o encaminhamento de uma proposta de reforma administrativa – prometida pelo governo federal desde o ano passado. Também havia divergências em relação às obras contempladas pela carteira de investimentos que será anunciada.

De todo o pacote em preparação, apenas o Casa Verde-Amarela teve anúncio mantido para amanhã. O programa, comandado pelo ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) visa reformular o Minha Casa Minha Vida, que, assim como o Bolsa Família, foi uma das marcas dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Continua depois da publicidade

Alguns dos pontos na lista são considerados polêmicos e exigirão elevada capacidade de articulação política do governo nas duas casas legislativas, em um momento de relações mais tensas com os senadores, após a derrubada de veto presidencial e declarações agressivas de Paulo Guedes.

Assessores de Bolsonaro têm defendido que o presidente apresente as medidas do novo Pró-Brasil a líderes partidários da nova base aliada, em um aceno aos parceiros no parlamento.

Reforma tributária

A estratégia do governo é buscar um acordo para votação da reforma tributária até outubro, buscando uma fusão integral dos tributos de consumo. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o secretário da Receita Federal, José Tostes, disse que uma fusão de todos os impostos – PIS/Cofins (governo federal), ICMS (Estados) e ISS (municípios) – é a melhor solução.

O secretário propõe que a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), tributo previsto na proposta do governo que reúne o PIS e Cofins, entre em vigor antes para a implantação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) amplo. Segundo ele, as etapas da reforma deverão ser decididas nas próximas semanas.

No front político, declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro foram destaque no domingo e repercutem nesta manhã. Após ser questionado sobre depósitos feitos pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente ameaçou de agressão um jornalista do jornal O Globo.

A pergunta feita pelo jornalista (“Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”) passou a ser compartilhada por jornalistas, artistas, políticos e outros usuários do Twitter.

Radar corporativo

Na esfera corporativa, o mercado aguarda os resultados do segundo trimestre da Ser Educacional e da Lojas Marisa. Além disso, será definido nesta segunda-feira o preço por ação da Rumo, que prepara uma oferta primária de ações.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
ELET3 9.74464 37.39
ELET6 8.02201 37.3
EMBR3 5.52486 7.64
AZUL4 3.96496 22.55
GOLL4 3.55731 18.34

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
YDUQ3 -6.09718 30.34
IRBR3 -3.41048 7.93
COGN3 -2.89634 6.37
CYRE3 -1.86537 24.2
WEGE3 -1.6716 66.47

Também são esperados para esta semana novos lances na disputa pela Linx, enquanto o conselho de administração da Tecnisa deve avaliar a possível combinação entre Gafisa e Tecnisa. No último dia 19, a Tecnisa informou ter recebido, de forma inesperada, uma proposta do Bergamo Fundo para combinação de negócios com a Gafisa (GFSA3).

Ainda no radar corporativo, a Petrobras assinou a venda de 8 campos na Bahia por US$ 94,2 milhões, divulgou teaser para venda de ativos no Espírito Santo, enquanto a Azul teve o rating rebaixado pela agência de classificação de risco Fitch de B- para CCC.

Regra dos 10 tiros: aprenda a fazer operações simples que podem multiplicar por até 10 vezes o capital investido. Inscreva-se!

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.