Ibovespa opera entre perdas e ganhos com investidores atentos a coronavírus e avanço do crédito

Mercado continua repercutindo os temores em torno do avanço do vírus que surgiu na China

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa volta a apresentar leve baixa na tarde desta quinta-feira (27) após iniciar o pregão ainda no modo pânico pelo coronavírus e depois chegar a subir na esteira da alta dos bancos. As ações de instituições financeiras puxaram essa virada de mais de três mil pontos do índice, com ganhos de 2,9% do Itaú Unibanco, de 2% Bradesco, além da disparada de 4,2% de Banco do Brasil.

No noticiário do setor, o Banco Central divulgou dados de crédito de janeiro. Os dados de empréstimos bancários mostraram que as condições gerais de crédito melhoraram em janeiro, principalmente com relação ao crédito para pessoas físicas, destaca análise do Goldman Sachs.

Às 16h07 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,45%, aos 105.239 pontos. Já o dólar comercial tem alta de 0,74%, a R$ 4,4763 na compra e R$ 4,4771 na venda.

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Hoje, o Banco Central ofertou mais 20 mil contratos de swap cambial, que se somam aos 10 mil vendidos ontem. Todos foram colocados no leilão.

Na véspera, a Bolsa teve seu pior pregão desde 18 de maio de 2017 no “Joesley Day”. O coronavírus segue como principal driver dos mercados globais, derrubando as bolsas asiáticas, europeias dos Estados Unidos.

Um dos desdobramentos do noticiário sobre a doença hoje foi a informação trazida pelo governo americano de um caso de origem desconhecida no Condado de Solano, Estado da Califórnia.

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A Coreia do Sul, onde o surto ganhou força, informou 505 novos casos do coronavírus nesta quinta-feira, elevando para 1.766 o número de pessoas infectadas. Com os novos casos de hoje, a Coreia do Sul ultrapassou a China no número de casos diários – a China reportou ter tido hoje 452 novos casos, informa a CNBC.

Na Itália, onde o surto se instalou principalmente no Norte do país, o governador da rica região da Lombardia, Attilio Fontana, informou que ficará recolhido em quarentena, após um assessor ter contraído o coronavírus. O número de casos na Itália ultrapassa 400, com 12 mortes.

Ontem à noite, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que seu vice-presidente, Mike Pence, irá coordenar os esforços de combate ao coronavírus no país. Trump admitiu, porém, que a disseminação do coronavírus nos EUA não é inevitável. A Microsoft se somou à Apple e HP ao rebaixar perspectiva de resultado devido ao vírus.

No mercado de commodities, o petróleo tem 5ª baixa seguida, para menos de US$ 49, com receio de que uma pandemia afete o crescimento global, enquanto os metais recuam em Londres e minério de ferro tem 4ª baixa em Cingapura.

Entre os indicadores, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu 2,1% no quarto trimestre, em linha com a expectativa mediana dos economistas de acordo com o consenso Bloomberg. No terceiro trimestre, o PIB dos EUA também avançou 2,1%.

Já o Tesouro Nacional brasileiro divulgou o resultado primário do governo central de janeiro, que mostrou superávit primário de R$ 44,124 bilhões. A expectativa era de um superávit de R$ 40,4 bilhões. O governo também reduziu a previsão da dívida bruta de 2020 de 78,2% para 77,9% do PIB.

Crédito

O crédito alocado livremente a pessoas físicas teve alta de 12,2% em janeiro na base anual, ante alta de 11,9% em dezembro de 2019. As taxas de empréstimos para empresas aumentaram 130 pontos-base em janeiro (para 17,6%).

“Os empréstimos de bancos públicos e o crédito a empresas permanecem fracos (principalmente o crédito direcionado), mas destacamos que as empresas vêm substituindo o crédito bancário por outras fontes de financiamento baseadas no mercado de capitais. Finalmente, as inadimplências de empréstimos corporativos aumentaram 20 pontos-base, para 2,3%, ainda baixos, mas as inadimplências de empréstimos a pessoas físicas caíram 10 pontos-base, para 4,9%”, avalia o banco.

Assim, o banco espera que as condições de crédito melhorem levemente nos próximos meses, à medida que o risco de crédito modere com a recuperação econômica gradual prevista, e a demanda de crédito seja sustentada pela melhoria gradual prevista no cenário do mercado de trabalho e por um declínio nas taxas.

Tensão com Congresso

Conforme destaca o jornal O Estado de S. Paulo, a equipe econômica já começa a ver riscos de não avançarem rapidamente, neste primeiro semestre, as três pautas que eram dadas como certas para aprovação pelo Congresso: o projeto de autonomia do Banco Central e as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) Emergencial e dos fundos públicos.

Os ânimos mais acirrados com o Parlamento, depois que o presidente Jair Bolsonaro disparou de seu celular um vídeo convocando apoiadores a irem às ruas para defendê-lo contra o Congresso, colocou a pauta em suspense e ampliou as incertezas da agenda econômica.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é o mais cobrado pelas lideranças partidárias da Câmara e do Senado, que o acusam de ter descumprido o acordo do Orçamento impositivo, que amplia poderes dos parlamentares na destinação dos recursos para programas e ações do governo.

Noticiário corporativo 

A Eletrobras comunicou na noite de ontem que o CPPI, órgão federal ligado à presidência da República, recomendou que a estatal seja excluída do Plano Nacional de Desestatização, comandado pelo Ministério da Economia.

Segundo a empresa, a recomendação foi publicada na Resolução 109 de 19 de fevereiro. Já o Banco do Nordeste informou que planeja aumentar o seu capital social em R$ 1,7 bilhão, com a incorporação de lucros dos exercícios anteriores. A medida depende de aprovação em Assembleia no dia 27 de março.

No noticiário corporativo nacional, foram divulgados os dados da Ambev: a maior fabricante de cerveja e refrigerantes da América Latina teve lucro líquido de R$ 12,188 bilhões em 2019, 7,4% acima dos R$ 11,347 bilhões registrados em 2018.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.