Ibovespa e dólar operam sem direção entre dados da China e falas de Trump

Mercado não tem uma direção definida em semana decisiva para a reforma da Previdência e que conta com muita volatilidade no mercado externo também

Ricardo Bomfim

Gráfico de cotações de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa e o dólar operam sem direção nesta segunda-feira (30) divididos entre o otimismo por dados mais fortes da indústria chinesa e a cautela inspirada por falas do presidente americano Donald Trump que podem ser interpretadas como um endurecimento do discurso contra a China.

Os investidores também estão cheios de expectativas pela viagem da delegação chinesa liderada pelo principal negociador da China, Liu He, aos Estados Unidos para tratar da guerra comercial. A semana ainda reserva no Brasil a votação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Às 10h13 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha leve queda de 0,03% a 105.042 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial tem leve baixa de 0,05% a R$ 4,152 na compra e a R$ 4,154 na venda. O dólar futuro com vencimento em outubro tem leve alta de 0,12% a R$ 4,160.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 fica estável a 4,96%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 recua um ponto-base a 6,04%.

Hoje no Twitter, Trump afirmou que os EUA finalmente perceberam as intenções da China de se tornar a maior potência econômica e militar do mundo e estão agindo para impedir isso. De acordo com o presidente dos EUA: “nós estamos vencendo e nós vamos vencer, eles [os chineses] não deveriam ter quebrado o acordo que tínhamos com eles”.

Entre os indicadores, a pesquisa Focus chancelou previsão de Selic abaixo de 5%. Projeções passaram de 5% para 4,75% para 2019, após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e Roberto Campos terem ocupado o noticiário na semana passada.

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Ao mesmo tempo, a estimativa para o dólar foi elevada de R$ 3,95 para R$ 4 neste ano e de R$ 3,90 para R$ 3,91 em 2020, sem implicações significativas nas estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para o Produto Interno Bruto (PIB), ficou mantida a previsão de 2%.

Também merece destaque na semana a conclusão do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira, dia 2, sobre o direito dos delatados se manifestarem posteriormente aos delatores, em análise de caso relacionado à operação Lava Jato.

Já o ministro da Economia Paulo Guedes costura com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, o envio ao Congresso de um bloco de medidas para destravar a economia e auxiliar no ajuste fiscal. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o plano é conciliar uma “agenda da transformação” com as ações de curto prazo para fechar o orçamento de 2020, sem apelar a medidas como a recriação da CPMF.

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Noticiário Corporativo

O Estadão destaca que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá perder até R$ 14,6 bilhões com o grupo Odebrecht, segundo o presidente do banco, Gustavo Montezano. A estimativa faz parte do esforço de explicação da suposta “caixa-preta” do BNDES. De acordo com a publicação, parte dessa perda potencial ficará com o Tesouro Nacional, que deu garantia em empréstimos para outros países contratarem a empreiteira em obras de infraestrutura.

A Vale (VALE3) informou que, por força de determinação judicial, foram solicitadas providências relacionadas às barragens Pondes de Rejeitos e Captação de Águas, da Mina do Igarapé Bahia, provenientes de operações paralisadas de ouro. A Vale esclareceu que essas estruturas estão definitivamente inativas desde 2002 e são classificadas como de baixo risco pela Agência Nacional de Mineração.

Ainda sobre a Vale, oito meses após o rompimento da barragem de Brumadinho, os bombeiros localizaram mais um corpo de uma das vítimas do desastre, que ainda não foi identificada. Antes dessa descoberta, o número de mortos chegava a 249 e o de desaparecidos somava 21 pessoas.

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Por fim, a Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou na sexta-feira um reajuste de 2,5% no preço do litro da gasolina vendida nas refinarias para as distribuidoras. O novo valor já está valendo, mas o preço final ao consumidor dependerá de cada posto de combustível. O preço do diesel não foi reajustado. O reajuste anterior da gasolina havia sido em 19 de setembro, de 3,5%.

Bolsas Internacionais

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em queda, às vésperas da região ingressar no feriado prolongado por conta da comemoração dos 70 anos da chegada do Partido Comunista Chinês ao poder, o que vai fechar os mercados da China e de Hong Kong ao longo desta semana. Nem mesmo dois indicadores de atividade econômica chineses, que vieram com resultados acima do esperado, garantiram um pregão de alta na China.

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da China, que mede grandes empresas e estatais, ficou em 49,8 em setembro, pouco acima dos 49,5 projetados pelos analistas consultados pela Reuters, cita a CNBC. No mês anterior, o indicador havia ficado em 49,5. Cabe lembrar que medições acima de 50 indicam expansão e abaixo, contração.

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Já o PMI da Caixin /Markit, que apresenta um mix maior com pequenas e médias empresas, apontou para 51,4 em setembro, acima do projetado pela Reuters, mas pouco abaixo do reportado em agosto, de 50,4. Os dados são importantes para demonstrar quais vêm sendo os impactos da guerra comercial na economia chinesas.

Sobre a guerra comercial, a mídia estatal chinesa afirmou que medidas como o fechamento de empresas chinesas das bolsas americanas “devem ter repercussões significativas para as economias chinesa e norte-americana, bem como suas empresas, no futuro”.

A Casa Branca teria discutido algumas restrições aos investimentos dos EUA na China, disse uma fonte familiarizada com o assunto à CNBC. Contudo, funcionários do governo Trump negaram hoje, embora parcialmente, a notícia sobre medidas de restrição financeira à China, que incluiriam a deslistagem de companhias, o que levou a um movimento de alta, ainda que tímido, para os índices futuros americanos.

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Na Europa, as bolsas operam de forma mista no início desta manhã, em meio às preocupações com a disputa comercial sino-americana. Na região, segue a preocupação também sobre o Brexit, com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, descartando a renúncia, mesmo que não obtenha um acordo para deixar a União Europeia.

Destaque ainda para o PIB do Reino Unidos, que cresceu 1,3% no segundo trimestre frente o mesmo período do ano passado, mas caiu 0,2% ante o primeiro trimestre. Entre os indicadores, as vendas do varejo na Alemanha cresceram 3,2% no mês de agosto na comparação anual. Os alemães publicam ainda hoje, às 9h00, o índice de preços ao consumidor.

Já a Eurostat divulgou os números de desemprego na zona do euro referentes a agosto, com as taxas recuando ao menor nível desde maior de 2008. Segundo a agência de estatísticas europeia, a taxa de desemprego ajustada sazonalmente na zona do euro ficou em 7,4%, inferior aos 7,5% de julho e aos 8,0% de agosto do ano passado.

Também merece destaque julgamento hoje na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, referente a um caso de 15 anos apresentado pelos EUA, que buscam compensações por supostos subsídios ilegais concedidos à fabricante de aviões Airbus por governos europeus. Caso seja confirmada uma decisão favorável aos EUA, bilhões de dólares em tarifas podem ser impostas às exportações europeias aos Estados Unidos.

Entre as commodities, os futuros de minério de ferro fecharam em alta, no último pregão antes da parada de uma semana por conta do feriado prolongado na China.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Senado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.