Ibovespa cai forte com incertezas a respeito do motivo para atuação emergencial do Fed

Mercado vira depois da euforia que se seguiu ao anúncio do banco central dos Estados Unidos

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em forte queda nesta terça-feira (3) seguindo o desempenho das bolsas internacionais. Lá fora, os índices Dow Jones e S&P 500 recuavam 2% em meio a análises de que o corte emergencial de juros promovido pelo Federal Reserve pode esconder algo que os investidores ainda não estavam precificando.

Segundo o Lucas Monteiro, trader de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, como o Fed já tinha uma reunião de política monetária marcada para o dia 18, essa redução emergencial nas taxas pode ser um sinal de que a crise com o coronavírus é mais grave do que se pensava.

Para Monteiro, a euforia inicial deu lugar a uma análise mais completa do que está acontecendo. “Aquela alta da Bolsa logo após o anúncio do corte foi uma primeira leitura, até provavelmente potencializada pela disseminação de robôs no mercado financeiro, de que a cavalaria estaria chegando para ajudar a economia global”, aponta.

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Lá fora, o apresentador da CNBC, Jim Cramer, destacou que a conjugação de uma queda de emergência nos juros com um corte tão profundo (50 pontos-base) parece uma medida muito extrema vinda do mesmo Fed que há meses usa de uma comunicação mais cautelosa e que até pouco tempo atrás não via espaço para reduzir mais as taxas.

Às 16h52 (horário de Brasília) o Ibovespa caía 1,52% a 105.003 pontos e o dólar comercial volta a subir 0,5% a R$ 4,5085 na compra e a R$ 4,5094 na venda. O dólar futuro para abril registra leves ganhos de 0,81% a R$ 4,518.

No mercado de juros futuros o contrato DI para janeiro de 2022 caía 19 pontos-base a 4,25%, o DI para janeiro de 2023 tinha queda de 16 pontos-base a 4,88% e o DI para janeiro de 2025 perde 11 pontos a 5,83%.

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No começo da tarde, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fez discurso explicando o corte de juros emergencial realizado hoje. Powell afirmou que está havendo uma revisão de todas as ferramentas disponíveis em política monetária, mas defendeu que as medidas tomadas hoje foram suficientes.

“O surto do vírus precisará de uma resposta de diversas frentes. Um corte de juros não vai resolver o problema na cadeia de oferta, mas vai acomodar as condições financeiras. É por isso que bancos centrais no mundo todo estão agindo nesse sentido”, explicou.

Mais cedo, o Federal Reserve cortou os juros americanos em 0,5 ponto percentual emergencialmente por conta do coronavírus. A taxa básica dos Estados Unidos está agora entre 1% e 1,25%.

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“O coronavírus apresenta riscos crescentes para a atividade econômica”, afirmou o Fed em comunicado. “À luz desses riscos e de forma a dar suporte ao emprego e às metas de inflação, o Comitê decidiu hoje reduzir os juros em 0,5 ponto”, destacou o comunicado.

Esse movimento do Fed foi a primeira atitude concreta tomada por um país do G-7 depois da teleconferência emergencial realizada hoje pelos membros do bloco. A conferência foi liderada por Powell e pelo secretário do Tesouro Americano, Steve Mnuchin.

Ao final da ligação, os ministros das Finanças das sete maiores economias do mundo disseram estar prontos e comprometidos a agirem mesmo com ferramentais fiscais onde for necessário para mitigar os impactos do coronavírus.

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Mais cedo, a Austrália já havia reduzidos os juros para um nível recorde.

Política

O Congresso promove sessão conjunta para análise dos vetos presidenciais, entre os quais o veto à proposta que torna obrigatória a execução das emendas orçamentárias.

O governo federal conta com o Senado para manter o controle de uma fatia de R$ 30 bilhões do orçamento da União em 2020, que os líderes do Congresso querem destinar para as emendas parlamentares, informa reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

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Segundo análise da XP Política, o Planalto segue apostando que o Senado não conseguirá reunir os 41 votos necessários para derrubar o veto presidencial.

No Senado, um risco político é a possível aprovação em caráter terminativo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) de uma nova política de valorização do salário mínimo, que soma expectativa de inflação pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita.

Super Terça

O Partido Democrata dos Estados Unidos realiza hoje a chamada Super Terça, com primárias em 14 Estados americanos. O favorito é o senador Bernie Sanders, que lidera a ala mais à esquerda, mas o ex-vice-presidente Joseph “Joe” Biden, que venceu no domingo na Carolina do Sul, está na disputa e pode surpreender, principalmente nos estados do Sul e da Costa Oeste, onde os eleitorados negro e latino-americano são mais fortes dentro do Partido Democrata. A estimativa é que um terço dos 2.700 delegados do Partido seja escolhido hoje. Veja mais clicando aqui.

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“Vale destacar que nos últimos dias vimos o panorama mudar bastante após vitória expressiva de Joe Biden na Carolina do Sul, que permitiu ao candidato se reposicionar como líder do centro”, dizem os analistas da XP. “Contribuirá positivamente também a desistência de três candidatos moderados, e a corrida parece caminhar para uma disputa entre Joe Biden e Bernie Sanders.”

Noticiário corporativo 

No Brasil, em dia de poucos indicadores, prossegue a safra de balanços – a BRF publicou hoje seus resultados, registrando um lucro líquido de R$ 690 milhões no quarto trimestre de 2019.

Ainda no noticiário corporativo, destaque para a aprovação, pelos acionistas da Azul (AZUL4) do subarrendamento de 29 jatos bimotores E-195 para a Breeze Aviation dos Estados Unidos, e também para os resultados publicados ontem à noite pela construtora MRV (MRVE3).

A Azul aprovou na noite de ontem o subarrendamento de 28 jatos bimotores E-195 da sua frota para a empresa americana Breeze Aviation. O objetivo da Azul é substituir sua frota inteira de E-195 por aviões E-2, uma versão mais econômica e moderna do jato bimotor da Embraer. Os E-195 restantes deverão ser arrendados para a companhia aérea LOT, da Polônia.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.