Ibovespa dispara 4,6%, volta a 40 mil pontos, mas não evita queda de 7% no mês

Mercado acelera alta durante a tarde em meio a PIB dos EUA e Japão, mas China e petróleo levam índice para perdas no mês

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A expressiva alta de 4,60% do Ibovespa nesta sexta-feira (29) – maior alta desde o dia 3 de novembro, quando subiu 4,76% – ajudou o índice a registrar a primeira semana positiva do ano, com ganhos de 6,24%, mas não conseguiu evitar a forte queda de 6,79% no acumulado de 2016, com o benchmark atingindo os 40.405 pontos. Janeiro chega ao fim indicando uma possível reação do mercado, fato destacado pelo Morgan Stanley, mas que não consegue evitar as pressões vindas da China e do petróleo.

Logo na primeira sessão do ano, o mercado pôde perceber que 2016 não será fácil. Pressionado por péssimos dados na China, que segue reduzindo seu crescimento econômico, as bolsas asiáticas chegaram a cair 7%, levando a uma forte sell-off global na chamada “Black Monday”. Por aqui, o efeito foi uma queda de 2,79%, que acarretou a uma queda de 6,31% na primeira semana do ano.

Os chineses continuaram a ser um fator de pressão nas bolsas, mas o petróleo acabou acarretando em grande parte das quedas desde então. A commodity seguiu sua derrocada, chegando a bater nos US$ 28 por barril, derrubando as bolsas americanas e pressionando a Petrobras por aqui, que levou o Ibovespa a cair forte.

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Mercado hoje
Nesta sexta, o índice acelerou os ganhos durante a tarde, disparando 4,13% na máxima do dia, favorecido pela decisão do Banco do Japão de reduzir a taxa de juros para -0,1%, em uma medida ousada para fazer frente à espiral deflacionária do país. Ao mesmo tempo, o petróleo teve alta em um dia de forte volatilidade por conta de sinalizações mistas da Rússia e da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) sobre uma redução na produção da commodity.

Já o dólar comercial teve queda de 1,37% a R$ 4,0243 na venda – após perder os R$ 4,00 na mínima do dia -, ao passo que o dólar futuro registrou perdas de 0,83% a R$ 4,043. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subiu 9 pontos-base a 14,55%, enquanto o DI para janeiro de 2021 teve queda de 19 pbs, para 15,94%.

O índice aumentou a alta no começo da tarde depois do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos crescer 0,7% no quarto trimestre de 2015, abaixo dos 0,9% esperados. Segundo o trader da Daycoval Investimentos, Daniel Ximenes Almeida, há um pouco de impacto do PIB dos EUA, já que reduz a chance do Federal Reserve elevar a taxa de juros do país, embora também gere cautela quanto ao crescimento da maior economia do mundo. Para Daniel, há outros três fatores que explicaram a alta da Bolsa hoje: os juros negativos do Japão, a alta do petróleo e o fim do mês, que sempre gera uma corrida dos fundos para fechar o mês com rentabilidade positiva.

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Sobre o fim do mês, o trader da H.Commcor, Ari Santos, explica que a virada de mês leva a um ajuste de posição de fundos. Não só, boa parte da alta viria da ausência de más notícias. “Porém, apesar da alta de hoje, o Ibovespa ainda fechará o mês com uma queda expressiva e não significa uma virada em termos gráficos, já que deveria subir mais para sinalizar uma reversão”, afirmou.

Já para Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Mirae Asset, a alta de hoje junta além de todos esses fatores citados, um relatório do Morgan Stanley anunciando que a fase do real fraco chegou ao fim. “A alta de hoje tem bastante a ver com o que o Morgan falou sobre um novo futuro para o Brasil. Eles deram como vetores o interesse dos investidores estrangeiros. Tem muita gente vendo o Brasil como barato no momento”, explica.

Resultado consolidado das contas públicas
Por aqui saiu o resultado primário consolidado das contas públicas de dezembro. O déficit primário foi de R$ 71,7 bilhões, contra estimativas de R$ 65,2 bilhões, após o governo registrar um déficit de R$ 19,6 bilhões em novembro. O resultado foi influenciado pelo pagamento das chamadas “pedaladas fiscais”.

Com isso, o setor público brasileiro teve déficit primário de R$ 111,249 bilhões em 2015, o pior para a série do Banco Central iniciada em 2001, acumulando em 12 meses um rombo primário de 1,88% do PIB (Produto Interno Bruto), divulgou o BC nesta sexta-feira. Com o desempenho, o governo encerrou o ano com dívida bruta equivalente a 66,2% do PIB.

Ações em destaque
As ações das siderúrgicas registraram fortes ganhos hoje. É o caso de CSN (CSNA3, R$ 3,55, +2,90%) e Gerdau (GGBR4, R$ 3,60, +5,57%). Sobre Gerdau, conheça o analista técnico que vendeu um apartamento para comprar ações da empresa.

Além delas, os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 6,93, +6,29%; PETR4, R$ 4,84, +5,22%) voltam a subir depois de uma forte volatilidade no início da sessão. Segundo o jornal Valor Econômico, a cúpula da estatal rejeita a ideia de capitalização pelo governo por estar confiante de que entregará a meta de desinvestir R$ 14,4 bilhões em 2016 e poderá explorar outras alternativas que estão à disposição.

A companhia também poderá vender ativos, reduzir investimentos, cortar despesas e demitir terceirizados antes de recorrer ao Tesouro para a capitalização. As atividades onde a Petrobras possui 100% do capital serão parcialmente vendidas, enquanto alguns negócios poderão ser integralmente vendidos, como malha de gasodutos, unidades de fertilizantes e a fatia na Braskem.

Mesmo com a alta de hoje, a Petrobras ainda é venda para o analista Tiago Missaka, da Rocktrade.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 10,80 +15,51 -12,55 282,46M
 OIBR4 OI PN 1,65 +10,74 -15,38 4,98M
 CMIG4 CEMIG PN 5,91 +10,67 -1,02 53,21M
 ESTC3 ESTACIO PART ON 11,71 +10,06 -16,06 24,18M
 KROT3 KROTON ON 8,50 +8,56 -10,81 88,68M

Também as ações da Vale (VALE3, R$ 9,72, +4,18%; VALE5, R$ 7,24, +2,12%) viraram para alta. A diretoria da mineradora propôs não pagar dividendos para os acionistas da empresa este ano. A justificativa, segundo a companhia informou em comunicado, é que a Vale precisa fazer frente à volatilidade dos preços das commodities. A proposta será enviada ao Conselho de Administração da companhia. “Se aprovada, a proposta será objeto de deliberação dos acionistas em Assembleia Geral da Companhia a ser realizada em abril de 2016”, diz o comunicado. 

Segundo o Itaú BBA, o anúncio é neutro pois já era esperado pelo mercado. “De um lado proposta de dividendo zero indica que as perspectivas de fluxo de caixa livre da Vale permanecem desafiadores dada a pressão atual sobre os preços das commodities. Por outro lado, anúncio ressalta o compromisso da administração para disciplina na alocação de capital”, afirmam os analistas do banco. Já segundo os analistas do BTG Pactual, a medida foi bem vinda e é prudente em meio aos tempos difíceis do mercado. A recomendação para os ativos segue neutra.

Além disso, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a mineradora a BBB- e manteve a perspectiva como negativa.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 0,85 -1,16 -45,16 18,62M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 10,26 -1,06 -5,79 312,63M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 24,95 +4,66 456,12M 334,01M 33.102 
 PETR4 PETROBRAS PN 4,84 +5,22 439,83M 352,98M 64.685 
 BBDC4 BRADESCO PN 18,15 +4,31 382,85M 224,11M 26.031 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,66 +4,30 380,78M 219,87M 36.084 
 CIEL3 CIELO ON 33,87 +3,99 344,78M 173,62M 18.253 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 10,26 -1,06 312,63M 113,81M 29.004 
 VALE5 VALE PNA 7,24 +2,12 305,41M 209,39M 30.956 
 JBSS3 JBS ON 10,80 +15,51 282,46M 118,60M 47.987 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 23,13 +6,34 264,29M 139,80M 32.909 
 PETR3 PETROBRAS ON 6,93 +6,29 198,99M 98,20M 45.680 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.