Ibovespa dispara 3% com pedido de impeachment e ânimo da Europa; dólar acelera queda

Mercado confirma movimento do ETF brasileiro no exterior e tem forte alta depois de Eduardo Cunha afirmar que abrirá pedido de impedimento da presidente

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa dispara nesta quinta-feira (3), confirmando o movimento registrado ontem no ETF brasileiro negociado nos EUA, que subiu 2,48%. A valorização dos ativos brasileiros seguiu o anúncio do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de que abrirá o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Lá fora, as bolsas americanas e europeias viraram para queda apesar do BCE (Banco Central Europeu) cortar as taxas de depósito para -0,3%, anunciando ainda a expansão dos estímulos do Quantitative Easing, que irá até, pelo menos, maio de 2017, segundo o presidente da autoridade monetária, Mario Draghi. 

Às 15h46, o benchmark da Bolsa brasileira subia 3,12%, a 46.313 pontos. Já o dólar comercial tem queda de 2,48% a R$ 3,7403 na venda, enquanto o dólar futuro para janeiro recua 2,47% a R$ 3,775. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 tem alta de 12 pontos-base a 15,78%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 vira para alta de 5 pontos-base a 15,76%. 

“Não faço isso por motivação política e rejeitaria se estivesse de acordo com a lei”, afirmou Cunha sobre o impedimento. Desde que soube da decisão da bancada do PT, que decidiu que os votos de seus três representantes no Conselho de Ética serão favoráveis à admissibilidade do processo que pode determinar a cassação do mandato do peemedebista, Cunha manteve-se fechado em seu gabinete na presidência da Casa conversando com várias lideranças.

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Sobre o impeachment, o vice-líder do governo na Câmara, Paulo Teixeira (PT-SP), disse que serão abertas duas frentes contra o pedido, uma no Supremo Tribunal Federal e outra no Congresso.

“No exterior as respostas são positivas, já que para o mercado financeiro a saída de Dilma é vista como positiva e representa mudanças. Entretanto, temos que lembrar que o processo é longo e incerto, fragiliza ainda mais o já combalido governo do PT e coloca o País mais perto de perder o seu segundo grau de investimento”, diz corretora SLW em relatório enviado por e-mail ao qual a Bloomberg teve acesso.

A consultoria de risco político, Eurasia, manteve a sua avaliação de que Dilma deve sobreviver, aenquanto que a MCM diz que a aprovação do impeachment é difícil, mas a crise econômica e a Operação Lava Jato podem alterar o quadro até etapa final do processo. 

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Já a Nomura diz que ação de impeachment deve monopolizar atenções e afetar avanço de medidas fiscais. Por fim, para o Barclays, o movimento para saída de Dilma vai aumentar a volatilidade do mercado. 

Meta fiscal e Copom
Ontem também houve a aprovação do projeto que altera a meta fiscal de 2015 de R$ 66,3 bilhões de superávit para R$ 119 bilhões de déficit e é considerado fundamental pelo governo para cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. O projeto deveria ter sido votado na última semana, mas a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e a votação da Medida Provisória 688 fizeram com que a sessão fosse adiada para esta semana. 

Além da questão política, hoje foi dia de divulgação da ata da 195ª reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). O texto disse que a maioria do comitê considerou monitorar a situação até a próxima reunião e que parte dos membros avaliou que uma alta dos juros reduziria o risco para a meta de inflação.

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“As informações disponíveis sugerem certa persistência da inflação, o que reflete, em parte, a dinâmica dos preços no segmento de serviços e, no curto prazo, o processo de realinhamento dos preços administrados e choques temporários de oferta no segmento de alimentação e bebidas”, escreveu o Copom.

O comitê ressaltou que há incertezas no balanço de riscos, principalmente sobre a velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e a sua composição.

Produção industrial
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados da Produção Industrial, que recuou 0,7%, quinto resultado negativo seguido, e levando para 7,8% a contração acumulada no ano, na comparação mensal e 11,2% na comparação anual. 

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O resultado surpreendeu os analistas, que aguardavam recuo bem mais modesto, de 0,1% na comparação mensal e 10,4% na anual. O IBGE revisou o resultado de setembro de retração de 1,3% para 1,5%.

Ações em destaque
O dia é de euforia na bolsa brasileira após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ter decidido abrir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ontem, os ADRs (American Depositary Receipts) das ações brasileiras já haviam registrado forte alta. Hoje, os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 9,89, +4,44%; PETR4, R$ 7,99, +6,25%) subiram forte e chegaram a entrar em leilão. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 BBAS3 BRASIL ON EJ 17,64 +7,43
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 27,88 +6,82
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 28,94 +6,79
 KROT3 KROTON ON 10,41 +6,44
 PETR4 PETROBRAS PN 7,99 +6,25

Também sobem forte as ações de bancos como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,94, +6,79%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,26, +4,42%; BBDC4, R$ 22,01, +4,96%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,63, +7,37%). O Itaú teve uma desvalorização de 3% ontem. 

A Cielo (CIEL3, R$ 35,85, +3,58%) também tem ganhos. A companhia teve sua recomendação elevada de market perform (desempenho em linha com a média) para outperform (desempenho acima da média) pelo Itaú BBA. Os papéis interrompem uma sequência de 4 quedas, tendo alcançado no intraday de ontem o menor patamar em Bolsa desde 6 de fevereiro de 2015. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 12,06 -2,35
 FIBR3 FIBRIA ON ED 49,89 -1,52
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 18,11 -1,42
 RUMO3 RUMO LOG ON 6,07 -1,30
 TIMP3 TIM PART S/A ON 7,40 -1,20

A Vale (VALE3, R$ 12,92, -0,15%; VALE5, R$ 10,33, -0,58%), passa a operar entre perdas e ganhos. No radar, a companhia está descumprindo cláusulas que obrigam a companhia a adotar ações de compensação e mitigação em favor de comunidades indígenas afetadas pelas atividades de mineração de níquel de Onça Puma, no Pará, afirmou a Procuradoria-Geral da República (PGR), que chefia o Ministério Público Federal, segundo nota nesta quarta-feira.

Cenário externo
A maior parte das bolsas mundiais tem um dia de alta hoje. As bolsas europeias sobem após a decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu), que manteve os juros básicos inalterados em 0,05%, mas cortou as taxas de depósitos ao -0,3%. O dólar, por sua vez, fortalece ante a maioria das moedas de emergentes após a presidente do Fed, Janet Yellen, reforçar ontem as expectativas de alta dos juros do Fed em dezembro.

Hoje, ela voltou a falar às 13h. Yellen discutiu perspectivas para economia dos EUA em discurso anual no Congresso, enquanto o vice-presidente do Fed Stanley Fischer falará às 16h10. O dia é de cautela na Ásia após as falas de Yellen ontem. A bolsa de Xangai contrariou a tendência e subiu 1,37%, ignorando os dados do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit que mostraram que o crescimento da atividade de serviços da China desacelerou em novembro. Indicadores fracos geralmente criam esperanças de estímulos governamentais, o que deu suporte às ações chinesas.

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