Ibovespa deve pisar no freio até sair acordo sobre abismo fiscal nos EUA

Além da questão fiscal, mercado acompanhará agenda repleta de dados econômicos norte-americanos; analistas não apostam em rali da bolsa nesse final do ano

Paula Barra

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SÃO PAULO – Ainda não foi desta vez que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, John Boehner, chegaram a um acordo para evitar o abismo fiscal nos EUA, o que vem pressionando o tão esperado rali da bolsa no final do ano.

O holofote dos investidores ainda está voltado para esse tema, e até não ser decidido deve ser um entrave para altas mais robustas da bolsa paulista, disse Clodoir Vieira, economista-chefe da Souza Barros.

Mas mesmo com esse impasse, o Ibovespa conseguiu fechar esta semana com alta de 1,91%, aos 59.604 pontos, apesar do período bastante instável do mercado.

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A situação norte-americana ainda preocupa e deve ser o principal tema até que os líderes dos EUA entrem num acordo, o que deve trazer maior aversão ao risco e redução no ritmo de negócios nesse final de ano, indica Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica.

Rali de final do ano?
Nos últimos 15 anos, o Ibovespa só apresentou queda no mês de dezembro em 1998 e 2011, e mesmo nesses dois anos, os recuos foram compensados por altas expressivas no mês seguinte. Mas Vieira não se mostra confiante nesse cenário, já que o ambiente externo apresenta muitas incertezas.

A questão fiscal dos EUA ameaça levar a economia do país a uma nova recessão e abala a tomada de risco dos investidores e, segundo Vieira, os políticos norte-americanos devem “empurrar com a barriga” um acordo até o prazo máximo, dia 31 de dezembro.

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Na última quinta-feira, as dificuldades das negociações, a menos de três semanas do final do ano, quando entram em vigor automaticamente uma série de aumentos de impostos e cortes de gastos, causaram grande volalitilidade nos mercados. Desde a abertura das bolsas, predominou cautela, ampliada após as declarações de Boehner, que acusou Obama de “não estar levando a sério os cortes de gastos”. 

Incerteza prevalece
Diante dessas incertezas, o Ibovespa deve pisar no freio na próxima semana, quando ainda serão divulgados indicadores econômicos importantes no ambiente internacional, como: dados imobiliários, renda e gasto pessoal nos EUA, além da última avaliação prévia do PIB (Produto Interno Bruto) do país. 

A economia norte-americana, contudo, não deve trazer nenhum surpresa, mas é importante monitorar. “O PIB dos EUA tem mostrado uma melhora gradual, e agora quem está preocupando mesmo é o crescimento da economia brasileira”, disse Vieira.

Brasil: do Mantega ao vencimento de opções
Já no Brasil, o economista da Souza Barros ressalta que as previsões do governo foram muito otimistas e a realidade está sendo bem diferente, tirando assim a confiança dos investidores com as perspectivas do mercado. Essa situação abriu espaço recentemente para especulações sobre a saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

“Se olharmos para dentro do país temos necessidade de mais investimentos, e as políticas do governo surtiram efeito até certo ponto, como para os exportadores por conta do dólar”, avalia Vieira. 

Na agenda doméstica, o principal fica com o vencimento de opções sobre ações negociadas na Bovespa, fato que costumeiramente provoca um aumento no volume financeiro na bolsa e traz mais volatilidade.

Ata do BoE na agenda da Europa
No lado europeu, a agenda econômico seguirá fraca, sendo a principal referência a ata do BoE (Bank of England), que será divulgado na próxima quarta-feira (19). A autoridade monetária do Reino Unido manteve na semana passada a taxa de juro em 0,5% ao ano, indo em linha com o que era esperado pelo mercado. 

Vale lembrar que na semana passada um dos principais destaques na Europa foi a liberação da zona do euro de € 49,1 bilhões em ajuda à Grécia. Desses recursos, € 34,3 bilhões serão pagos nos próximos dias, segundo comunicado do Eurogrupo. 

Além disso, após uma longa rodada de negociações, os ministros de Finanças da União Europeia chegaram a um acordo histórico para a criação de um supervisor bancário único, destinado à maioria dos bancos da zona do euro, sob supervisão do BCE (Banco Central Europeu).