Ibovespa destoa de Wall Street, fecha em alta e renova a maior pontuação em 11 meses

Investidores seguem atentos ao impasse sobre valor do auxílio emergencial nos Estados Unidos, que está sendo discutido no Senado do país

Anderson Figo Lara Rizério

Painel de cotações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O rali de fim de ano visto nos mercados de ações internacionais no começo desta terça-feira (29) não se sustentou ao longo do dia. As Bolsas de Wall Street viraram para queda durante a tarde e afetaram o desempenho dos principais índices de ações globais.

Aqui no Brasil, o Ibovespa chegou a bater sua maior pontuação histórica no intraday logo pela manhã (de 119.860 pontos), mas perdeu fôlego com a virada americana e encerrou o dia em alta de apenas 0,24%, aos 119.409 pontos.

Ainda assim, ele renovou sua maior pontuação de fechamento desde 23 de janeiro deste ano, quando terminou em 119.527 pontos. O recorde intradiário anterior do índice era de 119.593 pontos, atingido em 24 de janeiro deste ano.

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O volume financeiro movimentado hoje na B3, de R$ 20 bilhões, foi mais fraco do que a média anual e de dezembro, em torno dos R$ 30 bilhões. “Não temos grandes novidades no noticiário brasileiro, por isso acabamos ficando mais reféns do que vem do exterior”, diz Jorge Junqueira, sócio da gestora Gauss Capital.

“Os volumes estão menores também. A ação do Itaú, por exemplo, [um dos papéis com maior peso no Ibovespa] negociou metade do volume da média histórica nos últimos dois dias”, completou Junqueira.

No câmbio, o dólar comercial fechou o dia em queda de 1,056%, para R$ 5,1824 na compra e R$ 5,1829 na venda. Com isso, devolveu a alta de pouco mais de 1% vista ontem. Já o dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 tinha baixa de 0,72%, a R$ 5,202. O Banco Central realizou um leilão de US$ 800 milhões em swap.

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O foco do mercado hoje continuou voltado aos EUA, onde há um impasse em relação ao valor do auxílio emergencial pago aos americanos por causa da pandemia de Covid-19. Ontem, o presidente Donald Trump assinou um pacote de US$ 900 bilhões de estímulo à economia.

Ele havia demorado para assinar o pacote porque um dos pontos previa o pagamento de US$ 600 às pessoas que ganham até US$ 75 mil por ano no país, e Trump queria que a ajuda fosse elevada a US$ 2 mil por pessoa.

Também ontem, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou uma elevação nos pagamentos federais aos americanos que ganham até US$ 75 mil ao ano, de US$ 600 a US$ 2 mil por pessoa. O Senado começou a discutir o tema — mas por lá haverá uma dificuldade maior para chegar a um consenso sobre o montante da ajuda.

Segundo a Reuters, o líder da maioria no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, adiou a votação do pedido do presidente Donald Trump para aumentar os valores de cheques de ajuda a cidadãos norte-americanos e exortou o Senado a anular o veto de Trump a um projeto na área de defesa, em um raro desafio a seu colega republicano três semanas antes de Trump deixar a Casa Branca.

McConnell agiu logo após Trump atacar líderes republicanos no Twitter, chamando-os de “fracos” e “cansados”, em um aparente esforço para fazer o Senado aumentar de US$ 600 para US$ 2 mil o valor dos cheques e para apoiar seu veto ao projeto de defesa.

Depois que McConnell conduziu o início de uma rara sessão de fim de ano no Senado, Trump disse no Twitter que o Senado precisa aprovar os pagamentos maiores o mais rápido possível, “a menos que os republicanos tenham um desejo de morte”.

McConnell, o principal republicano no Senado, bloqueou a consideração imediata de uma medida para aumentar os pagamentos, que visam dar alívio a famílias afetadas pela pandemia, sugerindo que o Senado começaria a examinar a questão com outras duas que Trump levantou —a integridade das eleições e limites a grandes empresas de tecnologia.

A expectativa é de que o Senado dos EUA vote ainda nesta semana sobre o montante da ajuda financeira do governo aos americanos em 2021.

Na Europa, os principais índices registraram um rali à medida que o acordo comercial do Brexit, esperanças de um pacote de estímulo expandido nos Estados Unidos e a maratona da campanha de vacinação contra a Covid-19 da zona do euro trazem um cenário menos sombrio para as perspectivas de crescimento global para 2021.

O destaque ficou por conta de Londres, na volta de um feriado ontem, com isso reagindo apenas hoje à notícia do acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia no Brexit.

Ainda no radar dos mercados, a China e a União Europeia devem fechar um acordo de investimento nesta semana que dará às empresas do bloco europeu um acesso muito melhor ao mercado chinês e proteção para seus ativos no país asiático, disse nesta segunda, 28, uma autoridade sênior da UE. As negociações começaram em 2014, mas ficaram paralisadas por anos, já que a UE se queixava de que a China não cumpria promessas de retirar restrições aos investimentos do bloco.

As bolsas asiáticas fecharam com resultados em sentidos diferentes entre si. O destaque fica para o índice Nikkei, do Japão, que atingiu patamares que não eram vistos desde agosto de 1990, segundo dados da consultoria Refinitiv.

Voltando ao noticiário brasileiro, o desemprego no Brasil foi para 14,3% no trimestre encerrado em outubro, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgada nesta terça-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número ficou melhor do que o esperado. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de alta para 14,7%, ante dado anterior de setembro de 14,6% (veja mais clicando aqui).

Na comparação com o trimestre encerrado em julho, contudo, o resultado ficou bem acima da taxa de 13,8% vista anteriormente.  Os dados mostraram que o país iniciou o quarto trimestre com aumento no número de desempregados diante da maior procura por emprego, mas ao mesmo tempo apresentou no período alta na população ocupada, mostrando recomposição do mercado de trabalho.

No noticiário sobre vacinas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu na segunda-feira o certificado de boas práticas de fabricação ao laboratório Pfizer, etapa necessária para o registro da vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo laboratório no país.

A Pfizer, que desenvolveu uma vacina em parceria com a alemã BioNTech, é a terceira empresa fabricante de vacinas contra a Covid-19 a receber o certificado de boas práticas visando o registro do imunizante no país. A primeira delas foi a chinesa Sinovac  e a segunda, a AstraZeneca.

Prorrogação do estado de calamidade e disputa pela Câmara

Nesta terça, a Caixa Econômica Federal (CEF) paga a última parcela do Auxílio Emergencial a 3,2 milhões de pessoas, encerrando o calendário de pagamentos do programa, sem que haja ainda indicação sobre um eventual novo auxílio em 2021 ou lançamento de um novo programa social ou substituto do Bolsa Família.

Segundo reportagem publicada no jornal Valor, governadores da região Nordeste defendem a prorrogação do estado de calamidade pública para o Brasil pelo menos para o primeiro semestre de 2021.

O governador do Piauí Wellington Dias (PT), líder do grupo de governadores da região, afirmou “ninguém quer e ninguém deseja, mas a calamidade é uma realidade”. O estado de calamidade suspende a aplicação de mecanismos de controle fiscal, como o teto de gastos, e permitira ao governo federal continuar gastando em programas como o auxílio emergencial.

Além disso, chamada de capa publicada pelo jornal O Globo afirma que o bloco articulado pelo atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para eleger um sucessor deve ser capaz de garantir os dois cargos mais importantes da Mesa Diretora ao PT e ao PSL, que têm as maiores bancadas.

Com o apoio de partidos de esquerda, o bloco tem 281 deputados, e se fecha em torno da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). Do outro lado, o candidato Arthur Lira (PP-AL) tem apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e conta com 181 parlamentares.

Como o voto é secreto, há espaço para traições, e a formação de um bloco maior não garante a eleição de presidente da Câmara dos Deputados. Mas os cargos são distribuídos de acordo com o tamanho das legendas antes da eleição. A cada 46 deputados, um bloco tem direito a uma cadeira na Mesa. O maior grupo escolhe o primeiro cargo, e o segundo maior faz a segunda escolha, o que deixa PT e PSL em proeminência.

Na segunda, Bolsonaro declarou em público seu apoio à candidatura de Lira, e se contrapôs a Maia. “Vamos ter eleição na Câmara agora. Uma das chapas ali é o Rodrigo Maia e PT, PCdoB e PSOL. E tem uma outra chapa. Eu estou nessa outra. Não vou nem discutir. Se está de um lado PT, PCdoB e Rodrigo Maia, eu estou do outro lado”, disse. O grupo inclui também o DEM, de Maia, MDB, PSDB, Cidadania, PV e parte do PSL não bolsonarista. O PSOL não faz parte da frente e considera lançar uma candidatura própria.

Lira uniu em torno de seu nome os parlamentares mais aliados ao governo e também o chamado Centrão, que inclui partidos como o PP, PTB, PSD, PL, Republicanos, entre outros, e obteve o apoio explícito de Bolsonaro.

Além disso, partidos da oposição apresentaram ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato à presidência da Câmara, uma carta-compromisso em que elencam a necessidade de respeito a princípios democráticos e ao espaço constitucional para que exerça o seu papel, informou o líder do PSB, Alessandro Molon (RJ) à agência internacional de notícias Reuters.

Segundo Molon, Baleia teria concordado com a carta, que passa por ajustes finais de redação para ser divulgada. Dentre os tópicos que permitiriam à oposição a execução de suas atividades, está o compromisso do candidato à presidência da Casa de ouvi-la para a definição da pauta, de pautar matérias como a convocação de ministros, quando houver votos, e o de pautar os projetos de decretos legislativos (PDLs), instrumentos muito utilizados para sustar decretos do Executivo.

Radar corporativo

Em destaque no radar de empresas, a Petrobras apresentou na última segunda-feira requerimento de arbitragem com demanda indenizatória contra a Odebrecht, estimada em aproximadamente R$ 800 milhões, por alegada violação dos termos do acordo de acionistas referente à Braskem.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
CSNA3 4.86469 32.55
USIM5 4.28769 15.08
GNDI3 2.52564 79.97
HAPV3 2.37467 15.52
CCRO3 2.30312 13.77

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
MULT3 -2.14998 23.36
SBSP3 -2.12207 44.74
BRML3 -1.85366 10.06
BTOW3 -1.73936 75.7
IGTA3 -1.41032 37.05

Já o conselho de administração do Santander Brasil aprovou o pagamento do montante bruto R$ 665 milhões, valor este que vai a R$ 565,2 milhões após a dedução do valor relativo ao imposto de renda na fonte.

Também no radar dos mercados, a EDP Brasil assinou acordo de investimentos na empresa de geração solar distribuída Blue Sol, com o objetivo de adquirir participação minoritária de até 40% do capital social da companhia. A CCR, por sua vez, assinou um aditivo ao contrato de concessão do aeroporto de Confins (MG), por meio do qual poderá receber até R$ 352 milhões, informou a empresa em comunicado ao mercado.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.