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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a semana em queda de 0,47%, a 52.341 pontos, em cinco dias que poderiam ser positivos graças à aprovação de um acordo entre a Grécia e seus credores internacionais, que foi ratificado nos congressos da Grécia e da Alemanha. No entanto, o cenário político ficou no caminho, e fez com que o mercado brasileiro ficasse pessimista. Se ontem, as notícias foram de investigação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje, todas as atenções foram voltadas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o governo e tornou ainda mais incerta a aprovação das medidas de ajuste fiscal.
Nesta sexta-feira (17), o benchmark da Bolsa brasileira caiu 1,37%. Com isso, o índice rompe novamente o suporte dos 52.500 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 4,750 bilhões. Já o dólar subiu 1,13%, a R$ 3,1923 na compra e a R$ 3,1939, contudo, a moeda norte-americana fechou em baixa de 0,09% na semana.
Para Hersz Ferman, economista da Elite Corretora, mesmo com o recesso parlamentar na semana que vem, o que o investidor mais deve olhar nos próximos dias é o desenrolar da questão política. “O governo não consegue governar, o Congresso está abertamente contra, e isso é uma situação complicada porque nós temos que ajustar as contas públicas para fazer a economia voltar a crescer. As medidas com este fim estão sendo travadas por conta da briga entre governo e Congresso”, explica.
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Em Brasília, Cunha disse: “eu, como político, vou pregar que o PMDB rompa com o governo”. Ele afirmou ainda: “o presidente da Câmara a partir de hoje é oposição. Já avisei a Temer”.
As declarações do peemedebista afastaram todo o otimismo que pudesse vir na sessão derivado da aprovação no parlamento alemão do acordo de resgate de três anos e em torno de 86 bilhões de euros para a Grécia. No começo da sessão, a China também ficou no radar, com o governo anunciando mudanças a favor do mercado, o que fez com que a bolsa de Xangai subisse 3,5% neste pregão.
Além de todos os vetores negativos, entre os indicadores, a economia brasileira perdeu 111.199 empregos em junho, o primeiro resultado negativo para o mês desde 1992, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O número ficou abaixo das estimativas, que eram de perda de 115.599 vagas de emprego. O Brasil enfrenta um momento de estagnação econômica. Além disso, a perda de empregos do mês passado foi a pior da série histórica para junho.
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Semana de baixa
Mais uma vez, o destaque semanal foi a Grécia, primeiro com a aprovação de um acordo do país com seus credores obtido na segunda-feira (13) depois de 17 horas de negociação. A Grécia chegou a ficar fora da zona do euro antes do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, proibir a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras de deixar a sala de negociações sem chegar a um acordo. O passo que era o mais difícil depois disso, foi dado com a aprovação nos parlamentos grego e alemão do acordo.
Na China, depois de uma queda de mais de 30% das ações da bolsa de Xangai, o governo passou a tomar medidas para diminuir a volatilidade dos mercados. Hoje o maior índice acionário da China continental subiu forte. Os papéis subiram com notícia de que agência governamental tem até US$ 483 bilhões para dar suporte à liquidez no mercado.
“Também acreditamos que a ‘equipe nacional’ continuou a comprar ações hoje para evitar que o mercado caia,” disse o analista de ações na Haitong Secreteis de Xangai, Zhang Qi. “Equipe nacional” se tornou um termo coletivo frequentemente adotado na China para designar as agências governamentais, bancos, corretoras e fundos mútuos que estão comprometidos a comprar no mercado até que a confiança dos investidores seja totalmente restabelecida.
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Por aqui, o impacto foi mais do lado político. Ontem, além das investigações de Lula, a delação do consultor Julio Camargo, da Toyo Settal, detonou uma crise política, com a denúncia de que Eduardo Cunha exigiu dele o pagamento de US$ 5 milhões em troca de ajuda para a empresa ganhar um contrato na Petrobras.
Ações em destaque
Entre as principais quedas estiveram as ações da Petrobras (PETR3, R$ 12,62, -4,90%; PETR4, R$ 11,40, -4,36%). Outras estatais como Eletrobras (ELET3, R$ 5,81, -1,19%; ELET6, R$ 8,60, -1,83%) recuaram. Banco do Brasil (BBAS3), que é um banco de economia mista, também teve forte baixa, registrando perdas da ordem de 2,4%.
As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
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Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano |
---|---|---|---|---|
GOAU4 | GERDAU MET PN | 4,40 | -6,38 | -60,73 |
SUZB5 | SUZANO PAPEL PNA | 14,00 | -5,47 | +25,52 |
PETR3 | PETROBRAS ON | 12,62 | -4,90 | +31,60 |
QUAL3 | QUALICORP ON | 21,33 | -4,73 | -21,93 |
ESTC3 | ESTACIO PART ON | 18,12 | -4,63 | -22,58 |
As ações da Vale (VALE3, R$ 17,45, -1,08%; VALE5, R$ 14,60, -1,55%) operaram em queda apesar da alta do minério de ferro. A commodity spot no porto de Qingdao subiu 0,22% a US$ 50,66 nesta sexta.
Nem mesmo as exportadoras do setor de papel e celulose Suzano (SUZB5, R$ 14,00, -5,47%) e Fibria (FIBR3, R$ 40,05, -4,35%), que são benefeciadas por altas do dólar por terem receitas denominadas nesta moeda, escaparam das quedas. Essa foi a oitava baixa em nove sessões da Suzano, sendo que na única que não caiu encerrou estável. No período, os papéis desabam 14,5%, no menor patamar desde 28 de abril deste ano. Nesses últimos nove pregões, a Fibria, por sua vez, recuou 5,8%.
Os papéis da Sabesp (SBSP3, R$ 18,53, -2,32%) recuaram depois que a companhia negou em comunicado publicado no final da noite de quinta-feira que esteja negociando com a prefeitura da capital paulista repassar a consumidores receitas que atualmente remetem ao Fundo de Saneamento Ambiental da cidade. A negativa foi divulgada ao mercado em referência à notícia publicada na quinta-feira pelo jornal O Estado de S.Paulo, que afirma que a empresa estaria negociando com a prefeitura de São Paulo o repasse aos consumidores dos 7,5% da receita que é obrigada a enviar ao fundo. Ontem, as ações da Sabesp subiram 5,1% com a notícia.
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As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano |
---|---|---|---|---|
CIEL3 | CIELO ON | 45,39 | +0,93 | +32,19 |
EMBR3 | EMBRAER ON | 24,24 | +0,83 | -0,40 |
ENBR3 | ENERGIAS BR ON | 12,45 | +0,81 | +40,52 |
TIMP3 | TIM PART S/A ON | 9,41 | +0,64 | -18,75 |
BRPR3 | BR PROPERT ON | 11,30 | +0,44 | +12,62 |
Apenas 7 das 66 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa fecharam em alta. Entre elas, a Cielo (CIEL3, R$ 45,39, +0,93%) que tiveram revisão para cima em seu preço-alvo pelo Credit Suisse. Os analistas do banco suíço elevaram o target de R$ 44,00 para R$ 50,00 por ação, com recomendação de compra, citando que o racional parece muito bem fundamentado.
Segundo os analistas, a empresa tem feito um trabalho “excepcional” nos últimos anos. Para eles, o segundo trimestre será emblemático, em mostrar que mesmo em um cenário de baixo crescimento e custos/opex ainda altos, a companhia deve conseguir compensar o ambiente adverso de ganhos com um resultado sólido vindo do POS, forte receita de pré-pagamentos e também da contribuição da Cateno.
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 |
---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN | 11,40 | -4,36 | 445,08M |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 19,72 | +0,15 | 213,20M |
ITUB4 | ITAUUNIBANCO PN EB | 31,19 | -0,61 | 205,14M |
VALE5 | VALE PNA | 14,60 | -1,55 | 188,72M |
PETR3 | PETROBRAS ON | 12,62 | -4,90 | 182,93M |
CIEL3 | CIELO ON | 45,39 | +0,93 | 176,43M |
SUZB5 | SUZANO PAPEL PNA | 14,00 | -5,47 | 165,43M |
BBDC4 | BRADESCO PN | 28,72 | -0,62 | 160,23M |
BBAS3 | BRASIL ON | 22,60 | -2,38 | 154,29M |
BVMF3 | BMFBOVESPA ON | 11,82 | -1,34 | 130,98M |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)