Ibovespa cai pelo 4º pregão consecutivo seguindo exterior e resultados; dólar tem queda

Aproximação de governo e Renan, correção e suspensão do julgamento da campanha de 2014 no TSE trazem mais otimismo ao mercado brasileiro, mas índice virou para queda e segue exterior

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após abrir em leve alta, o Ibovespa passou a recuar nesta sexta-feira (14), puxado por blue chips ligadas a commodities. No radar do mercado, investidores monitoram eventos públicos com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. O noticiário corporativo também é movimentado, com a temporada de resultados. Às 16h19 (horário de Brasília), o índice registra queda de 0,52%, a 47.759 pontos, acompanhando assim o cenário internacional, que também é de leves quedas para a maior parte das bolsas mundiais. 

O cenário político também fica mais calmo com a aproximação do governo ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a suspensão do julgamento da campanha da presidente Dilma de 2014 no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O dólar comercial recua 0,87% a R$ 3,4829 na venda. Já o dólar futuro para outubro tem queda de 1,55% a R$ 3,484. 

Hoje, o ministro da Fazenda Joaquim Levy e o presidente do Banco Central Alexandre Tombini falam em diferentes eventos. Levy afirmou que, se não tiver novas turbulências, o Brasil volta a crescer. Ele destacou que parte do crescimento entre 2010 e 2014 aconteceu por conta de uma situação única e que, agora, o País tem que fazer uma reengenharia muito importante. “Temos que ajustar as coisas que não foram quando tudo era festa”, reforçou. 

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Tombini, reforçou nesta sexta-feira que a manutenção do atual patamar da taxa básica de juros, hoje a 14,25% ao ano, por período “suficientemente prolongado” é necessária para garantir a convergência da inflação para a meta. Tombini, que participa de evento em São Paulo, repetiu ainda que o BC precisa permanecer “vigilante” e que a inflação acumulada em 12 meses atingirá seu pico neste trimestre e permanecerá elevada até o fim do ano.

Cenário político 
O isolamento e a perda de poder do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também crescem em meio a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de reduzir seu papel na aprovação das contas públicas de 2014, que estão em análise no TCU (Tribunal de Contas da União). A análise agora terá que ser aprovada na Câmara e no Senado, deixando a Renan Calheiros, mais alinhado ao Planalto, a decisão última na questão.

Além disso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) suspendeu a ação para impugnar a chapa Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) da presidência por suspeitas de irregularidades no financiamento da campanha da presidente. A tese poderia ser usada para um eventual impeachment. 

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Resultados impactam ações
Entre as blue chips, alguns bancos viram para queda depois de ameaçar um repique no início do pregão. Investidores ficam cautelosos com os papéis do setor por conta do provável aumento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de 15% para 22%. Bradesco (BBDC3, R$ 25,44, -0,54%; BBDC4, R$ 24,30, -0,33%) opera em leve queda. Vale lembrar que o setor financeiro responde por 22% da carteira teórica do Ibovespa. 

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,57, +0,62%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,80, +0,37%) têm alta. Além da provável mudança na tributação, o Banco do Brasil também caiu ontem por conta do seu resultado. O BB anunciou que teve lucro líquido de R$ 3,008 bilhões no segundo trimestre, alta de 6,3% ante igual período de 2014. Em bases recorrentes, o lucro do maior banco do país em ativos somou R$ 3,04 bilhões, alta de 1,3% sobre um ano antes. No fim de junho, a carteira de crédito ampliada do BB somava R$ 776,799 bilhões, avanço de 8% sobre um ano antes, mas estável sobre março. Os destaques de alta foram o financiamento imobiliário e ao governo, enquanto as linhas de cheque especial e para compra de veículos encolheram ano a ano. 

A maior queda do pregão fica com os papéis da operadora de telefonia Oi (OIBR4, R$ 3,43, -5,51%). A Oi teve lucro líquido de R$ 671 milhões no segundo trimestre, recuperando-se de um prejuízo de R$ 217 milhões no segundo trimestre do ano passado. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,899 bilhão, alta de 5,4% na mesma base de comparação. Para o Credit Suisse, os números vieram abaixo do esperado, com Ebitda no Brasil alcançando R$ 1,816 bilhão, alta de 11% na comparação anual, mas abaixo 4% do projetado, mostrando uma compressão de margem no trimestre apesar dos esforços em redução de custos.

Também caem as ações da Vale (VALE3, R$ 18,44, -0,22%; VALE5, R$ 14,48, -0,96%), que têm desempenho negativo depois que o minério de ferro spot no porto de Qingdao recuou 0,49% a US$ 56,74 por tonelada. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 OIBR4 OI PN 3,43 -5,51 -60,16 11,59M
 GOLL4 GOL PN N2 5,13 -5,18 -66,21 5,90M
 CPFE3 CPFL ENERGIA ON 17,15 -3,38 -4,28 23,62M
 RENT3 LOCALIZA ON 25,07 -3,20 -28,73 26,08M
 SMLE3 SMILES ON 54,73 -3,15 +23,41 18,94M

 

O noticiário corporativo também é bastante movimentado e impacta as ações, com destaque para Lojas Americanas (LAME4, R$ 15,56, +3,80%), e  Sabesp (SBSP3, R$ 15,69, +1,42%), que veem as suas ações subirem após a divulgação dos balanços. Do lado negativo, a Gol (GOLL4, R$ 5,11, -5,55%) e a JBS (JBSS3, R$ 15,26, -2,74%) veem as suas ações caírem depois da divulgação dos números.

A JBS teve lucro líquido de R$ 80,1 milhões no segundo trimestre, queda de 68,5% sobre o mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 3,6 bilhões de reais, avanço de 47% na mesma base de comparação. Já a receita líquida somou R$ 38,9 bilhões.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 HGTX3 CIA HERING ON 12,43 +4,54 -36,73 6,30M
 LAME4 LOJAS AMERIC PN 15,55 +3,74 -9,42 41,00M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,31 +3,44 +3,44 23,46M
 SBSP3 SABESP ON 15,68 +1,36 -5,97 7,05M
 POMO4 MARCOPOLO PN N2 2,00 +1,01 -37,86 15,59M
* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Já a BM&FBovespa (BVMF3, R$ 10,70, +0,00%) teve lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 318,0 milhões, uma alta de 27,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a Lojas Americanas  encerrou o período com lucro líquido de R$ 17,3 milhões de reais, queda de 57,3% sobre igual período de 2014, informou na noite de quinta-feira.

A Gol, por sua vez, teve prejuízo líquido de R$ 354,9 milhões no segundo trimestre, ampliando o resultado negativo de R$ 145 milhões obtido do mesmo período do ano passado.

Ásia cai
A maioria dos índices acionários asiáticos teve leve queda nesta sexta-feira, em vias de acumular grandes perdas semanais na esteira da desvalorização surpresa da China de sua moeda na terça-feira. “Nesta semana, as notícias sobre a China têm provocado alguns danos significativos ao sentimento geral, com os ganhos das duas últimas semanas lentamente se dissolvendo”, disse em nota o analista- chefe de mercado da CMC Markets em Londres, Michael Hewson.

“A principal preocupação do mercado agora é quanto mais o yuan pode recuar nas próximas semanas, e qual o efeito que isso terá sobre a inflação nos próximos meses?” O banco central da China nesta sexta-feira definiu o ponto médio do yuan a 6,3975 por dólar antes da abertura do mercado, mais firme do que o da correção do dia anterior de 6,401. O banco central também tranquilizou os investidores na quinta-feira, dizendo que não havia razões para o yuan cair mais ainda dado os fundamentos sólidos da economia.

O Ringgit, moeda da Malásia, liderou as perdas entre os câmbios de países emergentes com escândalo político no país em meio a impactos da desvalorização do yuan chinês e queda do petróleo. 

Na Europa, as ações fecharam em queda, marcando sua pior semana em mais de um mês, na esteira da depreciação da moeda da China. O dia foi recheado de indicadores econômicos do continente e notícias sobre a Grécia. O governo do primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, assegurou nesta sexta-feira votos suficientes para conseguir aprovar no Parlamento o novo acordo de resgate, em uma votação que destaca o crescente racha dentro de seu partido Syriza.

Entre os indicadores, a zona do euro teve crescimento abaixo do esperado no segundo trimestre. A Eurostat informou que o Produto Interno Bruto (PIB) na zona do euro, que abrange 19 países, cresceu 0,3 por cento na comparação trimestral no período de abril a junho e expandiu 1,2 por cento na comparação anual. Economistas consultados pela Reuters esperavam crescimento trimestral de 0,4 por cento e avanço de 1,3 por cento na base anual.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.