Ibovespa cai mais de 2% puxado por China; Vale recua mais de 4%

Notícias de que o governo chinês não irá intervir na regulação do setor bancário do país derruba o índice brasileiro para baixo de 46.000 pontos

Carolina Gasparini

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SÃO PAULO – As preocupações com o desempenho da economia chinesa continuam guiando os mercados. Com notícias ruins vindas da Ásia, que vão desde cortes de projeções para a economia até riscos sobre o setor financeiro do país, o Ibovespa acompanha a tendência das bolsas mundiais e inicia esta segunda-feira (24) com forte queda. Na cotação das 10h58 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira apresentava queda de 2,64%, a 45.813 pontos, estendendo as perdas vistas na sexta-feira, quando o índice fechou na sua mínima desde abril de 2009.

Entre as 71 ações que compõem o Ibovespa, 69 apresentam queda nesta sessão, com destaque para a Vale (VALE3, R$ 29,19, -4,14%; VALE5, R$ 27,12, -4,67%), que apresenta grande relação com as notícias chinesas, uma vez que a China é o maio importador dos produtos da mineradora. Também colabora com a queda no índice as ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,87, -2,75%, PETR4, R$ 15,97, -2,98%) que came mais de 2%. Juntos, os ativos das duas companhias correspondem a mais de 20% de participação no Ibovespa.

Ainda na ponta negativa, os ativos do grupo EBX apresentam fortes quedas, com LLX Logística (LLXL3, R$ 0,97, -5,83%), OGX Petróleo (OGXP3, R$ 0,79, -3,66%) e MMX Mineração (MMXM3, R$ 1,23, -3,15%). Ainda entre as maiores quedas, Sabesp (SBSP3, R$ 20,32, -6,75%), Bradespar (BRAP4, R$ 20,54, -5,26%), CCR (CCRO3, R$ 15,98, -4,94%) e Hering (HGTX3, R$ 30,99, -4,65%).

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China em risco
Na China, as ações do setor bancário despencaram, após as autoridades locais deixarem claro que os dias de recursos baratos ilimitados oficiais para bancos estão acabados. O BC chinês disse ainda que os bancos precisam desempenhar melhor a tarefa de administrar o dinheiro e seus empréstimos.

Aliado às notícias governamentais, o corte de estimativa para o crescimento da economia chinesa pelo Goldman Sachs – de 7,8% para 7,4% neste ano e 8,4% para 7,7% em 2014 – também pesou sobre o índice referencial de Xangai, que caiu 5,30% e registrou sua maior queda em um dia desde 2009.

Focus corta PIB pela 6ª semana
Segundo o 
boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, a mediana das projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) recuou de 2,49% para 2,46% neste ano. Para 2014, o número caiu de 3,20% para 3,10%. O relatório do BC segue apontando que a Selic fechará 2013 em 9% ao ano – atualmente ela está em 8,25% ao ano.

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A taxa de câmbio prevista para dezembro deste ano, por sua vez, subiu de R$ 2,10 para R$ 2,13 na passagem semanal.

Maré de más notícias na Europa
Na Europa, as principais bolsas operam com queda de aproximadamente 1%. Por lá, o noticiário mostra-se bastante agitado, a começar pelo Reino Unido, onde veicula-se que a economia britânica possa cair em crise novamente, caso o governo abandone seu programa de austeridade, segundo entrevista do ministro das finanças, George Osborne, à BBC.

Na Itália, os investidores digerem os protestos realizados no final de semana, cobrando do governo uma solução para o desemprego, que atingiu 12% em abril, maior nível já registrado. Ainda na Itália, o vice-ministro de Economia, Stefano Fassina, disse que um aumento em seu imposto de valor agregado deve ser adiado e possivelmente cancelado. Segundo a Reuters, a suspensão do aumento no tributo custaria cerca de € 4 bilhões por ano ao país.

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Nem mesmo a notícia de que a Alemanha pode atingir superávit em 2015 anima o mercado. O índice de ações DAX 30, de Frankfurt, apresenta queda de 0,94%. Ainda no noticiário europeu, ministros de Relações Exteriores da Alemanha e da Turquia se reuniram no sábado para uma “intensa troca de opiniões”, que foram desde as manifestações da população turca até a relutância do país aderir à União Europeia.

Ainda durante o final de semana, os líderes europeus não chegaram a um acordo sobre a forma de compartilhar os custos de colapsos bancários, enquanto a Alemanha resistiu às tentativas da França de enfraquecer a força das regras destinadas a poupar os contribuintes em futuras crises. Na Grécia, o primeiro-ministro, Antonis Samaras, afirmou que a recente crise política e o fracasso em alcançar as metas de privatização não interromperão o resgate financeiro internacional dado ao país.

Discurso nos EUA
Nos EUA, serão divulgados apenas dois indicadores: a sondagem industrial de Dallas e o Índice de Atividade Nacional. Porém, as atenções devem ficar com o discurso de Richard Fisher, presidente do Federal Reserve de Dallas. Mesmo não sendo um votante fixo das reuniões do Fomc, suas palavras podem indicar o pensamento em relação ao atual cenário do país e dar informações sobre os próximos passos da autoridade monetária quanto à redução do programa de estímulos à economia.

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Brasil: nota do BC e PIB mensal
A FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou os dados do setor de consumo com a Sondagem do Consumidor caindo 0,4% em junho, para 112,9 pontos – menor pontuação desde março de 2010. Já o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor – Semanal) recuou 0,06 ponto percentual no mesmo período, para vairação positiva de 0,37%.

Ainda durante a manhã, o BC também apresenta a Nota de Mercado Aberto. Já durante a tarde, teremos a balança comercial da última semana, além da Sondagem da Indústria e o Relatório Mensal da Dívida Pública.

Porém, o destaque deve ficar com o indicador mensal de atividade mensal do Serasa, também chamado de PIB Mensal.