Ibovespa cai mais de 1% e perde 51 mil pontos com tensão política; dólar vai a R$ 2,99

Índice abre a sessão desta quarta com forte queda após "conflitos" no Congresso e antes de decisão sobre juros

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa seguiu o movimento negativo nesta quarta-feira (4) com queda de 1,59%, aos 50.487 pontos às 11h50 (horário de Brasília), em dia marcado por tensão política, reunião do Copom e dados de emprego nos EUA. Enquanto isso, o dólar comercial, após renovar novamente sua máxima em 11 anos na véspera, volta a subir forte, com ganhos de 2,07%, atingindo os R$ 2,9881 na compra e R$ 2,9886 na venda. No mercado futuro, a moeda superou os R$ 3,00.

O dia no mercado doméstico é marcado pelo aumento da tensão política após o presidente do Senado, Renan Calheiros devolver a Medida Provisória sobre o fim da desoneração da folha de pagamento, levando a presidente Dilma Rousseff a apresentar em caráter de urgência um Projeto de Lei. Enquanto isso, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregou ao STF a lista com 54 nomes, com muitos políticos entre eles, para abertura de inquérito em relação às investigações da Lava Jato.

Nesta quarta termina a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), onde é esperado um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. A desvalorização do real e o reajuste dos preços administrados modificaram o cenário esperado pelos economistas, que anteriormente esperavam uma alta máxima de 0,25 p.p..

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Por aqui, ainda vale destacar a reunião do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, se reúne com representantes da agência de risco S&P, após, na última semana, a Moody’s decidir rebaixar o rating da Petrobras e colocar pressão não só na companhia, mas em um possível corte na nota soberana do País. Lembrando que com a devolução da MP na noite de ontem, os ajustes fiscais programados pelo governo podem ser impactados, o que aumenta a importância da discussão com a S&P.

Entre os indicadores, a produção industrial brasileira subiu 2,0% em janeiro frente a dezembro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, na comparação com o mesmo período do ano passado, a produção teve queda de 5,2%, 11ª taxa negativa seguida nesse tipo de comparação. A expectativa era que a queda fosse de 5%.

Estados Unidos
O aguardado relatório de emprego nos EUA mostrou que a criação de emprego no setor privado cresceu menos do que esperado em fevereiro, como os serviços e bens de produção desacelerando em relação aos últimos meses. Foram adicionados 212 mil postos no mês, ante dado revisado para cima de 250 mil em janeiro, no ritmo mais lento desde agosto de 2014. Economistas consultados pela Reuters esperavam um aumento de 220 mil.

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A maior parte dos ganhos vieram do setor de serviços. Embora o setor adicionou 181 mil cargos para o mês, valor 12% menor que os 206 mil de janeiro. Negócios e serviços profissionais também desacelerou, acrescentando 34 mil postos em relação a janeiro, quando atingiu 49 mil.

Destaques de ações
Entre os destaques, nas poucas altas desta sessão destaque para as companhias de papel e celulose, Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB5), ambas muito favorecidas pela disparada do dólar nos últimos dias. As duas companhias possuem um perfil exportador, aumentando assim seus ganhos na venda de produtos no exterior.

A Gerdau (GGBR4) também fica entre as altas mesmo após ver seu lucro líquido cair 20,1% no quarto trimestre de 2014 na comparação anual, passando para R$ 393 milhões. A receita líquida ficou em R$ 10,8 bilhões, crescimento de 5,1%. Juntamente com a divulgação do balanço, na manhã desta quarta-feira (4), a siderúrgica aprovou o pagamento de R$ 0,07 por ação em dividendos aos acionistas. O pagamento será feito em 26 de março e serão calculados com base nas posições acionárias de 16 de março.

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A Petrobras (PETR3; PETR4) também fica em evidência, com forte queda hoje após sair a “lista de Janot” com 54 nomes. Alguns veículos citam que os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, estariam entre eles. Além disso, hoje, o juiz da Corte de Nova York, Jed Rakoff, deve escolher o investidor líder da ação coletiva contra a Petrobras. Um dos investidores interessados em ser o líder é a gestora de recursos Skagen, da Noruega, e o Danske Bank, da Dinamarca, que juntos têm perdas que podem chegar a US$ 267 milhões, por conta de aplicações em bônus externos da Petrobras entre 2010 e 2014. Foi o maior prejuízo que apareceu nas petições entregues na Corte.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 4,52 -3,42 -25,90 5,05M
 BBAS3 BRASIL ON 22,87 -3,22 -3,07 35,33M
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 31,77 -2,99 +1,43 25,03M
 LIGT3 LIGHT S/A ON 13,60 -2,72 -20,09 2,40M
 MRVE3 MRV ON 6,91 -2,68 -7,87 2,12M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GGBR4 GERDAU PN 10,42 +4,41 +8,77 52,93M
 FIBR3 FIBRIA ON 39,06 +3,39 +20,15 18,68M
 GOAU4 GERDAU MET PN 11,32 +2,91 +0,18 7,34M
 DTEX3 DURATEX ON 8,30 +2,47 +4,23 12,85M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 12,80 +2,40 +13,78 32,34M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Exterior

Ásia e Europa seguiram o mesmo movimento nesta quarta uma vez que investidores mostraram-se cautelosos antes de reuniões de bancos centrais e dos dados de empregos nos Estados Unidos. A exceção ficou com o mercado chinês, que contrariando a tendência fecharam em alta.

Investidores mantiveram-se cautelosos antes do relatório de fevereiro de empregos fora do setor agrícola nos EUA, que pode fornecer pistas sobre o momento em que o Federal Reserve, banco central do país, elevará a taxa de juros.

Na zona do euro, as vendas no varejo subiram pelo quarto mês consecutivo em janeiro, com ganho de 1,1% ante dezembro, segundo dados publicados hoje pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. Na comparação anual, o setor varejista da região vendeu 3,7% mais em janeiro que em igual mês do ano passado, garantindo seu melhor desempenho desde agosto de 2005.

Enquanto isso, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, pediu pessoalmente ao ministro de Finanças do país, Yanis Varoufakis, que restrinja seus comentários públicos, informou o jornal alemão Bild nesta quarta-feira. Segundo a publicação, Varoufakis criticou em várias ocasiões o resultado das negociações recentes entre o governo grego e o Eurogrupo, que é formado por ministros de Finanças da zona do euro.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.