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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em baixa nesta segunda-feira (3) com o principal acontecimento do dia sendo a aquisição do HSBC Brasil pelo Bradesco por um valor bem acima do esperado. No noticiário macro fica o fim do recesso parlamentar por aqui e a reabertura da bolsa da Grécia, que desabou 16% depois de ficar fechada por um mês dentro da estratégia de controle de capitais do governo grego antes de firmar acordo com seus credores internacionais. Na China, o PMI (Índice Gerente de Compras, na sigla em inglês), caiu para o menor nível em dois anos.
Às 14h20 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira caía 1,36%, a 50.171 pontos. Já o dólar comercial sobe 0,98%, na máxima do dia, a R$ 3,4583 na venda, ao passo que o dólar futuro para setembro subia 0,33%, a R$ 3,468. No mercado de juros futuros o contrato de DI para janeiro de 2017 sobe 3 pontos-base, a 13,46% ao mesmo tempo em que o DI para janeiro de 2021 registrava ganhos de 2 p.bs., a 12,83%.
Ainda foi divulgada a prévia da nova carteira teórica do Ibovespa, mostrando a saída de Santander (SANB11), Gafisa (GFSA3) e Marcopolo (POMO4), ao mesmo tempo em que Raia Drogasil (RADL3) entra na nova carteira com uma participação de 1,045%.
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No cenário político, hoje o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), foi preso na 17ª fase da Operação Lava Jato. Além dele, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu e sócio dele na JD Consultoria também foi preso, assim como Roberto Marques, ex-assessor do petista. O ex-ministro está sendo investigado por ter supostamente recebido propinas disfarçadas na forma de consultorias, por meio da JD Assessoria e Consultoria, já desativada. A PF incluiu a empresa de Dirceu em um grupo de 31 empresas suspeitas de promoverem operações de lavagem de dinheiro em contratos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Além disso, hoje acaba o recesso parlamentar, com os deputados e senadores voltando ao Congresso para trabalhar a partir de amanhã. Ficam as expectativas para como será o comportamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), nas votações de medidas do ajuste fiscal depois que ele anunciou o rompimento com o governo.
Destaques de ações
Do lado das quedas, o Bradesco (BBDC3, R$ 26,93, -2,64%; BBDC4, R$ 26,39, -3,26%) confirmou o favoritismo e, no início da madrugada desta segunda, teve oficializada a compra da operação brasileira do HSBC, conforme destacou o HSBC em seu relatório de resultados. A compra foi feita por US$ 5,2 bilhões, ou R$ 17,6 bilhões. O Banco Central foi avisado ontem à noite do desfecho da transação. Assim, o valor a ser pago pela operação nacional do banco foi bem acima do já aventado, de US$ 4 bilhões. Nas últimas semanas, as estimativas para o negócio variavam para algo entre R$ 10 e R$ 12 bilhões.
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Entre as outras blue chips, Petrobras (PETR3, R$ 11,07, -4,40%; PETR4, R$ 10,10, -3,81%) tem queda. Os números que circulam no mercado sobre o tamanho da oferta inicial de ações da BR Distribuidora sinalizam que os bancos coordenadores ainda tentam captar qual a receptividade dos investidores à operação. No entanto, uma questão que tem sido vista com fundamental é agregar instrumentos de governança à empresa, apurou o Valor.
As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
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As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
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Do lado das altas, em meio a reunião no Ministério de Minas e Energia entre o governo e agentes do setor elétrico sobre o risco hidrológico (GSF), as ações de elétricas sobem. Na semana passada, para tentar solucionar a questão, o governo propôs aos agentes produtores de eletricidade transferir o risco da falta de energia dos geradores para os consumidores finais a partir de 2017. Registram valorização os papéis de Eletrobras (ELET3, R$ 5,72, -1,21%; ELET6, R$ 8,77, +2,69%), Cesp (CESP6, R$ 19,52, +2,04%), Cemig (CMIG4, R$ 9,63, +2,01%) e CPFL (CPFE3, R$ 19,47, +0,99%).
Indicadores
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 oscilou de uma retração de 1,76% para uma de 1,80%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 9,25% este ano. Por fim, os economistas aumentaram as projeções para o câmbio, apostando agora em um dólar a R$ 3,35 no fim de 2015, contra os R$ 3,25 previstos na semana passada.
Grécia e China têm fortes emoções
A semana começa com fortes emoções para os mercados chinês e grego. O índice que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão caiu para perto das mínimas deste ano nesta segunda-feira, acompanhando as persistentes perdas nos mercados de commodities e reagindo a novos receios sobre desaceleração da economia da China.
Na Europa, o destaque fica com a bolsa da Grécia, que reabriu após cinco semanas fechada. E, como já esperado, os primeiros minutos de negociação foram de fortes quedas para o mercado grego. Numa sessão com poucas negociações, a bolsa chegou a cair 23%.
O Banco Nacional da Grécia, maior banco comercial do país, atingiu o limite diário com queda de 30%. Investidores já esperavam grandes perdas devido ao temor em relação à possível piora na economia da Grécia. Enquanto o Governo grego chegou a um acordo com os credores, este ainda não foi concretizado, levando a medo de que haja ainda sobressaltos políticos e econômicos. Por outro lado, o dia é de leve alta para as principais bolsas europeias.
Voltando para a Ásia, os papéis que mais perdiam eram dos setores financeiro e aqueles cuja performance tem ligação próxima com o crescimento econômico. A mínima do índice neste ano foi marcada em 8 de julho. O índice de Xangai apresentou queda de 1,11%, enquanto Hang Seng teve queda de 0,91%. O japonês Nikkei teve perdas mais leves, de cerca de 0,18%. Em um golpe contra o ânimo nos mercados, a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da Caixin mostrou que a atividade industrial da China caiu mais que o estimado inicialmente em julho, a maior contração em dois anos, com queda em novas encomendas.
“Acreditamos que o pânico no mercado acionário no começo de julho esfriou a atividade econômica, que é o que os PMIs da indústria indicaram”, disse o economista da ING Tim Condon em nota a clientes antes da divulgação do PMI da Caixin.