Ibovespa segue bolsas americanas e cai com aumento nos casos globais de coronavírus; dólar sobe a R$ 5,24

Mercado registra perdas diante das preocupações com o futuro da pandemia

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em forte queda nesta quarta-feira (1), na primeira sessão do segundo trimestre, com o aumento no número de casos de coronavírus no mundo sobrepujando qualquer outro driver possível para a sessão. O número de pessoas atingidas pela doença ultrapassou 861 mil, com mais de 42,3 mil mortes. As bolsas americanas também caem.

Hoje, o Relatório de Emprego ADP do setor privado dos Estados Unidos mostrou que em março foram eliminados 27 mil postos de trabalho, melhor que o esperado de acordo com a mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para a destruição de 150 mil vagas. Em fevereiro haviam sido criados 183 mil empregos no setor privado da maior economia do mundo.

Ontem, o índice Dow Jones fechou o seu pior março desde 2008 e o presidente americano Donald Trump advertiu que os EUA terão “duas, três semanas muito duras, um inferno” pela frente, o que afeta os mercados nesta sessão. A Casa Branca disse que os EUA poderão ter entre 100 mil e 240 mil mortes pelo coronavírus.

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Às 12h32 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava perdas de 3,28%, aos 70.619 pontos. Já o dólar comercial sobe 0,89% a R$ 5,2389 na compra e a R$ 5,241 na venda. O dólar futuro para maio tem alta de 0,62% a R$ 5,249.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 recua quatro pontos-base a 4,07%, DI para janeiro de 2023 registra ganhos de um ponto-base a 5,42% e DI para janeiro de 2025 avança sete pontos-base a 6,92%

Por aqui, a produção industrial surpreendeu e cresceu 0,5% na comparação mensal em fevereiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acima da expectativa dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para uma retração de 0,4%. Na medição anterior houve avanço de 0,9% na produção industrial. Já na comparação com fevereiro de 2019, houve uma queda de 0,4%.

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Na política, o presidente Jair Bolsonaro moderou o discurso na TV, mas sofreu outro forte panelaço da população.

Indicadores

Na China, o Índice Gerentes de Compras (PMI) da manufatura da Markit-Caixin confirmou que em março a indústria se recuperou, com leitura em 50,1 pontos, acima da projeção feita pela Reuters, de 45.5 pontos. Em fevereiro, o PMI da Markit-Caixin despencou a 40 pontos. Os dados confirmam o PMI do governo chinês divulgado terça-feira, com 52 pontos em março, bem acima dos 38 pontos de fevereiro.

No mercado de commodities, o petróleo cede e WTI toca em US$ 20 na mínima após Aramco, da Arábia Saudita, elevar produção acima de 12 milhões de barris por dia, enquanto a Rússia diz que não vai ampliar sua produção; metais caem em Londres e minério de ferro recua na Ásia.

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Pronunciamento de Bolsonaro

Em meio ao crescente isolamento, Jair Bolsonaro moderou o tom sobre o coronavírus em novo pronunciamento feito na noite de terça-feira (31). O presidente classificou a crise do novo coronavírus como o “maior desafio da nossa geração”

Em seu quarto discurso desde o início da pandemia do coronavírus no Brasil, Bolsonaro trocou as provocações por uma lista de medidas do governo na saúde e na economia. “Temos uma missão: salvar vidas sem deixar para trás os empregos”, afirmou. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o presidente tem demonstrado fragilidade emocional durante a crise e chorou pelo menos uma vez no Palácio do Planalto.

Durante o pronunciamento, houve forte panelaço da população em São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal contra o mandatário, que segundo o jornal O Globo, desagradou a ministros ao dar uma sala perto do seu gabinete, no Palácio do Planalto, para o filho Carlos.

Além disso, horas depois do discurso moderando o tom, Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar os governadores pelas redes sociais nesta quarta, mais uma vez questionando as medidas de isolamento social.

Os casos confirmados de coronavírus dispararam de 4.579 a 5.717, com aumento diário de 1.138 – o maior saldo visto em apenas um dia desde o início do surto no Brasil. O número de mortes no país subiu de 159 para 201, segundo dados do Ministério da Saúde da última terça-feira.

Novas medidas

O Plenário do Senado deve votar nesta quarta-feira o projeto de lei da Renda Básica de Cidadania Emergencial (PL 873/2020), que garante até R$ 1.500 para famílias de baixa renda durante a pandemia do novo coronavírus.

A versão final do texto também vai promover mudanças no auxílio emergencial para trabalhadores informais, aprovado pelo Senado na segunda-feira (30), acrescentando outros cidadãos que poderão recebê-lo.

A Renda Básica, proposta pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), será acionada em todos os períodos de epidemias e pandemias. Ela consistirá em auxílio de R$ 300 por pessoa, durante seis meses, para beneficiários do Bolsa Família e para cidadãos inscritos no Cadastro Único com renda familiar per capita inferior a três salários mínimos. Os valores poderão ser acumulados por uma mesma família até o valor de R$ 1.500, e a vigência dos pagamentos poderá ser prorrogada enquanto durar a pandemia.

Noticiário corporativo

A Petrobras lançou a oferta de oportunidade (teaser) para a venda dos 10% restantes que possui de participação na NTS – Nova Transportadora do Sudeste. A NTS opera mais de dois mil quilômetros de gasodutos nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A Vulcabrás anunciou ontem que concluiu a venda da sua operação no estado de Sergipe por R$ 41 milhões. Já a Tegma teve um lucro líquido de R$ 43,4 milhões, 24,3% o quarto trimestre de 2019 na comparação com igual período do ano anterior.

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(Com Agência Senado, Bloomberg e Agência Estado)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.