Ibovespa cai ao menor nível em três semanas com fala de Trump e tensão na América Latina

Presidente americano destacou que a fase 1 do acordo com a China poderia ocorrer e rapidamente, mas se não houver consenso ele irá elevar tarifas

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (12) com os investidores novamente demonstrando aversão a risco, depois da trégua no noticiário político que ocorreu ontem, quando o índice subiu 0,69%.

O principal driver do pregão foi o discurso do presidente americano, Donald Trump, no qual foram frustradas as expectativas de que ele anunciasse o tão esperado adiamento das tarifas a veículos importados da União Europeia.

Como reflexo, o principal índice da B3 teve queda de 1,49%, a 106.751 pontos. É o menor nível desde 21 de outubro, quando fechou em 106.022 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 18,9 bilhões.

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Já o dólar comercial subiu 0,582%, para R$ 4,1662 na compra e R$ 4,1669 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro registra ganhos de 0,38%, para R$ 4,174.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avançou 0,88 ponto-base, para 4,57%. Já o DI para janeiro de 2023 teve alta de 1,78 ponto-base, para 5,71%.

Trump e AL

Sobre a China, o presidente americano destacou que a fase 1 do acordo poderia ocorrer e rapidamente, mas ponderou que se não houver consenso, ele irá elevar as tarifas contra o país. “Sem acordo haverá aumentos significativos das taxas”, ameaçou.

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“O comércio deve ser justo e, para mim, deve ser recíproco. Somos competitivos como nenhuma outra nação”, comentou. Trump disse ainda que o Federal Reserve coloca os EUA em desvantagem em relação a outros países e que é preciso seguir regras para acessar o mercado americano.

Na América Latina, movimentos sociais chilenos convocaram hoje uma greve geral para a quarta-feira (23) e a quinta-feira (24) mesmo após o governo do país anunciar que fará uma nova Constituinte.

Como consequência, o peso chileno caiu 5,3% nesta terça, liderando as perdas em um grupo de 24 divisas emergentes. O peso é negociado a 800 unidades por dólar nas casas de câmbio de Santiago, o menor valor da moeda na história.

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Isso ocorre ao mesmo tempo em que a Bolívia enfrenta um ambiente de fortes incertezas depois da renúncia do presidente Evo Morales. A renúncia gerou protestos e depredações em diversas cidades do país. Morales buscou asilo político no México do presidente de esquerda López Obrador.

Por fim, os resultados das empresas fazem preço na última semana da temporada de balanços do terceiro trimestre.

De acordo com Lucas Monteiro, trader de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, os comentários de Trump frustraram as expectativas dos investidores. “A queda do Ibovespa não foi abrupta, mas veio de forma monotônica acompanhando o discurso. Parece também uma continuidade da correção que tomou conta do mercado nos últimos dias”, afirma.

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Monteiro ainda entende que há um contágio da situação dos outros países latino-americanos, mas considera que o efeito é difícil de precisar, uma vez que esse tipo de problema sistêmico em uma região costuma ter reflexos mais fortes no câmbio do que nas ações, ao contrário do que ocorreu hoje. A alta do dólar ante o real foi até modesta em comparação com o desempenho negativo do Ibovespa.

No Congresso, foi promulgada a reforma da Previdência, aprovada dia 22 de outubro. Já a chamada PEC Paralela, que traz a inclusão de servidores estaduais e municipais na reforma, pode avançar hoje no Senado com a votação dos destaques e, a depender da celeridade dos trabalhos, com a sua votação em segundo turno.

Entre os indicadores, o setor de serviços do Brasil cresceu 1,2% em setembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expansão foi maior que a apontada pela mediana das expectativas compiladas no consenso Bloomberg, que era de 0,5%.

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Na série sem ajuste sazonal, em relação a setembro de 2018, o volume de serviços subiu 1,4%, quinta taxa positiva não sequencial no ano. O acumulado no ano foi de 0,6%.

Noticiário corporativo

Na agenda corporativa, destaque para os resultados de MRV (MRVE3), Copel (CPLE6), CPFL (CPFE3), Biosev (BSEV3), Aliar (AALR3) e Minerva (BEEF3) após o fechamento.

Na noite da véspera, a Marfrig (MRFG3) anunciou lucro de R$ 100,4 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 126 milhões registrado no mesmo período do ano passado.

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Já a BR Distribuidora encerrou o terceiro trimestre de 2019 com lucro líquido de R$ 1,336 bilhão, o que representou uma alta de 23,9% sobre o mesmo período do ano passado. Em nove meses, o lucro da companhia soma R$ 2,115 bilhões, alta de 33,2%.

Enquanto isso, entre julho e setembro, a Eletrobras (ELET3) lucrou R$ 716 milhões. No mesmo período de 2018, a empresa teve prejuízo de R$ 2,2 bilhões.

A Cosan (CSAN3) teve lucro lucro líquido ajustado de R$ 460,8 milhões no 3º trimestre, ante R$ 172,9 milhões no mesmo período do ano passado.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
ENBR3 1.28205 18.96
TAEE11 1.03093 28.42
BRAP4 0.36957 32.59
IRBR3 0.32922 36.57
GGBR4 0.32808 15.29

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
CVCB3 -6.63616 40.8
CSAN3 -4.93481 57.6
ELET3 -4.73616 37.01
BRFS3 -4.23998 33.2
MRFG3 -4.00356 10.79

Já a Ânima Educação (ANIM3) encerrou o período com prejuízo de R$ 2,5 milhões, queda de 85% em relação ao prejuízo de R$ 16,6 milhões frente o mesmo período do ano passado.

A Yduqs – ex-Estácio Participações – (YDUQ3), por sua vez, teve lucro líquido de R$ 158,8 milhões no mesmo período, uma queda de 18,3% ante os ganhos de R$ 202,6 milhões em igual período do ano passado.

Sanepar lucrou R$ 243,6 milhões, Enauta (ENAT3) teve lucro de R$ 41,9 milhões, enquanto a Rumo teve lucro líquido de R$ 367 milhões, crescimento de 62,5%.

Nesta manhã, a Embraer (EMBR3) apresentou prejuízo de R$ 314,4 milhões no terceiro trimestre, uma perda seis vezes superior a registrada no mesmo período do ano passado, de R$ 52,3 milhões.

Fora da safra de balanços, a Taurus Armas não será mais negociada com os tickers FJTA3 e FJTA4 a partir desta terça, mudando o código de negociação para (TASA3) e (TASA4).

Já na CVC (CVCB3), Luiz Fernando Fogaça vai acumular a vice presidência financeira. Enquanto isso, o Estadão informa que  IRB, CNP, BB e Tokio vão disputar habitacional da Caixa Seguridade.

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Agenda internacional

Na Europa, entre os indicadores, destaque para a taxa de desemprego no Reino Unido, que caiu para 3,8% no trimestre até setembro, de 3,9% no trimestre até agosto. O resultado veio pouco abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam manutenção da taxa em 3,9%.

A pesquisa do ONS também mostrou que os salários no Reino Unido, excluindo-se o pagamento de bônus, avançaram 3,6% na comparação anual do trimestre até setembro, superando a previsão do mercado, que era de alta de 3,8%.

Já o índice de expectativas econômicas da Alemanha subiu de -22,8 pontos em outubro para -2,1 pontos em novembro, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo instituto alemão ZEW. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam avanço menor do indicador, a -14,8 pontos.

O índice das condições atuais medido pelo ZEW, por sua vez, aumentou de -25,3 pontos em outubro para -24,7 pontos em novembro. Neste caso, a projeção era de ganho maior, a -22 pontos

Na Ásia, destaque para a bolsa de Hong Kong que se recuperou do tombo da véspera em meio a mais um acirramento da onda de protestos. Já o preço futuro do minério de ferro fechou com alta de 2,45%, também se recuperando das perdas recentes.

Os futuros do petróleo, que chegaram a operar em queda, viraram para alta ao longo do pregão meio às preocupações com a guerra comercial e com o aumento da oferta por parte da Arábia Saudita.

(Com Agência Estado, Agência Senado, Agência Brasil e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.