Ibovespa cai 4% na semana e tem pior desempenho desde janeiro; dólar e DIs sobem

Mercado tem semana para esquecer antes de votação do impeachment no plenário do Senado e sofrendo pela volatilidade das commodities

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou essa semana em queda de 4,07%, fazendo o seu pior desempenho semanal desde o período entre 11 e 15 de janeiro deste ano, quando o índice caiu 5,03%. Foi também, obviamente, a pior semana da Bolsa desde o início do rali do impeachment. No radar dos investidores nos últimos dias esteve o cenário político bem mais fraco, mas ainda assim fazendo preço marginalmente. O que realmente pesou foram as commodities, que apresentaram forte volatilidade, e o noticiário corporativo, com a divulgação de importantes resultados trimestrais de blue chips.

Segunda-feira
Na segunda (queda de 0,65%), o que impactou fortemente foi a baixa nas bolsas asiáticas, ainda refletindo a decepção do mercado com a decisão do banco central do Japão de manter as taxas de juros em -0,1% e não oferecer novos estímulos à economia. Segundo o diretor da mesa de trade da Mirae Asset Wealth Management, Pablo Spyer, também foi possível notar um pouco do fenômeno conhecido como “sell in may and go away” ou “venda em maio e saia da Bolsa”. “O sentimento de ‘sell-in-may’ impacta, com investidores preocupados com a volatilidade sazonal nos mercados entre maio e meados de novembro”, explica. 

Terça-feira
Na terça, o Ibovespa novamente caiu (2,43%), pressionado essencialmente por Vale e bancos depois de queda forte das commodities e resultado decepcionante do Itaú. No radar do investidor, o PMI (Índice Gerente de Compras) da China medido pela Caixin chegou ao 14º mês consecutivo de contração em abril. Com isso, o minério de ferro caiu 4,27% a US$ 63,41, o que impactou as ações da mineradora brasileira. 

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Quarta-feira
Na quarta veio o único alívio da semana. A Bolsa subiu 0,56%, em um dia em que a principal notícia foi a entrega de abertura do inquérito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Dilma e o ex-presidente Lula no STF (Supremo Tribunal Federal). No radar corporativo, más notícias, na medida em que Vale sofreu com o pedido de multa pelo MPF (Ministério Público Federal) de R$ 155 bilhões para serem divididos entre a mineradora brasileira, a anglo-australiana BHP Billiton e a joint venture das duas, a Samarco, por conta da tragédia que se abateu sobre Mariana (MG) no fim do ano passado depois do rompimento de uma barragem.  

Quinta-feira
Finalmente, o Ibovespa caiu 1,68% na quinta, pressionado pelas baixas de Vale e bancos, e também pela Petrobras, que virou para queda após subir durante boa parte da manhã. No radar, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi afastado após decisão do ministro do STF, Teori Zavascki, que foi ratificada no plenário da Suprema Corte. Para o analista da Appia, Luiz Felipe Mello, o mercado ficou preocupado ontem com a possibilidade de uma eventual cassação de Cunha dificultar ou retardar a aprovação de medidas no possível governo de Michel Temer. 
Mais tarde, no after-market, os investidores ficaram sabendo de uma notícia bastante negativa, o rebaixamento do rating do Brasil de BB+ para BB pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. 

Nesta sexta
Ibovespa fechou estável nesta sexta-feira (6) pressionado pelas ações de bancos, que ofuscaram as altas de Petrobras e Vale, apesar da preocupação com commodities. Os mercados no exterior trouxeram pressão para a Bolsa, em um dia de agenda econômica movimentada, sessão de forte baixa para as commodities, e uma bateria de resultados divulgada aqui no Brasil. O mercado não se mexeu, contudo, após a aprovação do parecer favorável ao impeachment de Dilma na Comissão Especial do Senado.

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O benchmark da Bolsa registrou leve alta de 0,09%, a 51.718 pontos. Nos últimos sete pregões, o Ibovespa só teve uma alta relevante. O volume financeiro negociado na Bovespa hoje foi de R$ 5,663 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial registrou queda de 1,04%, a R$ 3,5025 na compra e a R$ 3,5030 na venda. Na semana, o desempenho do dólar foi uma leve alta de 0,37%. Já o dólar futuro tem queda de 1,04%, a R$ 3,529. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 1 ponto-base a 13,68%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 avança 5 pontos-base a 12,57%. 

Segundo o analista da Appia, Luiz Felipe Mello, a Bolsa hoje operou seguindo os índices internacionais, que ficaram entre perdas e ganhos após o relatório de emprego dos Estados Unidos mostrar uma criação de novas vagas menor do que a esperada pelo mercado. “O mercado vai aguardar a votação definitiva no plenário do Senado. A Bolsa subiu muito em março e no começo de abril pelo impeachment e agora está em compasso de espera pela equipe econômica do [eventual presidente, Michel] Temer”, afirmou.

Relatório de Emprego
Hoje às 09h30 houve a divulgação do relatório de emprego nos EUA, que registrou a criação de 160 mil novos empregos em abril, abaixo do esperado pelo mercado, de cerca de 200 mil. 

Comissão do Impeachment
A Comissão Especial do Impeachment realizou nesta sexta-feira (6) a votação do relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) favorável à admissibilidade do processo contra a presidente Dilma Rousseff. Por 15 votos a 5, comissão do Senado aprovou parecer favorável ao impeachment de Dilma. 

Onze partidos votaram pelo “sim” à continuidade do impeachment: PP, PSC, PV, PSB, PMDB, PSD, DEM, PTB, PSDB, PR e PPS. Encaminharam pelo voto “não” o PCdoB, PT e PDT. Os blocos da oposição e da moderação encaminharam pelo sim e o bloco do governo pelo não. 

Votado o relatório do senador Anastasia, o voto em separado apresentado ontem pela base governista é automaticamente considerado rejeitado. Depois disso, a decisão será publicada no Diário do Senado. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já anunciou que fará a leitura da decisão da comissão, em plenário, na próxima segunda-feira (9). Renan terá 48 horas após a leitura para marcar a votação no plenário do Senado.

IPCA
Por aqui houve a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de abril, dado que pode ser importante para balizar as próximas decisões do Copom (Comitê de Política Monetária). O resultado ficou acima do esperado, em 0,61%, contra uma expectativa do mercado de 0,52%.

Cenário externo
Nesta sexta-feira, a maior parte das bolsas asiáticas fechou em leve queda, com os investidores à espera do relatório de emprego dos EUA. O Nikkei fechou em queda de 0,25%, enquanto Xangai caiu 2,82% e o Hang Seng tem queda de 1,66%. As bolsas chinesas tiveram a maior queda em dois meses com baixa das commodities; o petróleo brent virou para alta de 0,73%, a US$ 45,34 o barril. O minério de ferro negociado em Qingdao teve baixa de 3,25%, a US$ 58,29 a tonelada. O dia também foi de estabilidade para os principais índices europeus, com o FTSE em leve alta de 0,14%, o DAX em alta de 0,18% e o CAC 40 em desvalorização de 0,42%.

Fitch corta rating novamente
Após o fechamento do pregão de quinta-feira, a Fitch voltou a rebaixar o Brasil. A agência cortou desta vez o rating do País de “BB+” para “BB”, aprofundando o perfil do País na categoria grau especulativo. A perspectiva foi mantida como negativa.

Em nota, a agência disse que a revisão reflete a contração econômica mais profunda do que o esperado, o fracasso do governo para estabilizar as finanças públicas, o impasse legislativo e a elevada incerteza política. Segundo a Fitch, esses fatores reduzem a confiança doméstica e prejudicam a governabilidade, assim como a efetividade das políticas públicas.

Ações em destaque
Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes fecharam entre perdas e ganhos. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 30,40, +0,03%), Bradesco (BBDC3, R$ 27,37, +0,40%; BBDC4, R$ 25,37, +0,48%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 20,69, +0,83%) tiveram desempenho errático. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark. 

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 GGBR4 GERDAU PN 7,35 +4,85 +58,06
 SMLE3 SMILES ON ED 39,75 +4,61 +22,58
 BRAP4 BRADESPAR PN 7,74 +4,17 +55,11
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 14,12 +3,22 -22,81
 PETR4 PETROBRAS PN 10,08 +2,75 +50,45

Após abrir o dia com perdas, as ações da Vale (VALE3, R$ 16,88, +1,32%; VALE5, R$ 13,52, +1,88%) viraram para alta apesar da queda do minério de ferro e reação à multa de R$ 155,1 bilhões pedida pelo Ministério Público Federal por conta da tragédia em Mariana (MG) em novembro do ano passado. Hoje, o minério de ferro encerrou em queda de 3,25% no porto de Qingdao, na China, cotado a US$ 58,29 a tonelada.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 LAME4 LOJAS AMERICPN 14,16 -4,84 -12,15
 EMBR3 EMBRAER ON 19,15 -3,87 -36,46
 BRKM5 BRASKEM PNA 23,12 -3,47 -11,49
 BRML3 BR MALLS PARON EB 12,20 -3,10 +42,88
 MRFG3 MARFRIG ON 6,25 -2,34 -1,57


As ações da Petrobras (PETR3, R$ 12,93, +2,29%; PETR4, R$ 10,08, +2,75%), subiram junto com os preços do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) sobe 0,74% a US$ 44,65, ao mesmo tempo em que o barril do Brent tinha ganhos de 0,73% a US$ 45,34. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 13,52 +1,88 538,99M 575,33M 52.503 
 PETR4 PETROBRAS PN 10,08 +2,75 447,97M 613,69M 34.839 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,59 -1,00 302,32M 180,64M 20.972 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 30,40 +0,03 259,24M 464,72M 17.258 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 16,48 -0,42 235,01M 191,73M 11.924 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,84 -1,57 207,27M 254,66M 22.737 
 VALE3 VALE ON 16,88 +1,32 174,73M 184,93M 32.711 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 25,37 +0,48 161,18M 299,84M 14.749 
 CSNA3 SID NACIONALON 11,14 +1,09 121,20M 119,28M 19.608 
 BBAS3 BRASIL ON 20,69 +0,83 115,12M 260,68M 11.957 

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)