Ibovespa cai 2,8% com mercado de olho em Brexit, Fed e “recuos” de Temer; dólar sobe

Mercado estende as perdas do último pregão com investidores sem vontade de irem posicionados para o fim de semana

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em queda, confirmando uma tendência maior de queda depois do forte rali dos últimos pregões. Em um dia de agenda vazia em indicadores, o mercado tem cautela antes do fim de semana, com investidores sem ânimo para ficarem posicionados até a segunda-feira sendo que o domingo trará dados importantes na China como a produção industrial e as vendas no varejo. Lá fora, as commodities seguem em queda ainda com feriado na China e as bolsas mostram grande preocupação também com reunião do Federal Reserve e a votação plebiscito do “Brexit” (saída do Reino Unido da União Europeia) na semana que vem. 

Às 16h30 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 2,83%, a 49.672 pontos. Já o dólar comercial sobe 0,72% a R$ 3,4280 na venda, enquanto o dólar futuro para julho tem alta de 0,72% a R$ 3,448. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 tem alta de 2 pontos-base a 13,70%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 avança 18 pontos-base a 12,58%. 

Por aqui, o governo Temer frustra expectativas ao sinalizar recuos na Lei de Responsabilidade das Estatais e divergências no teto dos gastos do governo. 

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Teto dos gastos
De acordo com a Folha de S. Paulo, a Fazenda e o Planalto não estão de acordo sobre o tempo de duração da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do teto de gastos do governo. A equipe de Henrique Meirelles, por um lado, quer que a medida vigore até que a trajetória do endividamento público se reverta para uma situação mais confortável de solvência das contas públicas. Por outro, a parte política do governo quer que a medida dure de 3 a 5 anos.  

Contas dos estados preocupam
Após rejeitar a proposta dos Estados, que pedia carência de 100% no pagamento das dívidas por dois anos, o Ministério da Fazenda deve optar por uma negociação individual com o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais para o reequilíbrio das contas públicas. A crise financeira deles é tão grave que a contraproposta apresentada pela equipe econômica para alívio de curto prazo nas finanças dos governos estaduais não resolve o problema individual de cada um dos três Estados. 

Ações em destaque
As ações da Vale (VALE3, R$ 15,16, -3,44%; VALE5, R$ 12,00, -4,00%) e de siderúrgicas engatam segundo dia de derrocada na Bolsa, em meio ao mau humor externo. Lá fora, as commodities seguem em queda ainda com feriado na China. Acompanham o movimento também as ações da Bradespar – holding que detém participação na Vale. 

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As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 USIM5 USIMINAS PNA 1,82 -8,54
 CSNA3 SID NACIONALON 6,99 -7,29
 GOAU4 GERDAU MET PN 2,05 -5,96
 PETR3 PETROBRAS ON 11,16 -5,02
 GGBR4 GERDAU PN 5,87 -5,02

O mau humor das commodities segue pelo segundo dia, derrubando as ações da Petrobras (PETR3, R$ 11,16, -5,02%; PETR4, R$ 8,86, -3,49%) novamente. Lá fora, o preço do petróleo Brent recuava 2,89%, a US$ 50,45 o barril, enquanto o WTI caía 3,11%, a US$ 48,98 o barril.

No radar da estatal, os petroleiros farão greve de 24 horas, segundo informou Sindicato Unificado. O movimento acontecerá em todas as bases do Sindicato Unificado em todo o país, segundo comunicado no website do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo. A mobilização foi aprovada nas assembleias realizadas pelo sindicato nas duas últimas semanas. Dos 815 trabalhadores presentes, 381 foram a favor da paralisação, 354 contrários e 80 abstenções.

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As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 12,56 +1,29


A única alta da Bolsa no momento era a exportadora de papel e celulose Suzano (
SUZB5, R$ 12,57, +1,37%). A companhia ganha forças da alta do dólar, já que possui suas receitas denominadas na moeda norte-americana. 

Lula em manifestação
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará nesta sexta de um ato contra o governo do presidente interino, Michel Temer; Dilma Rousseff chegou a ser confirmada no evento mas, segundo a Folha de S. Paulo, ela afirmou a aliados que não deve participar. O protesto organizado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo reunirá movimentos sindicais e sociais ligados historicamente ao PT, além de militantes do próprio partido e de outras siglas com ideologia de esquerda. O protesto está marcado para ocorrer na Avenida Paulista às 17h. 

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Entrevista de Dilma à TV Brasil
A presidente afastada Dilma Rousseff defendeu ontem (9), em entrevista à TV Brasil uma consulta popular caso o Senado não decida pelo seu impedimento. Ao apresentador Luís Nassif, Dilma disse que é a população que tem que dizer se quer a continuidade de seu governo ou a realização de novas eleições. “O pacto que vinha desde a Constituição de 1988 foi rompido e não acredito que se recomponha esse pacto dentro de gabinete. Acredito que a população seja consultada”, disse.

Validade para teto de gastos
Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o Planalto concorda com a tese de que a criação de um teto para o crescimento do gasto público segundo a inflação deve ter prazo de validade, com ministros defendendo que a condição valha por um período de três a cinco anos. Já integrantes da equipe econômica preferem que o teto de gastos vigore até que a trajetória da dívida caia.

Índice de Confiança nos EUA
Às 11h será divulgado pela Universidade de Michigan o índice de confiança dos consumidores na economia norte-americana relativo ao começo do mês de junho. A expectativa mediana dos economistas é que o indicador recue para 94 pontos em comparação com os 94,7 pontos registrados em maio. 

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Cenário externo
A aversão ao risco persiste no mercado externo, com alguns índices chegando a cair mais de 3,6%, em dia de feriado na China.

As bolsas europeias caíram pelo 3º dia e S&P recua, com investidores mostrando cautela diante de eventos que podem gerar volatilidade, como FOMC (Federal Open Market Committee) e BoJ (Bank of Japan) na próxima semana e o referendo sobre o Brexit no dia 23.

Sobre o Fed, o mercado não vê possibilidade de alta de juros em junho, mas teme um comunicado que deixe mais próxima uma alta dos juros em julho ou setembro. 

Na Ásia, o Nikkei fechou em baixa de 0,40%, enquanto as bolsas europeias registraram baixa mais expressiva. O alemão DAX caiu 2,52%, enquanto o FTSE teve baixa de 1,86% e o CAC 40 registrou perdas de 2,24%. O petróleo também caiu, reduzindo ganhos na semana, com alta do dólar ofuscando queda dos estoques; cobre recua.