Ibovespa cai 2,5% com impeachment mais difícil após lista da Odebrecht; dólar dispara

Mercado desaba em meio a nova lista da Odebrecht com políticos da situação e da oposição e por queda de commodities

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera perdas nesta quarta-feira (23) pressionado pelos bancos e pela queda maior da Petrobras seguindo o petróleo e o noticiário político. Além da notícia da devolução ao STF (Supremo Tribunal Federal) do julgamento do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a lista de nomes envolvidos no recebimento de propinas da Odebrecht envolve diversas pessoas do governo e da oposição, reforçando o imbróglio político. 

Às 15h06 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 2,41%, a 49.779 pontos. Já o dólar comercial tem alta de 1,90% a R$ 3,6691 na venda, enquanto o dólar futuro para abril sobe 2,22% a R$ 3,667. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 vira para alta de 1 ponto-base a 13,73%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 19 pontos-base a 13,81%.

De acordo com Álvaro Bandeira, economista-chefe do home-broker da Modalmais, não se pode negar que o exterior também está fraco, mas queda da Bolsa é principalmente um efeito secundário dos documentos da Odebrecht. “O quadro de políticos citados pela Odebrecht é enorme e traz tanto gente da situação como da oposição, o que reduz o ímpeto do impeachment. O mercado vê que quem pode fazer o impeachmente vai tentar acomodar um pouco mais, os políticos não vão querer se expor. Quem está na lista vai querer ficar quieto”, explica. 

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Já segundo Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset, além do imbróglio político e a queda do petróleo pressionarem o mercado, a Bovespa está hoje mais sujeita à volatilidade devido ao baixo volume. Com relação ao dólar, ele atribui a alta aos swaps reversos realizados pelo Banco Central, que comprou 95% do lote, ao contrário do que ocorreu nos últimos dias. 

Lista da Odebrecht
Segundo revelado pelo blog de Fernando Rodrigues, do UOL, documentos apreendidos pela Polícia Federal listam possíveis repasses da Odebrecht para mais de 200 políticos de 18 partidos. O jornalista ressalta que é o mais completo acervo do que pode ser a contabilidade paralela descoberta e revelada ontem (22) pela força-tarefa a Operação Lava Jato. As planilhas estavam com o presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa Júnior. 

Nos documentos, constam nomes da oposição e do governo, como de Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR), Humberto Costa (PT-PE) e Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, entre vários outros. A maior parte do material é formada por tabelas com menções a políticos e a partidos.

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Contudo, vale ressaltar que, mesmo com grande riqueza de detalhes, a relação entre os nomes de políticos e os valores não devam ser considerados como prova de caixa 2 e sim indícios que serão esclarecidos no âmbito da Operação Lava Jato. Algumas tabelas parecem fazer menção a doações de campanha registradas no TSE e há CNPJs e números de contas usadas pelos partidos em 2010, por exemplo.

Ações em destaque
Em meio à queda do preço do petróleo após dados de estoque dos EUA, as ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,00, -4,58%; PETR4, R$ 7,85, -3,21%) registram baixa. O barril do Brent cai 2% após os estoques da commodity mostrarem um aumento de 9,36 milhões ante 2,48 milhões esperados pela mediana das estimativas da pesquisa BloombergDestaque ainda para o noticiário da estatal: a companhia informou que negocia com CCEE para regularizar passivos. Destaque ainda para a notícia do Valor de que a BR Distribuidora só interessa a investidor se Petrobras vender controle.

Por fim, a estatal decidiu recorrer ao STF contra duas leis criadas pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, em dezembro. As leis ampliam a carga tributária no setor de óleo e gás, com cobrança de ICMS e taxas de fiscalização. A estatal argumenta que as leis não têm sustentação jurídica. Outras seis petroleiras multinacionais conseguiram, na última segunda-feira, liminares na Justiça do Rio suspendendo as cobranças.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 BRKM5 BRASKEM PNA 25,14 -9,24
 VALE3 VALE ON 14,37 -6,87
 USIM5 USIMINAS PNA ES 1,80 -6,25
 VALE5 VALE PNA 10,73 -5,04
 WEGE3 WEG ON EJ 14,05 -4,77

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes caem, prejudicados pelo cenário político, que diminui a probabilidade de uma troca de governo que significasse uma mudança na condução da política econômica rumo à ortodoxia. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,28, -3,31%), Bradesco (BBDC3, R$ 29,99, -3,94%; BBDC4, R$ 26,52, -4,09%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,76, -3,14%) recuam. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Já a Vale (VALE3, R$ 14,37, -6,87%; VALE5, R$ 10,73, -5,04%) vai na mesma direção do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve queda de 0,84% a US$ 57,87.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,06 +1,71
 MRVE3 MRV ON 12,31 +1,57
 JBSS3 JBS ON 11,30 +1,35
 UGPA3 ULTRAPAR ON 69,37 +0,65
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 28,49 +0,18


Entre as maiores altas do dia está a Ambev (
ABEV3, R$ 19,06, +1,71%), que assim como as suas companheiras do lado positivo do Ibovespa, Hypermarcas (HYPE3, R$ 28,49, +0,18%) e Ultrapar (UGPA3, R$ 69,36, +0,64%), é uma empresa com perfil defensivo por ter demanda resiliente e boa gestão. 

Delcídio (não) fala no Senado
O evento que estava programado das declarações do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) no Conselho de Ética do Senado, foi cancelado após Amaral estender seu período de licença.

Odebrecht decide fazer delação premiada
A empreiteira Odebrecht, investigada na Operação Lava Jato, informou ontem (22) que decidiu colaborar de forma “definitiva” com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), que cuida das investigações. Os executivos da empresa deverão fazer acordos de delação premiada, incluindo o presidente afastado Marcelo Odebrecht. 

Decisão de Teori
O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF, determinou ontem que o juiz da 13ª Vara de Federal de Curitiba, Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da operação na primeira instância, envie ao STF, imediatamente, todas as investigações que envolvam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Armínio e Meirelles?
Se a presidente Dilma Rousseff sofrer o impeachment e o vice Michel Temer assumir o governo, os nomes preferidos para o Ministério da Fazenda são de Armínio Fraga e Henrique Meirelles, segundo informações da Folha de S. Paulo. De acordo com o jornal, apesar de negar publicamente, o grupo de aliados de Temer avalia os nomes para ocupar a área econômica, sensível no atual quadro de recessão. Temer e aliados estariam estudando a ideia de ter na Fazenda um nome com prestígio entre investidores do mercado financeiro e empresários, sendo capaz de ajudar o governo de transição a vender-se como produto de consenso de vários partidos. A ressalva é que o futuro ministro não possa ser ninguém com pretensões de ser candidato em 2018.

IPCA-15
Saindo às 9h desta quarta, o dado de inflação oficial medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) teve um avanço de 0,43%, contra 0,58% de alta esperado para março, segundo a mediana das expectativas dos economistas pesquisados pela LCA Consultores. No período imediatamente anterior, o avanço foi de 1,42%.

PME
Também hoje às 9h, saiu a PME (Pesquisa Mensal do Emprego) de fevereiro apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrando um aumento do desemprego para 8,2%. A estimativa da LCA Consultores, é de que o desemprego subisse de 7,6% para 7,9%.

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