Ibovespa cai 2,4%, perde os 99 mil pontos e bate mínima em quase 2 meses pressionado por piora das bolsas dos EUA e petróleo

Mercado encerra pregão em forte queda por conta da pressão vinda de Wall Street

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (10) pressionado pela piora no desempenho das bolsas de Nova York no período da tarde.

Os temores de que haja uma bolha no setor de empresas de alta tecnologia voltou a pesar e levou as ações da Apple a caírem 3,3%, enquanto a Tesla, que chegou a subir 8% na máxima da sessão, terminou em alta de apenas 1,4%. Com isso, a montadora de carros elétricos ficou bem distante de ao menos corrigir a queda de 21% registrada na terça.

Com isso, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram respectivamente 1,45%, 1,76% e 1,99%.

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Por aqui, Petrobras (PETR3; PETR4) foi quem puxou o índice para baixo, acompanhando o desempenho negativo do petróleo. O WTI caiu 2%, cotado a US$ 37,30 o barril, enquanto o Brent – usado como referência pela estatal – recuou 0,6%, a US$ 40,54 o barril.

O American Petroleum Institute (API) estimou, no fim da tarde de ontem, que o volume de petróleo bruto estocado nos EUA teve aumento de 3 milhões de barris na última semana.

Hoje, o temor de excesso da commodity se confirmou após a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) divulgar que os estoques de petróleo nos EUA subiram em 2 milhões de barris na semana passada.

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Diante desse cenário, o Ibovespa caiu 2,43% a 98.834 pontos com volume financeiro negociado de R$ 26,03 bilhões. É o menor patamar de fechamento do índice desde o dia 13 de julho, quando fehcou em 98.697 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,38% a R$ 5,318 na compra e a R$ 5,32 na venda. O dólar futuro para outubro avança 0,28%, a R$ 5,326 no after-market.

Entre os indicadores nacionais, as vendas no varejo cresceram 5,2% em julho na comparação com junho. O avanço foi de 5,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, acima da mediana das expectativas dos economistas, que apontava para uma expansão de 2,4% na base anual.

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No mercado de juros futuros, os DIs subiram forte por conta dos indicadores nacionais. Além das vendas no varejo, saiu a primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) para setembro, revelando uma alta de 4,41%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do IGP-M, teve alta de 6,14% no período, maior aumento desde julho de 1994.

Com a inflação mais forte e a economia se recuperando bem, crescem as apostas de que o Banco Central vai manter os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e será obrigado a elevar a Selic nos encontros do ano que vem.

O DI para janeiro de 2022 teve alta de quatro pontos-base a 2,83%, o DI para janeiro de 2023 ganhou nove pontos-base a 4,09%, o DI para janeiro de 2025 avançou 16 pontos-base a 5,96% e o DI para janeiro de 2027 variou positivamente 19 pontos-base a 6,94%.

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Hoje foram divulgados os dados de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que chegaram a 884 mil na semana passada, mostrou o Departamento de Trabalho do país. Este número foi um pouco maior do que a mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para 850 mil requisições do benefício no período.

Também fez preço a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter a taxa de refinanciamento em 0% ao ano, a taxa de depósitos em -0,5% ao ano e o programa de compras de títulos em 1,35 trilhão de euros.

Ainda no Brasil, continuou em destaque o debate sobre a pressão inflacionária dos alimentos. Ontem, o Ministério da Justiça notificou supermercados e produtores a explicar, em cinco dias, o aumento do preço dos alimentos da cesta básica. No mesmo dia, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou a tarifa de importação do arroz.

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Também chama atenção a notícia de que a ala militar do governo está perto de ganhar maior poder de decisão dos assuntos orçamentários em detrimento da equipe econômica. Além disso, foi noticiado que o programa Renda Brasil deve voltar a fazer parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo.

BCE

Em comunicado, o BCE afirma que continua pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme apropriado, para garantir que a inflação se mova para a meta de forma sustentada.

O BCE destacou ainda que continuará a fornecer ampla liquidez através de operações de refinanciamento.

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As compras sob o programa de emergência devem continuar até pelo menos 2021 ou até que se julgue que acabou a crise do coronavírus.

Após a decisão, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que um amplo estímulo monetário continua sendo necessário e que o nível de atividade continua bem abaixo dos níveis pré-Covid. Ela comentou ainda que incertezas pesam sobre os gastos dos consumidores e investimentos empresariais

Inflação

Ontem, o Ministério da Justiça notificou supermercados e produtores a explicar, em cinco dias, o aumento do preço dos alimentos da cesta básica. Se houver confirmação de abusos na formação de preços, podem ser aplicadas multas em valores que passam de R$ 10 milhões.

Segundo a Folha de S.Paulo, a medida surpreendeu pastas de Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura), que trabalhavam em uma ação de mercado contra a alta dos preços. A principal iniciativa prevista era a suspensão do Imposto de Importação sobre o arroz, que foi aprovada ontem pela Câmara de Comércio Exterior.

A medida foi vista como um viés estatal por ex-integrantes da equipe econômica, que lembraram o tabelamento praticado no governo do José Sarney, dos anos 1980.

Na quarta-feira, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Sanzovo Neto, afirmou que deve ocorrer uma campanha para o brasileiro substituir o arroz pelo macarrão. Ele destacou que o problema da alta dos preços está sendo causada pelo excesso de demanda, principalmente no exterior, e pela retração na oferta.

O mercado acompanha ainda o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional pode anistiar as igrejas do pagamento de quase R$ 1 bilhão em dívidas com a Receita Federal.

Segundo O Globo, o presidente Jair Bolsonaro deve seguir a assessoria jurídica do Palácio do Planalto e vetar o trecho do projeto de lei que concede o perdão milionário. A equipe econômica do governo também é contrária à sanção da medida.

Orçamento

Outro destaque no noticiário brasileiro é o de que a ala militar do governo está perto de ganhar maior poder de decisão dos assuntos orçamentários em detrimento da equipe econômica.

Segundo o Estado de S.Paulo, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, fará parte da Junta de Execução Orçamentária (JEO), responsável pelas principais decisões do Orçamento. Atualmente, a junta é composta apenas pelos ministros da Economia e da Casa Civil.

Além disso, a definição do programa Renda Brasil deve voltar a fazer parte da PEC do pacto federativo. O parecer seria apresentado ontem ao presidente do Senado, mas foi adiado para incluir o programa assistencial.

Inicialmente, o relator deixaria o Renda Brasil fora da PEC para ser incluído no parecer do projeto de Orçamento de 2021. No entanto, agora o programa deve ser apresentado ao presidente na semana que vem, entre quarta e quinta-feira.

Na noite de ontem, presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à CNN Brasil que fez uma pesquisa em suas redes sociais em que 82% das pessoas responderam que queriam a permanência do valor de R$ 600 no auxílio emergencial. No entanto, ele disse que sua posição pessoal é de aprovar a medida provisória enviada pelo governo, que prevê mais quatro parcelas de R$ 300.

Radar corporativo

Um dos destaques do noticiário empresarial é a intenção do Grupo Pão de Açúcar de segregar a operação do Assaí, que opera os negócios de cash and carry (atacarejo).

Primeiro, a participação acionária detida pelo Assaí no Amacenes Éxito será transferida para o GPA. Depois, ocorrerá uma cisão parcial do GPA. Em seguida, a empresa vai listar as ações do Assaí no Novo Mercado da B3, e dos ADRs da empresa na bolsa de Nova York. Finalmente, as ações de emissão do Assaí serão distribuídas aos acionistas do GPA.

Além disso, a Cosan informou sua controlada Raízen está mantendo tratativas preliminares com a Biosev que poderão resultar em uma potencial transação entre as companhias.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.