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Ibovespa cai 2,38%, com investidores monitorando cenário político local; dólar sobe 2,19%, a R$ 5,17

Notícias a respeito do nome que ocupará o cargo de ministro da Economia no próximo ano foram catalisadores negativos para Bolsa brasileira

Vitor Azevedo

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Nesta segunda-feira (7), no primeiro pregão com a B3 funcionando em novo horário (das 10h às 17h55), o Ibovespa registrou uma queda de 2,38%, indo aos 115.342 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira se descolou do que foi visto no exterior, após investidores digerirem mal novidades do noticiário político local.

“O mercado brasileiro vinha de um rally forte e, hoje, realizou parte dos lucros. A justificativa, para isso, foi principalmente a decepção quanto à escolha do ministro da Economia. Investidores vinham esperando o nome de Henrique Meirelles seria anunciado, mas hoje ele próprio negou que recebeu um convite”, explica João Abdouni, analista da Inv. Nos últimos dias, Meirelles tem negado que recebeu convite para o cargo, enquanto outros nomes ganham ou perdem forças na bolsa de apostas para o comando da economia.

Do outro lado, o especialista destaca que a notícia de que há pressão por partidários do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para que Fernando Haddad assuma o cargo em questão não foi bem recebida.

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“Saíram especulações de que o PT estaria cobrando de Lula que o novo ministro da Economia seja Fernando Haddad, por conta da eleição de 2026. Aparentemente, ele estaria sendo o mais cotado para assumir o principal ministério, o que agrada os partidários de Lula, mas desagrada o mercado”, explicou.

Alvaro Ferris, especialista de investimentos da Rico, vai na mesma linha.

“Investidores sinalizam cautela em meio aos desdobramentos da transição de governo e nomeação do futuro time econômico”, explica o especialista da corretora. Além disso, “com temor em relação ao risco fiscal,  é necessário atenção para os desdobramentos da PEC que busca viabilizar o auxílio de R$ 600, além de outras propostas com potencial inflacionário”.

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Com isso, o dólar avançou 2,19% frente ao real, a R$ 5,172 na compra e a R$ 5,173 na venda – mesmo com o DXY, índice que mede a força da moeda americana frente a outras divisas de países desenvolvidos tendo caído 0,62%, aos 110,19 pontos.

A curva de juros brasileira também sofreu com o risco político e avançou. O rendimento dos DIs para 2025 ganharam 19 pontos-base, a 11,91%, e os dos DIs para 2027, 27 pontos, a 11,73%. Os DIs para 2029 foram a 11,82%. com mais 26 pontos, e os para 2031 a 11,87%, com mais 24 pontos.

“Outro fator que influenciou o Ibovespa foram notícias provindas da China. O governo, por lá, negou que acabará com a política da Covid Zero, o que acaba com as especulações que surgiram no noticiário na última semana e impacta negativamente as commodities”, acrescenta Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

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Com a pressão na curva de juros, as principais quedas do Ibovespa ficaram para ações ligadas ao mercado interno. As ordinárias da Yduqs (YDUQ3) recuaram 10,64%, as da Americanas (AMER3), 9%, e as da Cogna (COGN3), 8,72%. Companhias de commodities também pesaram no índice, com as preferenciais série A da Usiminas caindo 4,99% e as ordinárias da SLC Agrícola (SLCE3), 5,99%.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram, respectivamente, 1,31%, 0,96% e 0,85%.

“Por lá, as bolsas subiram mais por conta do cenário político. Com a definição da Câmara dos Representantes se aproximando, há a perspectiva de crescimento de cadeiras do Partido Republicano”, acrescenta  Pacheco.  O Partido Republicano é visto, historicamente, como mais ortodoxo na economia, evitando alta de impostos e aumento dos gastos públicos.