Ibovespa cai 1,8%, mas consegue ter 3ª alta mensal seguida; dólar sobe 2,4% em fevereiro

Índice acentuou as perdas no fim do pregão em dia de realização de lucros e ajustes por conta do fim do mês

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de recuar 0,82% no pregão passado, o Ibovespa voltou a cair nesta quarta-feira (28), em dia de realização de lucros e correção para a virada do mês. No noticiário, chamou atenção o dado abaixo do esperado da indústria na China em fevereiro, fator que pressionou as ações da Vale (VALE3) mesmo após o bom resultado no quarto trimestre, assim como ao resultado em linha com o esperado do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA divulgado nesta manhã.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 1,82%, aos 85.353 pontos, fechando fevereiro com uma alta de 0,52%, em sua terceira alta mensal seguida. Além disso, o índice chegou ao seu oitava alta mensal nos últimos nove meses, período em que saltou mais de 23 mil pontos. O volume financeiro ficou em R$ 17,953 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, caiu 0,22%, cotado a R$ 3,2428 na venda. Mesmo assim, a moeda norte-americana encerrou o mês com forte valorização de 2,41%.

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A segunda prévia do PIB do quarto trimestre mostrou expansão de 2,5% no fim do ano passado, uma ligeira queda frente aos 2,6% na primeira prévia e em linha com esperado pelo mercado. Ainda no campo dos indicadores econômicos, destaque para o PMI (Índice dos Gerentes de Compras) na China, que decepcionou ao apontar crescimento de 50,3 na passagem de janeiro para fevereiro, atingindo o menor nível em 19 meses, enquanto os analistas esperavam por avanço de 51,1.

Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 fecharam em queda, com o DI para janeiro de 2019 recuando 2 pontos-baes, a 6,58% e o contrato de janeiro de 2021 caindo 3 pontos, a 8,47%.

Vale cai e outros destaques

As ações da mineradora recuam refletindo o resultado abaixo do esperado da atividade industrial chinesa, mesmo após o bom resultado do quarto trimestre. A Vale registrou lucro líquido de US$ 771 milhões no quarto trimestre deste ano, um aumento de 47% em relação ao mesmo período do ano passado, quando marcou US$ 525 milhões.

O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no intervalo de setembro até dezembro foi a US$ 4,11 bilhões, 7% acima da expectativa do mercado de US$ 3,85 bilhões. A receita líquida foi de US$ 9,17 bilhões no quarto trimestre de 2017, ligeiramente acima dos US$ 9,14 bilhões projetados pelos analistas.

De acordo com os analistas do Credit Suisse, o resultado foi forte em linhas gerais, com destaque para a rápida desalavancagem e forte geração de caixa,catalisadores para a empresa se tornar um player de dividendo. O BTG Pactual destacou que o resultado foi bom, dando ênfase ao forte fluxo de caixa. Segundo o banco, os custos com minério aumentaram 10% na passagem trimestre e isso pode pressionar um pouco a performance do papel, mas nada que altere a visão positiva para a mineradora, mantendo a recomendação de compra.

Temer mira segurança
Em destaque no noticiário político, está a troca no comando da Polícia Federal, feita pelo novo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Fernando Segovia será substituído por Rogério Galloro no cargo de diretor-geral da corporação.

De acordo com jornais, as discussões sobre a troca no comando da Polícia Federal já aconteciam faz algum tempo e, conforme aponta a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, a mudança fez com que o presidente Michel Temer “matasse três coelhos com uma só cajadada”: i) livrou-se de um diretor que levou crises ao Palácio do Planalto; ii) sinalizou que a pasta recém-criada, da Segurança Pública, não é um “ministério de faz de conta” e iii) fez um gesto para pacificar a corporação.

A troca no comando é uma nova demonstração de que Temer agora aposta todas as suas fichas na segurança como força motriz do governo e foi uma tentativa de sinalizar à Polícia Federal de que não haverá interferência no órgão. Assim, sob o comando de Jungmann, a PF ficará blindada. 

Enquanto isso, o noticiário eleitoral também segue sendo destaque. Segundo o Estadão, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, comunicou para Temer que vai deixar o cargo para disputar a Presidência da República pelo PSC.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.