Ibovespa cai 1,5% em meio a vírus chinês e queda de bancos; dólar sobe com México

Mercado termina em baixa diante de uma série de notícias que ofuscou o Fórum Econômico de Davos

Ricardo Bomfim

Painel de cotações indicando forte queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte baixa nesta terça-feira (21) seguindo a fraqueza das bolsas internacionais após o “Vírus de Wuhan” atingir os Estados Unidos. Um turista americano que voltou da China foi diagnosticado com o coronavírus em Seattle.

Desde o início da sessão, as bolsas já caíam depois do governo chinês confirmar que o vírus, que já matou três e contaminou 200 pessoas, é propagado pelo contato com doentes. A queda das bolsas dos EUA hoje foi a maior desde agosto.

Especialistas afirmam que além das preocupações com a saúde, há temores de que o coronavírus evolua para uma pandemia. Muitos lembram da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que também surgiu na China e matou 800 pessoas no mundo todo entre 2002 e 2003.

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O Ibovespa caiu 1,54% a 117.026 pontos – maior queda desde 8 de novembro – com volume financeiro negociado de R$ 22,091 bilhões.

Nesta terça, novamente os bancos foram os vilões do pregão, uma vez que Itaú Unibanco caiu 2,1%, Bradesco teve queda de 3,5% e Banco do Brasil recuou 2,8%. Desde o fim do ano passado, as ações das instituições financeiras sofrem com medidas do governo como reduzir os juros do cheque especial e permitir que clientes de fintechs possam pagar contas como luz, água e telefone.

Enquanto isso, o dólar comercial registrou alta de 0,4%, a R$ 4,2054 na compra e R$ 4,206 na venda, chegando ao seu maior preço de fechamento desde 2 de dezembro.

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O dólar futuro com vencimento em fevereiro tem alta de 0,56% a R$ 4,2185. O câmbio refletiu o anúncio do Banco Central do México, que irá fazer um leilão de swap para estender o prazo da dívida do governo.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu cinco pontos-base a 5,02%, o DI para janeiro de 2023 recuou seis pontos-base a 5,60% e o DI para janeiro de 2025 teve queda de dois pontos-base a 6,36%.

Ainda no noticiário macro, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou ontem a nota de Hong Kong de Aa2 para Aa3 por conta dos protestos que já duram mais de seis meses na região.

Por aqui, o mercado ficou atento às falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que discursou no Fórum Econômico Mundial de Davos. Guedes destacou cortes de despesas e disse que o Brasil crescerá um ponto percentual a mais por ano. Ele comparou a economia brasileira com uma “grande baleia, de dimensões continentais” e disse que o governo está “removendo os arpões que travavam o crescimento” do País, citando o descontrole fiscal.

Na véspera, as declarações de Guedes voltaram a fazer o dólar subir, com o ministro reiterando que a combinação de juros mais baixos e câmbio mais alto são o “novo normal” no Brasil.

Nos Estados Unidos, o Senado começou a julgar se o presidente Donald Trump será ou não afastado do cargo. O processo de impeachment foi aprovado pela Câmara dos Deputados no fim do ano passado e se baseia na acusação de que Trump tenha cometido abuso de autoridade ao pedir ao presidente eleito da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que investigasse o adversário político do americano, Joe Biden, do Partido Democrata.

Em discurso na manhã de hoje em Davos, Trump afirmou que os Estados Unidos estão “no meio de um boom econômico que o mundo nunca viu antes”. Os “ótimos números” da economia, acrescentou, ocorrem apesar da política monetária do Federal Reserve. Trump é crítico da autoridade monetária, defendendo que o Fed corte mais os juros para estimular a atividade econômica.

O presidente americano afirmou que a “maior parte” das tarifas comerciais impostas à China vai continuar em vigor durante as negociações da próxima etapa do acordo bilateral, conhecida como “fase 2”, que começarão “muito em breve”. Ele ainda comemorou a assinatura da “fase 1” do acordo, na semana passada. “Nossa relação com a China neste momento nunca esteve melhor”, destacou.

Trump lembrou que o acordo prevê que a China gaste cerca de US$ 200 bilhões adicionais em bens e serviços americanos, mas apontou que o montante pode chegar a algo próximo de US$ 300 bilhões.

Noticiário corporativo

Matéria publicada hoje no jornal Valor Econômico informa que a Petrobras (PETR3; PETR4) espera obter mais de R$ 3,35 bilhões com a venda dos 10% restantes que possui na Transportadora Associada de Gás (TAG). No ano passado, a francesa Engie e o fundo canadense Casse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ) compraram 90% da TAG por R$ 33,5 bilhões.

A Caixa Seguridade Participações fechou um acordo com a Icatu Seguros para vender títulos de capitalização, durante 20 anos, nas agências da Caixa Econômica Federal (CEF). A Icatu investirá R$ 180 milhões na nova empresa que fará essa operação. Já o Banco Inter comprou 70% do capital da DLM, uma gestora que tem uma carteira de R$ 4,5 bilhões.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
RADL3 5.36479 125.5
BRKM5 3.22393 35.54
TIMP3 2.51688 16.7
VVAR3 2.21271 14.32
QUAL3 1.71362 43.33

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
HGTX3 -12.59165 27.42
SANB11 -4.93478 43.73
CVCB3 -4.07317 39.33
BBDC3 -3.47852 31.91
BBDC4 -3.33717 33.6

A construtora e incorporadora imobiliária Even (EVEN3) publicou uma prévia dos seus resultados do quarto trimestre de 2019, informando que teve uma expansão de 46% na receita líquida, para R$ 583 milhões no período. Já a Cyrela (CYRE3) anunciou que as vendas contratadas somaram R$ 2,06 bilhões no quarto trimestre de 2019.

A Hering (HGTX3) divulgou na noite de ontem uma prévia do seu resultado do quarto trimestre de 2019. A empresa informou que teve uma queda de 5,2% no faturamento bruto, que foi de R$ 502,9 milhões no período.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.