Ibovespa cai 1,5% com falta de investidores estrangeiros e apreensão política; dólar vai a R$ 4,15

Índice ensaiou uma sessão de ânimo, mas logo voltou a cair, destoando do movimento das bolsas americanas

Lara Rizério

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O que apontava para ser uma sessão positiva para o Ibovespa voltou a ser mais uma de forte queda para a bolsa brasileira.

Esse movimento destoa dos mercados americanos, com Dow Jones, Nasdaq e S&P500 subindo entre 0,6% e 1% com os investidores repercutindo positivamente as falas mais brandas de Donald Trump, presidente dos EUA, sobre a guerra comercial com a China, ao falar sobre a grande possibilidade de chegar a um acordo entre os dois países. 

Depois de chegar a subir 0,79%, o Ibovespa virou para queda no início da manhã e, às 15h35 (horário de Brasília), registrava forte baixa de 1,50%, a 96.204 pontos. 

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Enquanto isso, o dólar voltou a subir, com o contrato futuro da divisa em alta de 0,70%, a R$ 4,151; já o dólar comercial avança 0,66%, a R$ 4,1515 na venda.

De acordo com um gestor ouvido pelo InfoMoney, boa parte do movimento ocorre pela falta do investidor estrangeiro na bolsa. Após ter a sua saída compensada pela entrada do investidor local, que trocou as aplicações de renda fixa pela variável em meio à queda de juros, agora a bolsa ver esse movimento cessar. Veja mais sobre a saída dos estrangeiros da bolsa clicando aqui

O mesmo movimento acontece no mercado de câmbio, com apenas uma troca de mãos entre os investidores locais. Ao explicar o pior desempenho do real frente outras moedas emergentes (é a terceira pior moeda entre as emergentes), o gestor ressalta que outros países estão mais atrativos para os investidores externos. 

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“Para emergentes, há a máxima de ganhar ou com crescimento ou com juros – e o Brasil não está atrativo para nenhum dos dois”, aponta o gestor. Atualmente, avalia, México, com taxas de juros mais altas (de 8% ante 6% no Brasil), possui condições mais atrativas no momento para os investidores brasileiros. 

Gerou ruído no mercado também, ainda que em menor grau, a declaração do presidente de que “está para estourar” uma denúncia contra alguém próximo a ele. “Não adianta fazer essa campanha pesada contra minha pessoa, contra minha família. Agora contra que tá do meu lado também, que está para estourar um problema aí… Problema não, uma falsa acusação a uma pessoa importante que tá do meu lado. É o tempo todo assim”, disse Bolsonaro a jornalistas.

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Os investidores ainda digerem a pesquisa realizada pela CNT/MDA divulgada nesta manhã, que mostrou que a avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro saltou de 19% em fevereiro para 39,5% este mês. Enquanto isso, a avaliação positiva caiu de 38,9% para 29,4% no mesmo período de tempo.

No caso da avaliação pessoal de Jair Bolsonaro, a aprovação recuou de 57,5% para 41%, enquanto a desaprovação do presidente foi de 28,2% para 53,7% entre fevereiro e agosto.

Enquanto isso, apenas 9,5% dos entrevistados acreditam que o presidente está cumprindo totalmente suas promessas de campanha, enquanto outros 45,4% afirmam que ele está cumprindo em partes. Outros 40% dizem que Bolsonaro não está cumprindo suas promessas. 5,1% não souberam ou não responderam.

Por fim, os investidores por aqui também seguem a sessão de queda do petróleo que impacta ativos como o da Petrobras. Isso porque, além da China, Trump também baixou o tom em relação ao Irã, após o americano dizer que pode se reunir com o presidente iraniano. 

 

Trump anima mercados – lá fora

Mais cedo, a manhã foi de ânimo para a B3 após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer durante reunião do G7 que as perspectivas de um acordo com a China são melhores agora do que em qualquer momento desde que as negociações começaram no ano passado. 

Ainda sobre o G7, Trump disse ontem à noite que a China ligou para o pessoal do comércio dos EUA. Ele também elogiou o presidente Xi Jinping como um “grande líder”. 

Vale ressaltar que, na sexta-feira, a retaliação da China a uma elevação tarifária anterior nos EUA levou a outro anúncio de aumento por Trump, que disse que as tarifas existentes de 25% sobre cerca de US$ 250 bilhões em importações da China aumentariam para 30% em 1º de outubro. Os investidores, apesar de se animarem com Trump amenizando o tom, seguem o tom de cautela esperando pelos próximos passos da disputa comercial. 

Ao mesmo tempo, dados econômicos voltaram a mostrar o efeito da guerra comercial, com a desaceleração da atividade nos países da OCDE e com a confiança dos negócios na Alemanha se deteriorando mais do que o esperado em agosto, atingindo o menor nível em quase sete anos. 

Amazônia e tensão com Macri
Também na reunião das sete maiores economias do mundo, os Chefes de Estado e governos dos países acordaram sobre o envio de ajuda aos países afetados pelos incêndios na Região Amazônica “o mais rápido possível”, sem que haja comprometimento da soberania, conforme declarou o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron. Segundo o presidente francês, os líderes do G7 vão providenciar 20 milhões de euros (cerca de R$ 91 milhões) de ajuda emergencial para combater os incêndios na Amazônia. 

Contudo, o ambiente entre Macron e Bolsonaro segue de tensão. O presidente da França atacou o presidente Jair Bolsonaro ao dizer que ele envergonhava seu país ridicularizando a aparência física da primeira-dama francesa. Macron disse que o comentário de Bolsonaro, sobre uma comparação entre Brigitte Macron e a primeira-dama brasileira, mais jovem, foi “extraordinariamente desrespeitoso com minha esposa” e que ele esperava que o povo brasileiro tivesse logo um líder digno.

No domingo, um post no Facebook mostrava fotos de Brigitte, de 66 anos, ao lado da esposa de 37 anos do presidente brasileiro com a pergunta: “Entende agora pq Macron persegue Bolsonaro?”. 

 

Altas e baixas

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON 17,77 -5,13 +46,87 69,69M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 6,49 -4,42 +47,84 151,02M
 QUAL3 QUALICORP ON 28,40 -4,38 +126,84 39,52M
 B3SA3 B3 ON 42,09 -3,97 +59,00 428,61M
 KROT3 KROTON ON ED 9,89 -3,70 +12,79 100,23M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 19,24 +0,84 +37,67 103,96M
 CIEL3 CIELO ON 7,30 +0,83 -13,89 67,24M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 14,36 +0,14 -6,24 23,33M
 YDUQ3 YDUQS PART ON 30,79 +0,03 +32,68 63,65M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.