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Ibovespa cai 1,03%, com exterior ofuscando aprovação do arcabouço na Câmara; dólar cai 0,37%, a R$ 4,95

Aprovação de arcabouço fiscal, do outro lado, fortaleceu o real e derrubou a curva de juros brasileira em um dia atípico de mercado

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 1,03% nesta quarta-feira (24), aos 108.79 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira refletiu, principalmente, a aversão ao risco vista no exterior, em um dia de mercado um pouco atípico no cenário interno.

Isso porque enquanto o Ibovespa recuou, o dólar perdeu força contra o real e a curva de juros caiu em bloco. A moeda americana caiu 0,37% frente à brasileira, negociada a R$ 4,954 na venda e na compra. Já as taxas dos DIs para 2024 perderam 3,5 pontos-base, a 13,26%, e as dos DIs para 2025, sete pontos, a 11,61%. Os contratos para 2027 foram a 11,13%, com menos 6,5 pontos, e os para 2029, a 11,43%, com menos oito pontos. Os DIs para 2031 fecharam a 11,64%, perdendo sete pontos.

“Dia de mercado bastante avesso a riscos. Bolsas globais recuam. O assunto lá fora segue sendo o teto das dívidas nos Estados Unidos e a ata do Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês], onde a diretoria do Federal Reserve se mostrou dividida a respeito de uma nova alta de juros, de um novo aperto monetário”, fala Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. “Aqui no Brasil, vemos um movimento atípico. Temos uma bolsa contaminada pelo cenário global, com Ibovespa e Small Caps caindo. Ao mesmo tempo, dólar perde força e a curva de juros fecha, com a aprovação do arcabouço fiscal dando um norte de como serão as coisas”.

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Na véspera, o Congresso brasileiro aprovou o texto-base do novo arcabouço fiscal por 372 votos a 108, o que foi uma vitória do governo, mas que também trouxe uma nova redação que foi bem recebida pelo mercado. José Faria Júnior,  diretor da consultoria Wagner Investimentos, apontou que futuramente novos ajustes fiscais serão necessários. Contudo, ele aponta que “o mercado está melhor porque desconfiava de solução ainda pior. Agora vamos acompanhar a sua execução e, eventualmente no futuro, o mercado poderá cobrar o preço. A solução é acompanhar a evolução da execução”.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,77%, 0,73% e 0,61%.

Por lá, o presidente, o democrata Joe Biden, e o líder do Congresso, o republicano Kevin McCarthy, ainda não chegaram a um consenso sobre o aumento do teto da dívida – com os recursos do executivo federal marcados para acabar no início de junho. O VIX, considerado o índice do medo, subiu 8,15% e ultrapassou os 20,04 pontos.

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Já no Fomc, os diretores da autoridade monetária parecem estar divergindo sobre o que fazer na próxima reunião, marcada para junho. Com isso, os treasuries yields para dez anos ganharam 3,8 pontos-base, a 3,73%, e os para dois anos, oito pontos, a 4,36%.

A alta dos juros nos Estados Unidos fez o dólar ganhar força mundialmente, apesar da queda contra o real. O DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas de países desenvolvidos, subiu 0,38%, aos 103,88 pontos.

“A aprovação do arcabouço fiscal ajudou a fazer a curva de juros recuar e o dólar cair contra o real, com uma certa calma dos ânimos, mas não foi suficiente para impulsionar o Ibovespa para cima. Isso por conta de preocupações no exterior como o aumento do teto da dívida americana, inflação acima do esperado no Reino Unido e possível nova onda de Covid na China”, comenta Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco.

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Entre as maiores quedas do Ibovespa, então, ficaram ações de exportadoras de commodities. Em frigoríficos, as ordinárias da JBS (JBSS3), com menos 4,89%, e as da BRF (BRFS3), com menos 5,55%.  No setor de siderurgia e mineração, as ordinárias da Vale (VALE3) perderam 2,27%, as da CSN (CSNA3), 3,81% e as da CSN Mineração (CMIN3), 3,21%.