Ibovespa apaga queda com ata do Fomc ofuscando tensão geopolítica; dólar segue em alta

Mercado reduz as perdas, com investidores animados pela ata "dovish" do BC dos EUA

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa apaga queda nesta sexta-feira (3), com a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ofuscando parte do pessimismo diante das tensões internacionais. No documento, os membros do Federal Reserve escreveram que a taxa de juros atual é apropriada por algum tempo na falta de mudanças expressivas.

A avaliação dos analistas é de que a mensagem geral do texto foi dovish (avessa à alta de juros), com o banco central pouco preocupado com um aumento da inflação por conta do baixo desemprego. Ao contrário, o medo é justamente de que a inflação fique abaixo da meta de 2% ao ano.

Na geopolítica, um ataque americano com drones matou o general da Guarda Revolucionária Iraniana, Qassem Soleimani, considerado o militar mais importante do Irã. A ação, que ocorreu no Iraque, foi autorizada pelo presidente Donald Trump, e eleva as tensões geopolíticas na já conturbada região do Oriente Médio.

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Primeira commodity a sentir qualquer impacto nesse sentido, o petróleo dispara hoje. O barril do Brent – petróleo usado como referência pela Petrobras – subiu 3,5% a US$ 68,60 e o barril do WTI avança 2,99% a US$ 63,00.

Às 17h17 (horário de Brasília), o Ibovespa tem leve variação negativa de 0,01%, a 118.562 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial tem alta de 0,74% a R$ 4,0548 na compra e a R$ 4,0555 na venda. O dólar futuro com vencimento em fevereiro registra ganhos de 0,76%, a R$ 4,0615.

Nos juros futuros, o DI para janeiro de 2022 ficou estável a 5,25%, o DI para janeiro de 2023 avançou um pontos-base a 5,78% e o DI para janeiro de 2025 registra alta de quatro pontos-base a 6,42%.

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Como esperado, o Irã afirmou que vai retaliar o ataque americano. O líder supremo do regime teocrático, o grão-aiatolá Ali Khamenei, escreveu no Twitter que “uma vingança severa” aguarda os que “sujaram suas mãos com o sangue do general e de outros mártires”.

Philip Smyth, especialista em xiismo iraniano e militarismo em Washington, disse à CNBC News que a ação militar desfechada pelos EUA foi “o maior golpe de decapitação já feito pelos Estados Unidos” na região.

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Ainda sobre o Fed, a presidente da autoridade monetária de Cleveland, Loretta Mester, minimizou as preocupações a respeito do impacto econômico das tensões entre EUA e Irã. “Essa é uma das melhores coisas sobre a economia americana: ela é muito resiliente”, afirmou.

O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, disse que a economia pode continuar a crescer mesmo enquanto a indústria se contrai. “Creio que tenhamos uma economia muito resiliente no momento”, destacou. Ele defendeu que o banco central dos EUA mantenha as taxas de juros baixas por tempo o suficiente para levar a inflação acima da meta.

Indicadores

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) relativo à última semana de dezembro nas sete capitais brasileiras onde pesquisa os preços. O IPC-S geral foi de 0,77% na semana encerrada em 31 de dezembro, 0,09% inferior à semana anterior encerrada em 22 de dezembro.

Os preços cederam em São Paulo (de 1,17% para 0,90%), Brasília (de 1,16% para 0,82%) e Belo Horizonte (de 0,64% para 0,55%). Já em outras quatro capitais os preços aceleraram: Rio de Janeiro (de 0,98% para 0,99%), Salvador (de 0,64% para 0,78%), Recife (de 0,39% para 0,42%) e Porto Alegre (de 0,51% para 0,53%). A próxima divulgação do IPC-S regional será no dia 9 de janeiro, informou o Ibre da FGV.

Noticiário corporativo 

O Carrefour Brasil comunicou ontem à CVM que sua subsidiária Atacadão, que atua no comércio atacadista, fez um empréstimo de 325 milhões de Euros (R$ 1,46 bilhão) na financeira Carrefour Finance S.A., com sede na Bélgica. Segundo o Carrefour Brasil, o empréstimo ao Atacadão é destinado a “finalidades corporativas gerais”. Já o Banco Pine comunicou aos seus acionistas que o Banco Central aprovou o seu aumento de capital para R$ 1,2 bilhão.

De acordo com a coluna do Broad, do Estadão, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve se desfazer de sua fatia de 10% das ações ordinárias (com direito a voto) na Petrobras, por meio de uma oferta subsequente (follow on) no dia 04 de fevereiro.

Conforme o cronograma previsto até aqui, o início do roadshow, como são chamadas as reuniões com os potenciais investidores, está previsto para o dia 22 de janeiro. A fatia de ações ordinárias detidas pelo banco de fomento vale cerca de R$ 24 bilhões. Além das ações ordinárias, o BNDES possui cerca de R$ 30 bilhões em ações preferenciais da petroleira, que serão vendidas em operações em bolsa.

A petroquímica Braskem comunicou ao mercado nesta sexta-feira que assinou um termo de acordo com a Defensoria Pública do Estado de Alagoas, com o Ministério Público Federal (MPF), com o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL) e com a Defensoria Pública da União (DPU) para apoio na desocupação e compensação aos moradores das áreas de risco localizadas nos bairros de Mutange, Bom Parto, Pinheiro e Bebedouro, em Maceió.

O acordo ainda será submetido a homologação judicial e a projeção é que envolva cerca de 17 mil pessoas. A Braskem informou que prevê um gasto de R$ 1,7 bilhão no Programa de Compensação Financeira e Realocação, e outros R$ 1 bilhão para o fechamento dos poços de sal da companhia.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.