Ibovespa cai 1% após fala de Trump sobre a China e à espera do Fomc; Previdência e Copom no radar

Notícia sobre insatisfação de Rodrigo Maia sobre articulação política do governo também impacta mercado, que também espera coletiva sobre reforma da previdência dos militares

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa intensificou a queda e perdeu os 99 mil pontos à medida que a decisão de política monetária do Fomc (Federal Open Market Committee) se aproxima e de olho nas falas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a disputa comercial com a China, o que levou à baixa dos índices americanos. Às 13h39 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,05%, a 98.544 pontos, enquanto o dólar opera próximo à estabilidade. 

Trump “roubou a cena” dos três eventos de destaque da agenda desta quarta ao afirmar que as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses poderiam permanecer por um longo período. Ontem, surgiram relatos de que o governo chinês estaria mostrando resistência a demandas feitas por Washington nas recentes discussões comerciais. No entanto, as apostas ainda são de que EUA e China eventualmente chegarão a algum tipo de acordo comercial, uma vez que autoridades de ambos os lados continuam engajadas nas conversas.

Já sobre o Fed, o tom aguardado pelo mercado é de que a autoridade monetária adote uma postura “dovish” – favorável à manutenção de estímulos. Porém, se isso não for confirmado, a reação negativa do mercado pode ser forte. Além do Fomc, outros dois eventos são observados de perto pelo mercado:  o primeiro Copom com Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central e a entrega da proposta de reforma da Previdência dos militares pelo governo Jair Bolsonaro. O projeto será submetido ao Congresso às 15h30 e será apresentado em coletiva à imprensa às 16h. 

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As notícias divergentes sobre o impacto fiscal da reforma da Previdência dos militares, aliás, já geram impacto no mercado de juros futuros antes da reunião do Copom. O contrato de juros futuros com vencimento de 2021 tem alta de 3 pontos, a 6,93%, enquanto o com vencimento em janeiro de 2023 também tem alta em igual magnitude, para 8%. 

Os jornais desta manhã destacaram alguns detalhes – ainda extraoficiais – sobre a reforma. Segundo o Estadão, a equipe econômica quer convencer o presidente Jair Bolsonaro a propor uma reforma ainda mais dura para o regime de aposentadoria das Forças Armadas.

A intenção é buscar uma economia maior que os R$ 92 bilhões projetados para os primeiros dez anos. O aperto na reforma dos militares é considerado necessário para fazer frente ao custo que a reestruturação das carreiras terá para os cofres públicos. O projeto entregue pelo Ministério da Defesa resultaria num custo extra líquido de R$ 10 bilhões na primeira década. O saldo ficaria positivo, com economia maior que o gasto com as carreiras, só nos anos seguintes.

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Já o jornal O Globo destaca que o novo plano de carreira das Forças Armadas aumenta salário e gratificação, enquanto prevê, em contrapartida, maior tempo de serviço e aumento da alíquota de contribuição. No cálculo final, economia líquida das medidas seria de R$ 9,2 bi em 10 anos.Vale destacar que, ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão chegou a projetar uma economia de R$ 13 bilhões em dez anos com a reforma da Previdência dos militares, mas depois voltou atrás. 

Enquanto isso, repercute negativamente a notícia da Folha de S. Paulo sobre a possível insatisfação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) com a organização da base aliada, que ele julga ser formada apenas pelo PSL. 

“Apesar da carta publicada pelo Valor e assinada por Jair Bolsonaro, as notícias envolvendo a previdência e organização da base do governo não foram boas”, destacou Breno Martins, economista da Mongeral Aegon Investimentos, em entrevista à Bloomberg, ressaltando principalmente o noticiário sobre Maia. 

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Vale destacar que hoje, em artigo ao  Valor Econômico, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a Reforma da Previdência é o “centro de gravidade” do governo, acrescentando que pretende colocar todo esforço para que seja “concluída e aprovada o quanto antes” e que não há opções para a retomada sem ela. 

Altas e baixas

O mercado também reage, com destaque para a CSN, ao tombo do minério de ferro após a Vale obter de um tribunal permissão para reiniciar operação da mina de Brucutu. 

Enquanto isso, a Gol segue como destaque de alta após a disparada da véspera. A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (20) o projeto de lei que reformula dispositivos da política nacional do turismo, liberando a presença de 100% de capital estrangeiro nas companhias aéreas. Apesar da liberação já estar em vigor por meio de medida provisória, ela precisa ser votada pelos parlamentares até 27 de março, caso contrário, perderá seu efeito.

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Também em alta, estão as ações da Petrobras, que avançam com os ganhos de mais de 1% do petróleo depois da queda surpreendente de 9,6 milhões dos estoques de petróleo nos EUA na última semana, ante expectativa de aumento de 309 mil barris. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 35,87 -2,66 +48,04 49,40M
 CIEL3 CIELO ON 10,83 -2,61 +24,69 46,49M
 BRDT3 PETROBRAS BRON 25,22 -2,51 -1,87 75,13M
 CSNA3 SID NACIONALON 15,29 -2,49 +72,96 209,43M
 MRVE3 MRV ON 14,14 -2,48 +14,40 15,71M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR3 PETROBRAS ON N2 33,48 +2,17 +31,81 150,09M
 GOLL4 GOL PN N2 31,03 +2,01 +23,63 104,35M
 CSAN3 COSAN ON 46,58 +1,73 +39,21 60,40M
 KROT3 KROTON ON 10,98 +0,83 +23,79 35,23M
 PETR4 PETROBRAS PN N2 29,40 +0,68 +29,63 961,70M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

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Política monetária no radar

As decisões de política monetária estão no radar dos mercados. O Copom (Comitê de Política Monetária) deverá manter a Selic estável em 6,5% na primeira reunião com Roberto Campos Neto no comando do BC nesta quarta-feira. O BC divulga a decisão a partir das 18h.

Nos EUA, às 15h (horário de Brasília) sai a decisão sobre juros nos Estados Unidos, resultado da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee). A projeção do mercado é que as taxas se mantenham na faixa entre 2,25% e 2,50%, mas a grande expectativa está para a atualização das projeções do Fed e o discurso do chairman, Jerome Powell.

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No ano passado, a grande discussão do mercado era quantas vezes a autoridade monetária norte-americana iria subir os juros. Porém, a mudança do cenário econômico do país e os dados mais recentes começaram a elevar as apostas de que o Fed poderá cortar as taxas ainda este ano.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.