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Ibovespa cai 0,72% com pacote para indústrias automotivas aumentando risco fiscal e com exterior

Anúncio do governo aumenta risco fiscal e ainda é visto como sinalização negativa por especialistas do mercado

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 0,72% nesta quarta-feira (28), aos 116.681 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira repercutiu notícias do cenário interno e externo.

Por aqui, investidores monitoram a nova rodada de subsídio para a compra de carros. A ampliação do benefício, que deve injetar mais dinheiro na indústria automotiva, é vista, contudo, como uma ameaça fiscal – isso em um momento já delicado.

“A extensão deve liberar R$ 300 milhões extras aos R$ 500 milhões já aprovados, e deve ser publicada via Medida Provisória. A renovação do programa veio após o anúncio de férias coletivas dada pela Volkswagen diante da alta relevante de estoques e demanda desaquecida”, comenta Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

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A curva de juros brasileira, com isso, avançou. Os DIs para 2024 ficaram estáveis, a 12,97%, e os para 2025, ganharam cinco pontos-base, a 11,02%. As taxas dos contratos para 2027 foram a 10,42%, com mais 10 pontos, e as dos contratos para 2029, a 10,73%, com mais nove pontos. Os DIs para 2031 ganharam oito pontos, a 10,90%.

“A reação negativa ao anúncio vai muito além do impacto em empresas do setor ou mesmo do efeito imediato nas contas públicas do programa (diante do tamanho de menor relevância). Elas estão mais relacionadas às sinalizações crescentes de que a estratégia do atual governo andará na direção do aumento de gastos públicos e políticas que se provaram ineficazes e prejudiciais no passado recente”, comenta a especialista.

Além do cenário interno, porém, o mercado brasileiro também foi impactado pelo exterior. Em Nova York, os índices fecharam mistos, com Dow Jones e S&P 500 caindo, respectivamente, 0,22% e 0,04%, e o Nasdaq subindo 0,27%.

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“Lá fora, tivemos um dia marcado por reuniões de presidentes de Bancos Centrais das principais economias do mundo. Em evento organizado pelo Banco Central Europeu, o presidente do BC americano, Jerome Powell, deu mensagem firme e sinalizou que o atual ciclo de alta de juros ainda não se encerrou nos Estados Unidos. Já do lado europeu, a presidente do BCE, Christine Lagarde, acabou dando uma notícia que animou investidores, ao indicar que não vê uma recessão muito severa na região”, afirma a economista.

O dólar ganhou força mundialmente. O DXY, que mede a força da divisa americana frente a outras moedas de países emergentes, subiu 0,46%. Frente ao real a alta foi de 1,02%, a R$ 4,847 na compra e a R$ 4,848 na venda.

“A China ainda teve uma redução dos lucros industriais, trouxe um dado que veio em queda junto aos meses anteriores. Isso explica um pouco do desempenho do mercado brasileiro hoje”, diz Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “É um ponto de atenção. As commodities como um todo têm sofrido por causa do desempenho da economia chinesa. Se esperava uma recuperação forte, que não está acontecendo”. O lucro industrial chinês em junho caiu 12,6% na base anual.

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As ações ordinárias da Vale (VALE3) recuaram 3,16%, as da CSN (CSNA3), 2,37% e as da CSN Mineração (CMIN3), 2,30%.

Além de mineradoras e siderúrgicas, exportadoras de proteínas também foram impactadas negativamente pelo risco visto na gripe aviária. As ações ordinárias da JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) caíram 4,22% e 4,27%.

Também pesou sobre o índice o recuo de bancos em meio a dados mostrando desaceleração no crédito e aumento da inadimplência no país.