Ibovespa cai 0,6% na semana; dólar “escapa” dos R$ 4,40 com dados dos EUA

Mercado termina em baixa com investidores atentos ao aumento dos casos de coronavírus fora da China

Ricardo Bomfim

(Shuterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (21) e terminou a semana com baixa de 0,61%. O índice nos últimos dias foi muito impactado pelo noticiário sobre o coronavírus, que ofuscou os estímulos promovidos pelo banco central da China. O dia-chave foi a terça-feira (18), quando a Apple divulgou um comunicado informando que sofreu uma diminuição nas vendas por causa do vírus.

Nesta sexta, o pessimismo começou após a Coreia do Sul ter informado o diagnóstico de mais de 200 casos do coronavírus no país. Nesta manhã, o primeiro caso da doença foi confirmado em Israel, de acordo com informações da agência de notícias AFP. Na China, o governo relevou que o surto se espalhou para cinco penitenciárias, duas na província de Hubei.

O Ibovespa teve baixa de 0,79% hoje, aos 113.681 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 21,628 bilhões. Enquanto isso, o dólar futuro com vencimento em março recuou 0,08%, a R$ 4,3915.

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O dólar comercial, por sua vez, virou para queda no fim da manhã após bater R$ 4,40 e terminou quase estável. A moeda registrou leve alta de 0,04%, a R$ 4,3925 na compra e R$ 4,3932 na venda. Na semana, o dólar subiu 2,14%.

A virada do câmbio hoje se deu após os Índices Gerentes de Compras (PMIs, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostrarem enfraquecimento da economia. O PMI composto de fevereiro caiu de 53,3 pontos em janeiro para 49,6 pontos em fevereiro; o PMI de serviços recuou de 53,4 pontos para 49,4 pontos e o PMI industrial foi de 51,9 para 50,8 pontos.

Entre os indicadores brasileiros, o Banco Central divulgou os dados da conta corrente de janeiro, que mostrou um déficit de US$ 11,9 bilhões. A expectativa do mercado era de um déficit de US$ 11,0 bilhões, segundo mediana da Bloomberg. O investimento direto estrangeiro, por sua vez, chegou a US$ 5,6 bilhões no mês passado, a estimativa dos economistas era de US$ 5,15 bilhões.

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No mercado de juros futuros, o contrato de DI com vencimento em janeiro de 2022 teve uma alta de um ponto-base, a 4,69%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 ganhou três pontos a 5,28%, seguido pelo avanço de três pontos-base do vencimento em janeiro de 2025, a 6,06%.

Voltando ao Ibovespa, a principal queda dentre as blue chips do índice foi a dos papéis da Vale (VALE3). Apesar dos números da mineradora não terem sido negativos, o aumento nas provisões por conta da tragédia de Brumadinho e o relatório confidencial que mostrou que a companhia sabia dos riscos e não adotou as medidas necessárias para remediar as fragilidades na barragem impactaram negativamente a visão do mercado sobre a companhia.

No Brasil, a cautela dos investidores foi redobrada ainda por conta do Carnaval. A B3 não terá negociações na segunda-feira, nem na terça, mas os demais mercados financeiros do mundo inteiro continuarão operando, de modo que a reabertura da Bolsa aqui na quarta-feira às 13h (horário de Brasília) deve contar com um movimento de compensar a defasagem.

Em um cenário tão incerto quanto o atual muitos operadores zeraram posições hoje para não serem pegos de surpresa com o noticiário internacional no feriado sem poder mexer nas suas carteiras durante quatro dias e meio.

Somando-se ao noticiário de coronavírus, o exterior foi movimentado pelos dados de atividade industrial no Japão e de exportações na Coreia do Sul, que ampliaram preocupação com desaceleração econômica. Por outro lado, os PMIs da zona do euro superaram expectativas.

O PMI composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, subiu de 51,3 em janeiro para 51,6 em fevereiro, atingindo o maior nível em seis meses, segundo dados preliminares divulgados hoje pela IHS Markit. O resultado veio em linha com a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

No mercado de commodities, o petróleo retomou queda após dois dias de alta; minério de ferro subiu com potencial de estímulo na China.

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Política 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, enfrenta desgastes com o presidente Jair Bolsonaro e passou a ser cobrado pelo mandatário por um bom desempenho na economia. Bolsonaro reforçou a Guedes, durante uma reunião no Planalto nesta semana, a necessidade do PIB crescer pelo menos 2% em 2020, informa reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

O presidente teme que empresários e investidores percam o otimismo e se aproximem da oposição até 2022. Em resposta, Guedes disse ao mandatário que será possível atingir e até superar os 2% de crescimento, mas Bolsonaro tem manifestado dúvidas com outros interlocutores.

Vale ressaltar ainda, segundo o Globo, que os Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares da cúpula do Congresso veem com apreensão a série de levantes de policiais militares, cujo ápice aconteceu nesta quarta-feira, no Ceará, com o senador Cid Gomes baleado. Integrantes do Judiciário e do Legislativo avaliam que é preciso conter essa “escalada autoritária”.

Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro falou pelo Twitter da sua viagem aos EUA. “Em março estarei nos Estados Unidos. Em nossa extensa agenda a possibilidade da Tesla no Brasil”, afirmou.

Noticiário corporativo

O presidente da Petrobras (PETR3; PETR4), Roberto Castello Branco, disse que a estatal petrolífera venderá oito das suas treze refinarias até o final deste ano – a previsão dele é que as transações sejam concluídas em 2021. Outra notícia de destaque partiu da Sabesp, Companhia de Saneamento de São Paulo, que anunciou a emissão de R$ 1 bilhão em debêntures.

A mineradora Vale (VALE3) encerrou o quarto trimestre de 2019 com prejuízo líquido de US$ 1,562 bilhão, revertendo o lucro de US$ 3,786 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior.

Já no acumulado do ano passado, a companhia teve prejuízo de US$ 1,683 bilhão, contra um lucro de US$ 6,860 bilhões em 2018.

Segundo a companhia, a piora se deu, principalmente, a: provisões e despesas relativas a ruptura da barragem de Brumadinho; ao registro e impairment e contratos onerosos sem efeito caixa, principalmente relacionados aos segmentos de Metais Básicos e Carvão; e provisões relacionadas à Fundação Renova e à descaracterização da barragem de Germano.

Já o Morgan Stanley colocou a recomendação para as ações da Vale sob revisão após o relatório do comitê independente. “As conclusões do comitê independente podem levar a um exame mais minucioso pelas autoridades e multas potencialmente mais altas”, avaliam os analistas, que destacam que os números nublam os sólidos resultados da empresa no quarto trimestre.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
LAME4 7.63785 28.89
WEGE3 4.86418 49.8
VVAR3 4.32602 16.64
KLBN11 4.2796 21.93
RADL3 3.00613 122.67

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
IRBR3 -5.43763 32.52
VALE3 -3.96552 50.13
CVCB3 -3.71063 30.88
GOAU4 -3.30138 9.08
BRKM5 -3.10323 30.6

O Carrefour Brasil (CRFB3) reportou lucro líquido a controladores de R$ 636 milhões no quarto trimestre de 2019, alta de 19,54% ante o mesmo período do ano anterior. No critério ajustado após os efeitos da norma contábil IFRS 16, o lucro do trimestre foi de R$ 676 milhões, queda de 10,8% em relação ao quarto trimestre de 2018.

Já Lojas Americanas (LAME4) teve lucro líquido de R$ 398 milhões no quarto trimestre, alta de 62% sobre o desempenho de um ano antes, com vendas maiores e avanço das operações de comércio eletrônico do grupo. A B2W, por sua vez, teve prejuízo líquido de R$ 22,3 milhões no quarto trimestre, reduzindo resultado negativo de R$ 69,4 milhões no mesmo período de 2018.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.