Ibovespa cai 0,57% com investidores embolsando lucros após recordes, mas avança na semana; dólar cai a R$ 4,04

Após superar os 117 mil pontos na véspera, índice encostou nos 118 mil, mas logo virou para queda, enquanto dólar fechou na mínima em 7 semanas

Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após renovar recordes sucessivos nos últimos pregões, ultrapassar os 117 mil pontos na última quinta-feira e encostar nos 118 mil pontos no início da sessão desta sexta-feira (27) e no penúltimo do ano, o Ibovespa diminuiu o seu ímpeto e fechou em baixa de 0,57%, a 116.533 pontos.

A sessão foi de menor volume financeiro (R$ 16,34 bilhões) com os investidores já diminuindo as operações por conta do fim do ano e aproveitando a forte alta recente para embolsar os lucros. Na semana (mais curta por conta do Natal), contudo, o benchmark da bolsa fechou com alta de 1,23; no ano, o índice avança mais de 32%.

Assim, a tendência segue positiva para o benchmark da bolsa brasileira. Mais cedo, o índice tinha sido impulsionado por  dados econômicos positivos no Brasil e no exterior. Nesta sessão, destaque para números animadores da produção industrial chinesa e de uma taxa de desemprego menor do que a esperada em território nacional.

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De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego fechou em 11,2% no trimestre encerrado em novembro, caindo em comparação com o trimestre anterior, quando a taxa foi de 11,8%, e em relação ao mesmo trimestre de 2018 (11,6%). A estimativa era de que o desemprego caísse a 11,4%, segundo mediana da Bloomberg.

A pesquisa não usa só os trimestres tradicionais, mas períodos móveis (como fevereiro, março e abril; março, abril e maio, por exemplo.). Outro dado que chamou a atenção foi o do governo central — que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — registrou déficit primário de R$ 16,489 bilhões em novembro. No mesmo mês de 2018, as contas haviam ficado negativas em R$ 16,218 bilhões.

O dólar, por sua vez, teve queda de 0,30%, a R$ 4,0491 na compra e R$ 4,0498 na venda, acumulando baixa de 1,09% na semana e na mínima em 7 semanas. Enquanto isso, os juros futuros fecharam de lado,  com o contrato com vencimento em janeiro de 2021 estável a 4,58%, enquanto o de janeiro de 2023 teve alta de 1 ponto-base, a 5,87%. Mais cedo, os DIs registraram leve alta com os dados de emprego e de crédito que sugeriram atividade melhor, enquanto inflação medida pelo IGP-M veio dentro do esperado.

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No cenário internacional, as companhias do setor industrial da China voltaram a registrar crescimento no lucro em novembro, em linha com a recuperação da produção das fábricas, conforme as políticas do governo começam a fazer efeito. O lucro industrial teve crescimento de 5,4% em novembro, na comparação anual, a 593,9 bilhões de yuans (US$ 84,9 bilhões), segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas.

Em outubro, o lucro industrial havia tido queda de 9,9% na comparação anual. Nos primeiros 11 meses de 2019, o lucro industrial na China registrou recuo de 2,1% ante igual intervalo do ano passado.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
FLRY3 1.42857 30.53
MRVE3 1.20762 21.79
BRKM5 0.96122 30.46
CSAN3 0.86868 69.67
CVCB3 0.84999 43.9

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
B3SA3 -5.6806 44
CSNA3 -3.44828 14
LAME4 -2.62664 25.95
PCAR4 -2.53108 87.8
VVAR3 -2.28814 11.53

As bolsas de Nova York, por sua vez, fecharam próximos da estabilidade após os três principais índices de Wall Street terem batido recordes na jornada de ontem, com o Nasdaq fechando acima de 9.000 pontos pela primeira vez. As bolsas da Ásia fecharam mistas, embora Hong Kong tenha avançado 1,3% na volta do feriado de Natal. A percepção do mercado é que Estados Unidos e China assinarão a primeira fase do acordo comercial no início de janeiro.

No mercado de commodities, os preços do petróleo tiveram leve alta e acumularam a quarta semana consecutiva de ganhos, mantendo máximas de três meses, com os dados de estoques da commodity nos Estados Unidos recuando mais que o esperado, além do ânimo com os dados da economia internacional.

Os estoques de petróleo dos EUA tiveram redução de 5,5 milhões de barris na semana encerrada em 20 de dezembro,  superando por muito a expectativa de analistas, que previam uma queda de 1,7 milhão de barris no período.

Dados de inflação e vendas de Natal

Voltando ao Brasil, vale destacar o dado do IGP-M, da FGV, que subiu 2,09% em dezembro, ante 0,30% em novembro. A alta ficou em linha com estimativa de 2,11% compilada pela Bloomberg; de janeiro a dezembro de 2019, índice acumulou alta de 7,30%. A pressão das carnes bovinas seguiu presente em vários estágios; no Índice de Preços ao Consumidor, que subiu 0,84%, o item carnes bovinas passou de 3,76% para 18,03%.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais na última quinta-feira, Bolsonaro afirmou que, apesar da reclamação da população não vai tabelar o preço da carne, porque é a favor do livre mercado.

“É acomodação. Tivemos lá atrás crise de outros alimentos, do tomate, do feijão, devagar o mercado vai se acertando. O pessoal dizendo que o preço do boi subiu porque o dólar estava R$ 4,26, agora tá R$ 4. Outros países estão comprando? Estão, estão fazendo negócio. A questão do pecuarista é isso, passaram 9 anos no zero a zero, perdendo, conseguiram dar uma recuperada agora”, afirmou.

Já as vendas de Natal tiveram crescimento de 9,6% em 2019, informou a Alshop, Associação de Lojistas de Shopping centers. Foi o melhor desempenho do varejo brasileiro na data desde 2014, quando começou a recessão, que afetou as vendas do comércio até 2018.

O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, disse ao jornal Valor Econômico desta sexta-feira que a queda na inflação e na taxa de juros, no decorrer do ano, bem como a lenta retomada no nível de emprego – mesmo que informal – contribuíram para o aumento nas vendas. Sahyoun disse que os shoppings brasileiros tiveram um faturamento bruto de R$ 168,2 bilhões em 2019, uma expansão de 7,5% sobre o ano passado e acima da projetada, que era de 5%.

Noticiário corporativo

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a parceria entre BB Banco de
Investimento e o UBS A.G. – Suíça para atuação em atividades de banco de investimentos e de corretora de títulos e valores
mobiliários no segmento institucional, segundo comunicado ao mercado.

A MRV Engenharia alterou a proposta sobre AHS a ser discutida em AGE em 31 de janeiro. A companhia ponderou comentários que recebeu de acionistas em relação a eventuais procedimentos relacionados à estrutura do potencial investimento na AHS Residential.

A companhia ainda aprovou a incorporação da sua subsidiária MDI Desenvolvimento Imobiliário na empresa matriz, uma operação avaliada pela construtora mineira em R$ 685 milhões e que demandará a emissão de 37,2 milhões de ações ordinárias.

A BRF comunicou ontem que contratou uma linha de crédito rotativo no valor de R$ 1,5 bilhão com o Banco do Brasil. Já a Construtora Rossi Residencial, da capital paulista, informou que chegou a um acordo com o Bradesco para liquidar em 180 dias sua dívida de R$ 800 milhões com o banco. A Rossi informou que o débito representa 70% do seu endividamento e que sua solução permitirá à empresa se capitalizar para lançamentos a partir de 2020.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.