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Ibovespa cai 0,12%, acompanhando exterior, com investidores repercutindo falas de Powell; Dólar sobe 0,67%

Presidente do Federal Reserve, em discurso, falou que a instituição pode voltar a aumentar os juros caso ache necessário

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em leve queda de 0,12% nesta quinta-feira (9), aos 119.034 pontos, em um dia marcado pela volatilidade. Pela manhã, o principal índice da Bolsa brasileira chegou a bater os 120 mil pontos pela primeira vez desde agosto no intraday, virou para queda no meio da tarde e fechou próximo à estabilidade.

Durante a manhã, parte da alta foi explicada, principalmente, pelo avanço das ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), bem como as ordinárias da Vale (VALE3), que seguiram os preços das commodities.

“A gente teve notícias positivas vindo da China, com o governo, por lá, prometendo mais estímulos ao mercado imobiliário. Isso tem levado a um bom movimento das commodities. O minério está negociando nas máximas dos últimos oito meses, e hoje teve mais um avanço”, diz Victor Miranda, operador de renda variável da One Investimentos.

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“O petróleo, após quatro dias consecutivos de queda, chegou a ter um por cento de alta hoje, voltando a negociar na região dos US$ 80 dólares o barril, o que puxou a Petrobras”, fala.

Ao longo do dia, no entanto, o preço do Brent perdeu força. No fechamento, a alta era de apenas 0,39%, a US$ 79,85. As ações da estatal brasileira do setor, que chegaram a subir mais de 2,50%, também desaceleraram, com as ordinárias fechando com mais 2,12% e as preferenciais com mais 2,08% – o que explica, em parte, a perda de força do Ibovespa.

Um importante movimento vindo do exterior que ajudou a apagar os ânimos foi a repercussão das falas do presidente do Federal Reserve, o banco central americano, Jerome Powell. Em evento do Fundo Monetário Internacional (FMI), ele sinalizou que a autoridade monetária pode voltar a subir os juros da maior economia do munda caso julgue necessário.

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“As bolsas globais negociaram em queda, com os investidores atentos ao discurso do presidente do Banco Central americano (Fed), indicando não descartar a possibilidade de maiores apertos monetários para controle da inflação. Com isso, as apostas em um possível corte de juros pelo Fed em junho de 2024 perderam força nos mercados”, pontuou Antonio Sanches, analista da Rico.

A própria sinalização acabou, inclusive, derrubando os preços do petróleo, já que a economia mundial tende a esfriar no caso de novas altas. Mais do que isso, as falas também fizeram os índices americanos virarem de leves altas para quedas – com Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerrando com baixas de, respectivamente, 0,65%, 0,81% e 0,94%.

Além das falas de Powell, traders apontam também que um baixo interesse visto no leilão de treasuries fez as taxas de juros avançarem.

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“Tivemos baixíssimo interesse pelo leilão de treasuries de trinta anos, o que deu uma estressada na curva. Esse título chegou a ganhar quase 20 pontos-base”, diz Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset.

Posteriormente, uma notícia da Financial Times apontou que um possível ataque hacker ao banco chinês ICBC tenha impactado a liquidação dos títulos dos tesouros americanos, jogando as taxas para cima. Os treasuries yields para dez anos subiram 12,2 pontos-base, a 4,63%.

No Brasil, a curva de juros acompanhou. Os DIs para 2025 subiram três pontos-base, a 10,82%, e os para 2027, 12,5 pontos, a 10,78%. Os contratos para 2029 ganharam 11 pontos, a 11,14%, bem como os para 2031, que foram a 11,33%.

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Com a alta dos treasuries, o dólar ganhou força mundialmente, com o DXY, índice que mede sua força frente a outras moedas de países desenvolvidos, subindo 0,30%, aos 105,91 pontos. Frente ao real o ganho foi de 0,67%, a R$ 4,939 na compra e a R$ 4,940 na venda.

Quanto ao cenário interno, o dia foi de pouca movimentação.

“Tivemos ontem a aprovação da Reforma Tributária no Senado, mas na minha avaliação, o mercado não reflete essa questão, que já está precificada. Até porque a reforma tributária é basicamente uma unificação para diminuir a burocracia, mas a tendência é um maior pagamento de imposto. Ainda está muito obscuro e faltam as tratativas entre municípios, estados e o governo, então ainda tem muita negociação pela frente”, expôs Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, sobre o tema.