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Ibovespa avança 0,80%, com noticiário doméstico, e supera pares do exterior; dólar cai 0,58%

Novo arcabouço fiscal de Fernando Haddad, falas de Arthur Lira e proposta do Desenrola foram destaques do pregão desta segunda-feira

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 0,80% nesta segunda-feira (6), aos 104.700, pontos. O principal índice da Bolsa brasileira destoou hoje do que foi visto no exterior, com investidores trazendo algum otimismo por conta da iminente apresentação de um novo arcabouço fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a proposta do conjunto de regras que substituirá o teto de gastos está pronta e será apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em breve.

Além disso, outras notícias, como o mau recebimento do Congresso ao imposto sobre a exportação de petróleo e falas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, cobrando o Governo Federal sobre a regra fiscal e sobre a interferência no Banco Central, também foram vistas como positivas.

“A expectativa de uma proposta de arcabouço fiscal agora para o mês de março, com melhora na expectativa de inflação e projeção do produto interno bruto (PIB) no boletim Focus, trazem alívio ao Ibovespa que tenta reverter o forte movimento de baixa das últimas semanas”, explica Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear.

No Boletim Focus, a projeção da inflação para 2023 ficou estável na comparação com o documento da última semana, em 5,9%, e as expectativas para o PIB saltaram de 0,84% para 0,85%.

A curva de juros brasileira, com isso, caiu em bloco. As taxas dos DIs para 2024 recuaram 10,5 pontos-base, a 13,27%, e as dos DIs para 2025, 16 pontos, a 12,69%. Os contratos para 2027 foram  a 13,10%, com menos 8,5 pontos, e as dos contratos para 2029, a 13,50%, com menos cinco pontos. Os DIs para 2031 perderam cinco pontos, a 13,66%.

Entre as maiores altas do Ibovespa, com isso, ficaram companhias ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da CVC (CVCB3) subiram 19,29%, as da Via (VIIA3), 10,34% e as do Magazine Luiza (MGLU3), 5,63%. Destaque também para as preferenciais da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4), com mais 37,9% e 23,78%, após notícias sobre avanços na reestruturação de dívida das companhias aéreas.

Os bancos foram destaque entre as altas do índice. As preferenciais do Itaú (ITUB4) ganharam 2,27%, as preferenciais do Bradesco (BBDC4), 3,34%, e as ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3), 2,27%.

Varejistas e instituições financeiras surfaram também no anúncio do Desenrola, programa do ministério da Fazenda que liberará R$ 10 bilhões para limpar nomes negativados nas classes mais baixas – o que deve diminuir a inadimplência e impulsionar o consumo das famílias.

“Diversos nomes, contudo, tiveram boas altas no índice. Destaque para as empresas aéreas. Não são as que explicam a alta do Ibovespa, por conta do peso. Nesse caso, as ações de bancos são destaques. Varejo também vai bem, beneficiado pela queda dos DIs, na expectativa, dessa semana, pela apresentação do novo arcabouço fiscal”, comenta Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Do outro lado, entre as companhias que seguraram o Ibovespa, ficaram as mineradoras e as siderúrgicas, na esteira da queda do minério após a China anunciar que espera crescer apenas 5% em 2023, aquém do esperado. As ordinárias da CSN (CSNA3) recuaram 3,84% e as da Vale (VALE3), 3,53%.

Nos Estados Unidos, o dia foi de mais cautela. Dow Jones e S&P 500 fecharam com leves altas de 0,12% e 0,07%, enquanto o Nasdaaq recuou 0,11%. Por lá, investidores aguardam falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta terça e a divulgação de alguns dados macroeconômicos importantes, como o payroll, na sexta-feira.

O dólar perdeu força mundialmente. O DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas de países desenvolvidos, caiu 0,20%, a 104.31 pontos.

“Dia positivo para o Ibovespa com o dólar em queda seguindo um movimento (menos acentuado) do DXY. O mercado espera as falas do Powell no Congresso nessa semana e também a divulgação do Payroll para ter mais clareza sobre os próximos passos do Fed. No doméstico, tivemos a fala do Haddad dizendo que fechou detalhes sobre o arcabouço fiscal com sua equipe, fato que deixa o mercado curioso – e preocupado”, afirma Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio.

Frente ao real, o dólar caiu 0,58%, negociado a R$ 5,169 na compra e a R$ 5,17 na venda.