Ibovespa avança 0,60% nesta sexta, mas fecha quarta semana consecutiva no vermelho; dólar avança a R$ 5,25

Recuperação das commodities nesta sexta deram respiro à índice brasileiro mas não impediram forte queda da semana

Vitor Azevedo

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O Ibovespa conseguiu fechar em alta nesta sexta-feira (24), subindo 0,60%, aos 98.672 pontos. Na semana, porém, o principal índice brasileiro registrou mais uma queda, a quarta consecutiva, mesmo com os índices americanos avançando no período.

O dia de hoje foi marcado pelo benchmark brasileiro acompanhando a performance americana, apesar da alta local ter ficado aquém das registradas pelos índices dos EUA – Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 2,68%, 3,06% e 3,34%. Nos últimos cinco pregões, os benchmarks americanos tiveram alta de 5,42%, 6,45% e 7,49%.

“As bolsas estão sensíveis, com medo da inflação e da recessão. As duas coisas estão ligadas. A inflação, se surpreender para cima, fará o Federal Reserve agir de maneira mais forte. Com isso, se houver um erro de cálculo, a instituição monetária americana pode empurrar o crescimento para baixo ou acabar com ele”, explica Ricardo Cará, head dos fundos multimercados da EQI Asset.

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Segundo o gestor, a sexta-feira, lá fora, surfou na divulgação dos dados da inflação de junho medidos pela Universidade de Michigan. Os números vieram mais fracos do que o esperado, fazendo os investidores enxergarem, ao menos momentaneamente, que a alta dos preços pode estar mais controlada.

A curva de juros americana, no entanto, avançou – o treasury yield do título para dez anos subiu 6,8 pontos-base, para 3,138%. Em, parte, porém, esse seria um movimento de correção após as fortes quedas dos últimos dias.

No Brasil, a curva de juros registrou forte alta, em dia marcado pela divulgação do IPCA-15, que subiu 0,69% veio acima do consenso, que era de 0,62%.

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Os DIs para 2023 e 2025 tiveram seus rendimentos avançando, respectivamente, 13 e 26 pontos-base, para 13,65% e 12,48%. As taxas dos DIs para 2027 e 2029 avançaram, na sequência, 23 e 18 pontos, para 12,42% e 12,54%.

“A curva de juros fechou forte nos últimos pregões, após as máximas da semana passada, seguindo o tom da ata do Copom e do relatório de inflação do Banco Central”, contextualiza Cará. “Não podemos falar que o IPCA-15 é responsável sozinho pela alta dos juros. Acho que houve um movimento técnico de correção e também peso do fiscal, que estava sendo deixado de lado. A curva abriu muito em sua ponta longa, inclinando, creio que há um sinal de que há peso do risco fiscal”.

Apesar do arrefecimento da aversão ao risco, o dólar se fortaleceu frente ao real – mesmo com o DXY, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de outras divisas, tendo recuado. O dólar comercial fechou em alta de 0,44%, a R$ 5,252 na compra e a R$ 5,253 na venda.

Para Dan Kawa, sócio da TAG Investimentos, o real e os ativos de risco brasileiros continuam sendo impactados pela desvalorização das commodities. “O país depende do ciclo de commodities. Quando há queda acentuada nos preços desses produtos, há uma pressão altista no câmbio e uma pressão baixista no Ibovespa”, explica. “Além disso, temos também os desenrolares das notícias políticas. A foto fiscal atual mostra um país ajustado, mas o que vem pela frente parece ser algo complicado. Isso ajuda na alta do juros, do dólar, etc”.

Entre as maiores quedas do Ibovespa na semana, estão as ações ordinárias da SLC Agrícola (SLCE3), com menos 14,81%, as da CSN Mineração (CMIN3), com menos 8,41% e as da 3R Petroleum (RRRP3), com menos 6,97% – todas do setor de commodities.

Nesta sexta-feira, porém, as companhias de commodities foram destaque de ganhos, avançando em meio a uma correção entre as baixas. As ON da PetroRio (PRIO3) subiram 5,18%, assim como as da CSN (CSNA3). Suzano e 3R Petroleum (RRRP3) avançaram, respectivamente, 4,87% e 4,24%.

“Tivemos um dia de recuperação das commodities. É uma questão técnica. Eram ativos de dias e semanas negativos, o que abre espaço para a recuperação”, comenta Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. “No Brasil, apesar de temos tido um dia positivo, foi um movimento aquém. O mercado brasileiro não consegue acompanhar por conta do noticiário fiscal e eleitoral”, diz.

Entre as quedas do dia, as companhias de varejo e de crescimento, seguindo o repique da curva de juros. As ações ON da Petz (PETZ3) caíram 5,54%, as da Via (VIIA3), 4,22%. Os papéis da CVC (CVCB3) recuaram 5,54%, após o follow on da companhia ficar aquém do preço-alvo.

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