Ibovespa ameniza perdas seguindo Europa em dia de feriado nos EUA; Petrobras cai 3%

Mercado repercute mais uma notícia ruim para o petróleo e feriado nos EUA deixa Bolsa com baixa liquidez

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa segue em queda, mas se distancia da mínima nesta segunda-feira (18). Lá fora, as bolsas europeias operam com leves perdas, vendo suas tentativas de recuperação frustradas pela confirmação de mais uma péssima notícia para os produtores de petróleo: as sanções ao Irã foram retiradas pela comunidade internacional. O barril do Brent, no entanto, volta a cair com menos força, registrando perdas de 0,24% e chega na casa de US$ 28. Por aqui, ficam as notícias de que o governo quer aprovar a CPMF até maio. 

Às 14h23 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 0,65%, a 38.318 pontos. Já o dólar comercial zerou as perdas e tem queda de 0,35% a R$ 4,0315 na venda, enquanto o dólar futuro para fevereiro tem queda de 0,48% a R$ 4,046. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 4 pontos-base a 15,60%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 9 pontos-base a 16,47%. 

Vale lembrar que o volume negociado na Bolsa pode ser menor por causa do feriado nos Estados Unidos, que deve deixar os investidores cautelosos, com medo de tomarem qualquer posição. Contudo, o trader da Daycoval Investimentos, Daniel Ximenes Almeida, lembra que o efeito hoje é amenizado por conta do vendimento de opções sobre ações, que traz uma volatilidade maior principalmente para os papéis que têm mais negócios nestes derivativos. 

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Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 6,53, -2,68%; PETR4, R$ 5,02, -2,90%) caem novamente depois de despencarem 7% no último pregão. As notícias que fizeram a petroleira cair tanto na última sessão vão da derrocada do petróleo até uma fala da presidente Dilma Rousseff não descartando que a estatal possa fazer uma capitalização via emissão de ações. A companhia, contudo, negou as informações e disse que nada do tipo estaria sendo estudado. 

No radar da empresa, segundo informações da coluna de Lauro Jardim, do O Globo, o Conselho de Administração da Petrobras decidiu fechar de vez no dia 31 de março a refinaria de Nansei, erguida na ilha de Okinawa, no Japão. A coluna destaca que a compra da refinaria foi aprovada em 2007 e teve a influência do ex-diretor internacional da Petrobras e hoje delator da Lava Jato, Nestor Cerveró. “O negócio guarda alguma semelhança com o escândalo de Pasadena. Como em Pasadena, o conselho de administração, presidido à época por Dilma Rousseff, recebeu um resumo com informações marotas sobre o negócio”, informa o colunista.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 QUAL3 QUALICORP ON 13,07 -5,90
 OIBR4 OI PN 1,43 -3,38
 TIMP3 TIM PART S/A ON 5,74 -3,37
 PETR4 PETROBRAS PN 5,00 -3,29
 RADL3 RAIADROGASIL ON 36,90 -3,28

As ações da CCR (CCRO3, R$ 11,28, -0,18%) viraram para queda nesta segunda-feira. Segundo informações da agência Estado, a Sem Parar, pertencente à STP e que tem como acionistas a concessionária CCR (com participação de 34,24%) está à venda e pode passar para as mãos de uma companhia americana. A transação tem potencial para movimentar até R$ 4 bilhões se o grupo estrangeiro FleetCor ficar com 100% do negócio. Segundo apurou a reportagem, as conversas entre as duas empresas já duram alguns meses e agora estão focadas em definir se todos os sócios da Sem Parar venderão suas participações ou não.

Por outro lado, em vista de uma nova valorização dos preços do minério de ferro, as ações da Vale (VALE3, R$ 9,41, +0,43%; VALE5, R$ 7,30, +0,14%) operam entre perdas e ganhos. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao subiu 3,8% a US$ 42,66.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 SBSP3 SABESP ON 18,75 +5,93
 CSNA3 SID NACIONAL ON 3,26 +2,84
 SMLE3 SMILES ON 28,30 +2,17
 USIM5 USIMINAS PNA 0,98 +2,08
 SANB11 SANTANDER BR UNT 13,30 +1,92

Relatório Focus
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 se manteve em uma contração de 2,99%, mas foi elevada para 2017 de um avanço de 0,86% para 1,00%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 7,00% este ano, contra 6,93% projetados anteriormente. 

Entrevista
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em entrevista ao jornal O Globo, disse que não haverá correção na tabela do Imposto de Renda deste ano. Segundo ele, os impostos teriam de ser elevados para compensar a perda de receitas que o ajuste na tabela do IR traria. Ele ainda afirmou que o governo trabalha para aprovar medidas fiscais e controle de gastos, especialmente a CPMF, até maio, para que ele possa gerar receita a partir de setembro. Por fim, ele disse que está comprometido com a meta fiscal para 2016, de 0,7% de superávit primário em relação ao PIB. 

Pressão para Copom não aumentar a Selic
Se mesmo analistas ortodoxos acreditam que nas condições atuais elevar a Selic seria dar um tiro no pé, é claro que esta seria a posição também, dos ministros políticos da presidente Dilma Rousseff, do principal partido governista, o PT, e dos líderes sindicais e de movimentos sociais. As pressões para o BC deixar tudo como está estão num crescendo, sob o silêncio da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.

Bolsas mundiais
Esta segunda é de cautela para os mercados mundiais. Enquanto as bolsas europeias oscilam, com o DAX em leve alta de 0,21% e o CAC 40 em baixa de 0,36%, o dia foi misto para as principais bolsas asiáticas, com o Nikkei se aproximando do bearmarket ao registrar queda de 1,12% nesta sessão, enquanto Xangai fechou em leve alta de 0,47%, após dado mostrar recuperação dos preços de imóveis e em meio a especulações de que mercado pode estar sobrevendido.

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Irã de volta ao mercado
O grande destaque fica para o petróleo, com o brent chegando a atingir US$ 27 o barril hoje com a retirada das sanções ao Irã no final de semana. Os Estados Unidos e a União Europeia decidiram suspender as sanções aplicadas ao Irã no sábado, logo após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmar que o país cumpriu todas as exigências do acordo nuclear assinado em julho, em Viena.

Logo depois do anúncio da AIEA, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, anunciou que o país iria suspender as sanções contra o Irã, e os 28 estados-membros da União Europeia também fariam o mesmo. Em Viena, Kerry afirmou que “os compromissos dos Estados Unidos quanto à aplicação de sanções – conforme descritos no acordo nuclear de julho – já estão fazendo efeito”.

O Irã diz que pode colocar no mercado, imediatamente, mais 500 mil barris de petróleo por dia. Hoje, o Irã produz cerca de 3 milhões de barris diários, o que lhe confere a quinta posição entre os maiores produtores do mundo, mas as sanções limitavam as vendas externas. Com o temor de excesso de oferta, o brent registra queda de 1,45%, a US$ 28,52 o barril, enquanto o WTIregistra queda de 1,22%, a US$ 29,06.

O barril Brent no mercado asiático caiu até os US$ 27,67 durante alguns momentos, voltando a subir para um valor superior a US$ 28. A queda abaixo dos US$ 28 não acontecia desde 2003.

Vale ressaltar porém que, poucas horas depois, o Tesouro dos Estados Unidos anunciou a imposição de novas sanções a onze entidades ligadas ao governo iraniano, dentre as quais empresas e cidadãos, por seu suposto papel no programa de mísseis balísticos do Irã.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.