Ibovespa acompanha exterior e fecha em baixa de 2%; dólar dispara e quase zera perdas da semana

Mesmo com o tombo desta sexta-feira (23), o índice acumulou alta na semana

Mitchel Diniz

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A blindagem contra o pessimismo externo durou pouco e o Ibovespa hoje levou um tombo junto com as Bolsas internacionais. Ainda que as notícias domésticas recentes continuem sendo um viés positivo para o mercado brasileiro, o índice foi contaminado pelo mau humor global. O gatilho veio dos preços das commodities que despencaram junto com ações de peso listadas na B3.

Os preços do petróleo no mercado internacional recuaram mais de 5% ao longo do dia, com os temores de uma recessão no mundo, diante da escalada de juros pelos Bancos Centrais. Em Nova York, o barril do WTI terminou o dia sendo negociado abaixo de US$ 80 e o do Brent caía mais de 4% nas últimas negociações. O baque foi sentido pelas ações da Petrobras (PETR3;PETR4), que fecharam em baixa de mais de 6%.

A petrolífera é uma das empresas de maior peso do Ibovespa, junto com a Vale (VALE3), que cedeu mais de 2% hoje. “A Bolsa brasileira é suscetível às commodities tanto na alta quanto na baixa. Em um dia muito ruim para as matérias-primas, é natural que o Ibovespa não reaja bem”, afirma Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.

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O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (23) em baixa de 2,06%, aos 111.716 pontos. O volume negociado no dia ficou em R$ 35,1 bilhões. Mesmo com a queda de hoje, o índice de referência da Bolsa acumulou alta de 2,22% na semana.

“Por mais que a Bolsa brasileira tenha caído forte hoje, desde agosto ela vem performando melhor que o mercado americano. E acredito que deve continuar assim, pois ainda estamos com preços de pre-pandemia e as empresas, em termos gerais, estão apresentando bons resultados”, avalia Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

A sessão, por outro lado, foi de ganhos para o dólar, que disparou com o sentimento generalizado de aversão ao risco. Hoje, a moeda americana fechou em alta de 2,62% a R$ 5,248 na compra e R$ 5,249 na venda. Com a valorização desta sexta-feira, o dólar quase apagou as perdas registradas na semana, acumulando queda de apenas 0,2% no período.

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Os juros futuros também praticamente neutralizaram a queda de hoje, mesmo com o encerramento, por hora, do ciclo de aperto monetário no Brasil. No after hours, o DIF25 subia 13 pontos-base, a 11,61%, enquanto os contratos DIF27 e DIF29 avançavam 22 e 21 pontos, respectivamente, a 11,40% e 11,52%.

“Com as treasuries nos EUA renovando as máximas, tivemos um dia de juros futuros subindo no Brasil acompanhando o cenário internacional de alta de juros”, explica o economista Fabio Louzada, da Eu me banco.

Nos Estados Unidos, nada de trégua para as Bolsas. O Dow Jones caiu 1,61%, aos 29.592 pontos; o S&P 500 recuou 1,72%, aos 3.693 pontos; e a Nasdaq teve baixa de 1,80%, aos 10.867 pontos.

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“O ambiente é de pessimismo, com um crescimento econômico muito mais baixo do que se estava esperando e a inflação em pauta, não cedendo nesse primeiro momento”, conclui Noernberg.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados