Ibovespa acelera perdas antes de decisão do Fomc; dólar zera perdas a R$ 3,09

Índice tem dia de volatilidade antes de decisão do Fomc e com temor de calote na Grécia; possível mudança no modelo do pré-sal impulsiona a Petrobras

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera perdas nesta quarta-feira (17) em dia de decisão de juros do Fomc (Federal Open Market Comittee). O principal índice da Bovespa reflete o temor de default da Grécia, que também pesa nas bolsas europeias. Por aqui fica a expectativa para o veto ou sanção da presidente Dilma Rousseff (PT) para as mudanças no fator previdenciário que foram aprovadas no Congresso. Além disso, o TCU decide hoje se aprova ou reprova as contas do governo. 

Às 13h00 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira tinha perdas de 1,30%, a 53.005 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar comercial zerava ganhos para uma leve variação negativa de 0,006%, a R$ 3,0939 na compra e a R$ 3,0951 na venda. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 4 pontos-base, para 14% ao ano, ao passo que o DI para janeiro de 2020 sobe 1 p.b. para 12,97%. 

Grécia e Fomc dividem investidores
O cenário externo continua motivo de temor depois do primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, repetir nesta quarta-feira sua recusa em aceitar mais cortes de aposentadorias e afirmar que quer uma solução “honrável” para as discussões sobre um acordo de reformas em troca de ajuda. Tsipras afirmou ainda que está pronto para aceitar os custos políticos de fazer isso. Se nenhuma solução for possível, ele dirá não a exigências “catastróficas” dos credores, afirmou Tsipras.

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O banco central da Grécia fez um alerta nesta quarta-feira de que o país pode entrar em um “curso doloroso” na direção do default e da saída da zona do euro se o governo e seus credores internacionais não alcançarem um acordo sobre ajuda em troca de reformas. Também disse que a desaceleração econômica do país deve se ampliar no segundo trimestre deste ano, e que a crise levou a saques de cerca de 30 bilhões de euros de bancos gregos entre outubro e abril.

Ainda no radar internacional, mais do que a decisão de juros do Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA, o que o mercado realmente espera são os comentários da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen. A chairwoman do BC da maior economia do mundo pode trazer em seu discurso indicações mais claras acerca de quando serão elevados os juros por lá. Investidores esperam que as sinalizações sejam de uma alta de juros mais lenta devido aos últimos indicadores econômicos que saíram nos EUA. 

Do outro lado do mundo, a China vai intensificar os “investimentos efetivos” em setores importantes para sustentar a economia, afirmou nesta quarta-feira o gabinete do governo. O governo irá aumentar o investimento para transformar favelas e casas dilapidadas, ampliar os investimentos em infraestrutura de eletricidade rural e instalações de armazenamento de grãos, informou o Conselho Estatal após uma reunião ordinária.

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Ações em destaque
Puxando a queda, após duas sessões de alívio, estão os bancos, que voltam a ser pressionados na Bolsa. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,81, -2,14%), Bradesco (BBDC3, R$ 26,90, -0,92%; BBDC4, R$ 27,66, -2,30%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,53, -2,93%) recuam nesta sessão. Ontem, o diretor de relações com investidores do Itaú, Marcelo Kopel, destacou que o cenário econômico atual é “desafiador”. Diante das dificuldades, o banco aposta que a inadimplência marcará o ano de 2015, inclusive entre as grandes empresas. Apesar de prever que o restante do ano será melhor do que foi o primeiro trimestre, o Itaú mantém no radar o risco do “calote”. Para se precaver, aumentou a reserva com perdas duvidosas, o que deverá ter efeito direto sobre o spread do banco. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CSNA3 SID NACIONAL ON 5,54 -4,48
 BRKM5 BRASKEM PNA 13,56 -3,76
 GOAU4 GERDAU MET PN 7,03 -3,70
 SANB11 SANTANDER BR UNT 16,12 -3,24
 QUAL3 QUALICORP ON 20,14 -3,17

Já a Vale (VALE3, R$ 19,33, -2,13%; VALE5, R$ 16,72, -1,76%) cai refletindo o minério de ferro, que recuou 2,23% a US$ 61,51 a tonelada no porto de Qingdao. As ações das siderúrgicas também registram baixa, caso de Usiminas (USIM5, R$ 4,46, -3,04%), CSN (CSNA3, R$ 5,54, -4,48%) e Gerdau (GGBR4, R$ 8,03, -1,83%). Além da queda do preço do minério de ferro, destaque ainda para as notícias negativas para o setor. 

Segundo informações do jornal Valor Econômico, em meio a uma crise profunda, a maior desde 2009, o setor de siderurgia já computa 11,2 mil demissões de funcionários desde junho de 2014, enquanto 1,4 mil trabalhadores entraram em regime de layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho). A Usiminas (USIM5) desativou dois de seus alto-fornos no início do mês. A estimativa é que sejam cortados mais 4 mil postos de trabalho do setor nos próximos meses se a situação de fraca demanda persistir. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 TIMP3 TIM PART S/A ON 10,07 +4,46
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 43,58 +2,86
 POMO4 MARCOPOLO PN N2 2,59 +1,97
 CSAN3 COSAN ON 25,53 +1,51
 NATU3 NATURA ON 28,03 +1,30


No cenário da companhia ainda contribui para o otimismo a alta do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) sobe 1,87%, a US$ 61,09, enquanto o Brent tem alta de 1,84%, a US$ 64,87. 
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,51, -1,16%; PETR4, R$ 13,16, -1,42%) viraram para queda depois de subir pela manhã repercutindo a tramitação do projeto que libera a estatal de ser operadora única do pré-sal. A equipe de análise da XP Investimentos lembra que o Governo, através da presidente Dilma, já havia mencionado que não mudará o modelo de partilha, o que não faria sentido no momento atual. “A Petrobras precisa recompor o seu caixa e o governo não poderá licitar mais nada no pré-sal, pois a Petrobras, no modelo atual, precisa entrar com 30% de participação”, diz em relatório.

Já na ponta da alta, as ações da TIM (TIMP3, R$ 10,07, +4,46%) sobem forte, seguidas pelos papéis da Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 43,57, +2,83%). Os papéis sobem forte em meio à notícia de que a Vivendi deve expandir sua fatia na Telecom Italia, que controla a TIM, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters. A Vivendi deve se tornar a maior acionista individual da companhia, devendo usar parte do dinheiro que recebeu com a venda da GVT, concluída em maio. De acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, a Vivendi irá aumentar sua participação entre 10% e 15%. O grupo de investimento da Telecom Italia, Telco, ainda informou que concluiu sua cisão nesta quarta-feira, disse em comunicado.

Rating e responsabilidade fiscal
Ainda no cenário doméstico, o governo já consideraria, em seu cenário, que o País terá seu rating soberano rebaixado pela Moody’s, disse uma fonte da área econômica ao Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor. A agência, considerada a mais conservadora das três principais (que inclui a Standard & Poor’s e Fitch), foi a última a conceder o grau de investimento ao Brasil, em setembro de 2009.

Hoje, o Tribunal de Contas da União (TCU) adiou por 30 dias a análise das contas do governo federal relativas a 2014, uma decisão inédita do tribunal segundo avaliaçãos dos próprios ministros. A decisão foi tomada pelo órgão a pedido do presidente Augusto Nardes. As contas voltarão a ser analisadas em 30 dias. “As contas não estão em condições de serem apreciadas”, disse Nardes, que é o relator do processo.

Ainda dentro da questão fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tenta convencer deputados de que a votação do Projeto de Lei da desoneração é imprescindível e que o governo tem pauta estruturante para encontrar crescimento para o país. Ele explicou que o Brasil precisa se reequilibrar.