GPA diz ter direito a receber R$ 500 mi da Via Varejo; Hering vence ação e terá crédito tributário de R$ 279 mi e mais destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo da sessão desta quarta-feira (20)

Equipe InfoMoney

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Os primeiros impactos do isolamento social gerado pela pandemia do coronavírus continuam prejudicando o desempenho das empresas. As medidas de contenção do vírus, que começaram de forma mais efetiva na segunda quinzena de março, já foram suficientes para afetar os balanços, como mostram os resultados do banco Inter e Alliar, divulgados na noite de terça-feira.

A extensão da crise também inspira cuidados nos mais diferentes setores. As empresas aéreas devem lidar com redução da demanda até que seja encontrada a cura para Covid-19 e, por isso, pedem ao governo uma maior flexibilização das regras. Já a BRF passará a testar todos os seus funcionários na unidade de Concórdia (SC) para evitar novos fechamentos da fábrica.

Pão de Açúcar (PCAR3) e Via Varejo (VVAR3)

A Companhia Brasileira de Distribuição, dona das bandeiras Extra e Pão de Açúcar, informou nesta quarta-feira que tem direito a receber da Via Varejo R$ 500 milhões decorrentes de uma ação que gerou créditos tributários para a varejista de eletrodomésticos.

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O valor é referente a um processo, já transitado em julgado (em que não cabe mais recurso), movido originalmente pela Globex Utilidades, atual Via Varejo, da qual o Grupo Pão de Açúcar era acionista controlador.

A ação pedia à Receita Federal o reconhecimento de créditos decorrentes da exclusão do ICMS da base do PIS/Cofins.

A Companhia Brasileira de Distribuição alega que tem direito a receber parte do crédito constituído até 30 de novembro de 2010 decorrente dessa decisão judicial.

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Segundo a empresa, o valor “será consignado em seus registros contábeis no corrente trimestre”.

Ainda no radar das companhias, segundo o Valor Econômico, a controladora do Ponto Frio e da Casas Bahia, exigiu que o Grupo Pão de Açúcar (GPA) exerça a função de garantidor em uma ação indenizatória no valor de R$ 50,5 milhões.

A solicitação da varejista é de que o GPA substitua a garantia ou pague o valor de indenização à empresa, levando em conta que a Via Varejo já realizou o depósito em juízo. Vale destacar que este depósito não permite que o devedor atrase o pagamento.

O GPA foi controlador da Via Varejo por um período de 9 anos e, por isso, ficou responsável pela garantia de certas obrigações que foram pré-definidas anteriormente, de acordo com a Via Varejo.

Cia. Hering (HGTX3)

A Hering anunciou, na terça-feira à noite, que conseguiu garantir um crédito tributário de R$ 279,396 milhões. O valor é referente à exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do cálculo da PIS/Cofins no período de dezembro de 2002 a março de 2017. A ação já teve trânsito em julgado, ou seja, não cabe mais recurso.

Embora o crédito já esteja garantido, a companhia precisa esperar a habilitação da Receita Federal para fazer uso desse valor.

A Lojas Renner e a Via Varejo já haviam anunciado vitória similar. O crédito tributário deve beneficiar as empresas em um momento de maior restrição de caixa devido aos impactos econômicos da pandemia do coronavírus.

Banco Inter (BIDI4)

Assim como os bancos de grande porte, o Inter precisou elevar suas despesas com provisões para lidar com os efeitos da crise econômica. No primeiro trimestre do ano, elas totalizaram R$ 50,4 milhões, alta de 125,9% na comparação com igual período do ano passado. “Os maiores níveis de provisão observados no primeiro trimestre de 2020 refletem a alteração do cenário macroeconômico a partir da segunda quinzena de março de 2020 por conta da pandemia de Covid-19”, explicou a empresa na divulgação de seu balanço, na terça-feira à noite.

O banco digital registrou um prejuízo líquido de R$ 8,4 milhões. Nos primeiros três meses de 2019, a instituição financeira apresentou lucro de R$ 12,1 milhões. A inadimplência (atrasos acima de 90 dias) ficou em 4,6%, alta de 0,3 ponto percentual em 12 meses.

Os analistas do Morgan Stanley viram com cautela o aumento de inadimplência do Inter, uma vez que é um atraso que teve início antes mesmo da crise do coronavírus.

Também ressaltaram, de forma negativa, a dificuldade do banco digital em “monetizar” sua base de cliente. A receita por cliente no primeiro trimestre foi de R$ 229, uma queda de 16%. “Ressaltamos nossa visão de longa prazo das oportunidades limitadas de monetização na base de clientes da empresa”, disseram, em relatório a clientes.

Alliar (AALR3)

A empresa de diagnósticos registrou um prejuízo de R$ 20,03 milhões no primeiro trimestre, ante lucro de R$ 11,50 milhões entre janeiro e março de 2019. A Receita líquida recuou 9,9%, para R$ 235,7 milhões, e o Ebitda (ajustado) foi de R$ 36,3 milhões, com margem de 15,4% – no primeiro trimestre de 2019, foi de 27,7%.

Devido aos impactos da Covid-19, a empresa suspendeu a divulgação de projeções para o ano.

Os analistas do Itaú BBA avaliaram que os números da empresa de diagnósticos foram fracos, sendo afetados pela queda no fluxo de clientes. Outro ponto negativo destacado foi a redução da margem. “Ela reflete um mix de vendas ruim e a aceleração de 6% nos custos com pessoal”, relataram.

Ainda na temporada de balanços, estão previstos para após o fechamento dos mercados a divulgação dos balanços da administradora de shoppings Aliansce Sonae, da empresa do ramo de saúde Hapvida e da locadora de veículos Unidas.

BRF (BRFS3)

A BRF informou que passará a fazer testes de coronavírus em todos os seus trabalhadores de Concórdia (SC), seguindo orientação do Ministério Público do Trabalho. A unidade sofreu duas paralisações devido aos casos de Covid-19.

O Bradesco BBI teve redução da produção devido a essas medidas de proteção. “Continuamos mais preocupados com os possíveis impactos de reduções forçadas na produção para negócios integrados, pois os frigoríficos precisam pagar por essa estrutura mesmo em um cenário de menor abate”, explicaram, em relatório a clientes.

Ainda sobre o setor pecuário, a pandemia também deverá fazer com que a recuperação na produção de carne bovina nos Estados Unidos seja lenta, o que pode favorecer exportadores brasileiros.

Aéreas

Na tentativa de lidar com a forte queda da demanda e suspensão de voos causados pela pandemia do coronavírus, os presidentes da Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e Latam defenderam, em evento virtual na noite de terça-feira, a flexibilização das regras do setor para garantir maior eficiência das operações e redução dos custos.

O presidente da Azul, John Rodgerson, reforçou que até que seja encontrada uma cura ou tratamento para a Covid-19, o mercado aéreo ficará menor e por isso é preciso discutir a flexibilidade das regras com o governo.

Na véspera, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a empresários que o governo se tornará sócio das aéreas por meio do pacote de ajuda ao setor, que deve ser resolvido nesta semana, segundo a
Folha. Guedes disse que o estado comprará um pedaço das companhias para preservá-las, e que esse ativo será valorizado no futuro, destaca a reportagem. O setor é um dos mais atingidos pela crise de Covid-19, e as perspectivas futuras ainda são incertas.

Ainda no radar da Azul, a empresa informou que vai aumentar número de voos em junho para 168 decolagens diárias nos dias de pico, comparado com uma média de 115 decolagens por dia em maio, segundo comunicado ao mercado. Além disso, irá voar para 57 destinos domésticos em
junho, contra 38 cidades em maio e 25 em abril.

Recomendações

No radar de recomendações, a Cosan (CSAN3) foi rebaixada a neutra, enquanto a Ultrapar (UGPA3) foi elevada a compra pelo Goldman Sachs. Já a Vivo (VIVT4) teve a recomendação da ação elevada a outperform (desempenho acima da média do mercado) pelo Safra.

Randon (RAPT4)

A fabricante de implementos rodoviários Randon viu sua receita desabar em abril. A receita bruta recuou 55,3% em 12 meses, para R$ 274,2 milhões. Já a receita líquida consolidada ficou em R$ 202,8 milhões, um recuo de 52,4%.

Abril foi o primeiro mês completo das medidas de isolamento social adotadas em várias partes do Brasil para conter o avanço do coronavírus.

Já a receita líquida acumulada no ano passou a apresentar recuo. Entre janeiro e abril, o montante ficou em R$ 1,370 bilhão, queda de 12,1%. A Randon informou que as datas das próximas divulgações mensais podem ser afetadas pelas medidas adotadas pela Covid-19.

Fras-le (FRAS3)

A fabricante de autopeças Fras-le divulgou seu resultado operacional do mês de abril. A receita bruta ficou em em R$ 99,5 milhões, queda de 40,8% na comparação com igual mês de 2019. No caso da receita líquida consolidada, o tombo foi de 45,9%, para R$ 61,6 milhões. Com isso, a receita líquida acumulada no ano (janeiro a abril) passou a registrar recuo de 7,6%, para R$ 403,4 milhões.

Engie (EGIE3)

A empresa de energia Engie garantiu junto ao BNDES dois financiamentos que totalizam R$ 2,724 bilhões. Eles serão utilizados para a construção da fase dois do parque eólico Campo Largo e do sistema de transmissão Gralha Azul.

Para Campo Largo, o financiamento é de R$ 1,243 bilhão com prazo de financiamento de 220 meses. O montante responde a 80% do valor do projeto.

Para Gralha Azul, o financiamento foi de R$ 1,481 bilhão, com amortização em 246 meses. Os recursos também serão suficientes para arcar com 80% do projeto de transmissão.

Multiplan (MULT3)

A empresa de administração de shoppings Multiplan assinou carta de intenção de venda de um dos seus empreendimentos por R$ 810 milhões para o BC Fund (gerido pelo BTG). A Diamond Tower tem 36.918 metros quadrados de área bruta locável (ABL) e faz parte do completo Morumbi Corporate, na zona sul de São Paulo.

Os analistas do Itaú BBA consideram que a negociação é positiva para Multiplan em um cenário de menor demanda por escritórios. “As incertezas que ocultam a demanda por escritórios comerciais são bastante altas devido à rápida expansão das redes de escritórios domésticos, o que pode levar a uma desvalorização das taxas de limite no futuro próximo”, avaliaram em relatório a clientes.

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