Guerra comercial: grandes bancos dão alerta sobre moedas emergentes, mas divergem quanto ao real

Segundo a Bloomberg, apenas quatro das 24 moedas de países emergentes ainda mostram valorização no ano

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O acirramento da guerra comercial, combinado com as recentes decisões de política monetária pelo mundo, está criando um novo cenário para o câmbio, especialmente para países emergentes, que sofrem com a fuga do investidor para ativos de maior proteção.

No Brasil, o dólar está voltando para a casa dos R$ 4,00, mas praticamente todas as moedas emergentes estão mudando de rumo. Segundo a Bloomberg, apenas quatro das 24 moedas deste grupo de países ainda mostram valorização, em comparação com 11 na última terça-feira, antes de o Federal Reserve reduzir os juros.

Analistas das principais instituições do mundo estão revisando suas posições, indicando um alto risco por conta das incertezas com a guerra comercial.

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Estrategistas do Morgan Stanley, que retiraram sua recomendação de compra de moedas de mercados emergentes após a decisão do Fed, agora recomendam que os clientes permaneçam na defensiva. Apesar disso, entre estes países, o banco recomenda compra do real e venda do peso colombiano como uma posição defensiva no atual cenário.

No caso brasileiro, o real sai na frente para o Morgan por conta das expectativas de crescimento já “muito deprimidas” e pela perspectiva favorável para aprovação da reforma da Previdência.

Por outro lado, o peso colombiano é considerado o elo fraco nos mercados emergentes, já que além de oferecer pouco rendimento com juros, também é vulnerável a uma deterioração contínua das perspectivas de crescimento global por conta dos desequilíbrios externos do país.

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“Os eventos até agora desta semana apenas aumentaram nossa convicção de que os investidores vão olhar para o risco de seus portfólios”, dizem os estrategistas do Morgan. “A aversão ao risco chegou ao extremo, mas recomendamos reduzir qualquer aposta em ativos de risco, já que é improvável que o crescimento global e preocupações comerciais mostrem uma melhora em breve”.

Já o Credit Suisse afirma que os investidores devem aproveitar uma calmaria ou mesmo de recuperação pontual das moedas emergentes para saírem de suas posições, em um sinal de que mesmo com uma alta destas moedas, o cenário não indica uma recuperação de médio e longo prazo.

“Precisamos ver uma mudança tangível nas negociações EUA-China para voltar à nossa visão positiva anterior”, disse o estrategista Shahab Jalinoos em relatório. Em relação ao real, o Credit não recomenda vender dólar com a cotação acima de R$ 3,90.

O Citigroup, por sua vez, diz que é hora de reduzir as apostas arriscadas em países em desenvolvimento, enquanto o Société Générale descreve o movimento atual como uma “fase de derretimento”.

Já para Per Hammarlund, estrategista-chefe de mercados emergentes da SEB, em Estocolmo, a escalada da tensão comercial marca uma “deterioração acentuada” das perspectivas para os mercados emergentes. Ele diz que o peso mexicano, o real, a lira turca e o rand sul-africano estão entre as moedas mais vulneráveis.

“A reação dos mercados provavelmente será de um período prolongado de fraqueza, tanto em moedas quanto em ações de mercados emergentes, à medida que investidores se ajustam às projeções de crescimento mais baixo do PIB e dos lucros”, disse Hammarlund.

(Com Bloomberg)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.