Gripe aviária na China: novo fator de risco para um mercado já fragilizado?

Temores com relação à nova epidemia frustaram o mercado na última sessão asiática; temor é de que contágio se espalhe para outras províncias do país

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Se nos mercados ocidentais, os dados da economia norte-americana decepcionaram e levaram à forte queda das bolsas, por outro a China volta a preocupar mais uma vez, ocasionando a baixa de boa parte dos índices asiáticos nesta sexta-feira (5), apesar das bolsas do país estarem fechadas. Na última sessão, o índice Hang Sang, de Hong Kong, registrou baixa de 2,73%, atingindo os menores níveis desde novembro.  

Entretanto, não são as perspectivas de que a bolha de crédito da China exploda ou que a economia desacelere que geraram os temores em relação ao país. As causas de receio com relação ao gigante asiático se baseiam nos temores de uma nova epidemia de gripe aviária. Com isso, adiciona-se mais um fator de risco ao cenário econômico global, já bastante fragilizado em meio aos dados ruins de emprego nos EUA e com a recuperação ainda lenta da Europa. 

Na última semana, foram confirmadas seis mortes por conta da gripe, aumentando os temores de que a moléstia se agrave e espalhe para outras regiões e até países. Desta forma, os receios são de que as demandas por viagens diminuam consideravelmente, o que afetou principalmente as ações das companhias do setor aéreo.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

”Se a gripe aviária continuar crescendo, ninguém irá usar as linhas aéreas chinesas”, aponta Jackson Wong, da Tanrich Securities. Com isso, reforça, há a configuração de um cenário de pânico em meio às possibilidades de que a gripe se espalhe novamente pelo país. 

De acordo com a economista para a China do Bank of America Merrill Lynch, Ting Lu, ”os efeitos da gripe podem ser consideráveis para a economia, o que justifica a cautela dos mercados”. Dentre os efeitos já aparentes, estão a redução do preço do milho e da soja para os menores patamares desde meados do ano passado, em meio aos temores de que o surto possa reduzir a demanda chinesa por rações de aves. Soma-se ao cenário ruim a dificuldade de identificação do vírus e de controlar a propagação da doença. 

Gripe + Bolha = cuidado
E há motivos para preocupação. Inicialmente, os primeiros focos da doença apareceram em Xangai. Entretanto, especialistas estão preocupados que o vírus se espalhe por uma grande área geográfica, com doentes não apenas em Xangai, mas também nas províncias de Zhejiang, Jiangsu e Anhui. 

Continua depois da publicidade

Com os temores do mercado aumentando, observou-se uma fuga de capitais dos países asiáticos, com exceção do Japão, que anunciou na véspera uma política monetária bastante agressiva. O volume das bolsas de Hong Kong foram 34% acima da média das últimas 30 sessões.

Além dos temores com a gripe asiática, as sinalizações de que a bolha chinesa existe e está aumentando, conforme apontado pelo megainvestidor George Soros, também afetaram o mercado, apesar de reiterar que o governo chinês possui os instrumentos para lidar com ela. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.