Grandes bancos estrangeiros demitem traders e “contratam” robôs

UBS demite funcionário que operava derivativos, mas não é o primeiro: Barclays, Credit Suisse e Goldman Sachs já fizeram o mesmo

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Grandes bancos de Wall Street estão demitindo seus traders e colocando algorítmos no lugar, reportou a Bloomberg. A última instituição a fazer isso é o UBS, o maior banco suíço, que demitiu David Gallers, chefe de trading de CDS (Credit Default Swaps), colocando um algorítmo utilizando modelos matemáticos para definir compras e vendas, antes comandadas pelo trader. 

Esses trabalhadores recebiam cerca de US$ 2 milhões de pagamentos anuais, e estão sendo trocados por programas de computador – que são chamados de “futuro do mercado” tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. O UBS não é o primeiro a fazer esse tipo de troca: Barclays, Credit Suisse e Goldman Sachs já demitiram profissionais para usarem robôs em operações nesses segmentos. 

O algorítmo do UBS pode negociar cerca de US$ 300 milhões em uma única transição e está operando desde o último mês. O programa pode decidir os preços a pagar e receber por transação de acordo com uma série de variáveis do mercado que ele pode interpretar. 

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O algorítmo, que não custa mais que alguns milhares de dólares para ser desenvolvido, responde à liquidez do mercado, buscando lucrar com os spreads dentro e operações. Esse tipo de estrutura não é unanimidade, com o Barclays desligando o seu robô na Europa, destacando que as condições ainda não são propícias para esse tipo de mecanização.

Ele é uma forma mais barata de operar do que um profissional do ramo, que ganhava cerca de US$ 250 mil em salário e US$ 1,75 milhão em bônus. Traders como Gallers geralmente precisavam fechar duas operações ao mesmo tempo por telefone – uma de compra e uma de venda – sendo naturalmente mais lerdo do que o robô. 

Com isso, a profissão “trader” em grandes bancos, deve começar a ficar mais rara – e os profissionais do ramo podem se preparar para ter problemas em se adaptar à situação, já que as novas regulações impostas no mercado norte-americano incentivam a utilização de robôs como uma consequência imprevista.

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Isso ocorre mesmo sem a vontade dos reguladores, que não gostam desse tipo de trading desde 1987 – quando a bolsa dos Estados Unidos teve sua maior queda diária, em um movimento causado pelo HFT (High Frequency Trading). Robôs também foram responsáveis pelo “Flash Crash“, causado em maio de 2010.